Jorge Pedro Sousa, Universidade Fernando Pessoa[1]
Este trabalho procura
contribuir para o conhecimento das imagens da Galiza que foram construídas e difundidas
pela imprensa portuguesa no final do segundo milénio. A pesquisa teve, assim, por objectivo delinear essas
imagens enquanto indicadores e índices das relações entre Portugal e a Galiza
na transição para o século XXI. A
principal hipótese a testar no estudo foi a seguinte: se existe uma
convergência de interesses e um aprofundamento das relações entre a Galiza e
Portugal, particularmente entre a Galiza e o Norte de Portugal, e se existe um
aumento recíproco do interesse que os seus habitantes nutrem uns pelos outros,
então os meios jornalísticos não poderão deixar de fazer eco dessa situação.
Citando Marques de Melo et
al. (1999: 5), "(...) a investigação sobre a contribuição do jornalismo a
um processo de integração entre países deve estar direccionada a detectar os
personagens e acontecimentos considerados suficientemente interessantes,
significativos e relevantes para serem transformados em notícias." Nesta linha, tendo em conta o objectivo do
trabalho e a principal hipótese a testar, sistematizei várias perguntas de
investigação e determinei as variáveis correspondentes a avaliar, conforme se
expressa no quadro seguinte.
Research questions |
Variáveis |
× Qual é a relevância da
informação sobre a Galiza? |
× Quantidade de informação
(número de artigos, média por edição, espaço ocupado) |
× Quais são os temas que
predominam na informação sobre a Galiza? |
× Tema genérico (secção de
inserção) e tema específico da peça |
× Qual é o grau de
dependência que os órgãos de comunicação social manifestam em relação à
Agência Lusa e a outras agências no que respeita às informações sobre Galiza? × Qual é o grau de
protagonismo dos órgãos de comunicação social e dos seus colaboradores na
recolha e processamento da informação sobre a Galiza? |
× Serviço informativo a
quem a peça é atribuída × Peças de produção própria
(correspondentes, colaboradores, enviados, etc.) |
× Qual é a quantidade de
peças sobre a Galiza que se geram no país e fora do país? |
× Procedência da peça × Serviço informativo a
quem a peça é atribuída |
× Qual ou quais são os
agentes/protagonistas da informação sobre a Galiza? × Qual é o grau de
pluralismo na informação sobre a Galiza? |
× Fontes citadas e número
de orações atribuídas a cada fonte |
× Qual é a relevância
jornalística concedida às peças sobre a Galiza? |
× Número de chamadas à
primeira página |
× Quais os géneros
jornalísticos e as tipologias discursivas que dominam na informação sobre a
Galiza? |
× Géneros jornalísticos × Peças predominantemente descritivas, documentais, analíticas e
opinativas/argumentativas |
× Existe equilíbrio ou
desequilíbrio geográfico nas peças sobre a Galiza? |
× Localidades mencionadas
nas peças |
Uma vez que a informação
sobre a Galiza englobava quase unicamente textos e fotografias[2],
neste estudo apenas me debruço sobre essas duas facetas do discurso
jornalístico impresso. No que respeita à análise do discurso
especificamente fotojornalístico sobre a Galiza, adaptei, para nortear a
pesquisa, as perguntas de investigação referentes à informação textual,
conforme revela o quadro a seguir inserido.
Research questions |
Variáveis |
× Qual é a relevância da
informação fotográfica sobre a Galiza? |
× Quantidade de fotografias
(número de fotos, espaço ocupado) |
× Quais são os temas que
predominam na informação fotográfica sobre a Galiza? × Qual ou quais são os
agentes/protagonistas da informação fotográfica sobre a Galiza? × Qual é o grau de
pluralidade informativa na informação fotográfica sobre a Galiza? |
× Conteúdo principal das
fotos × Personalidades
representadas nas fotografias (protagonismo) |
× Qual é o grau de
dependência que os jornais manifestam em relação à Agência Lusa e a outras
agências no que respeita à informação fotográfica sobre a Galiza? × Qual é o grau de
protagonismo dos jornais e dos seus colaboradores na recolha e processamento
da informação fotográfica sobre a
Galiza? |
× Serviço informativo a
quem a foto é atribuída × Fotos de produção própria
(correspondentes, colaboradores, enviados, etc.) |
× Existe equilíbrio ou
desequilíbrio geográfico nas fotos sobre a Galiza? |
× Localidades fotografadas |
Como as variáveis a avaliar
se prestam à aplicação de métodos quantitativos, concedi prioridade
metodológica à análise quantitativa do discurso. Para efectuar esta análise, a informação foi, normalmente,
contabilizada em número de peças e em cm2, conforme é habitual neste
tipo de pesquisa (cf. Marques de Melo et. al., 1999: 4; cf. Marques de Melo,
1972), sendo classificada por categorias definidas a priori. Para efeitos de aferição do número de peças,
apenas considerei as peças jornalísticas; do mesmo modo, apenas considerei o
espaço ocupado pelas peças de cariz jornalístico, desprezando o espaço ocupado
por publicidade -ainda que predominantemente
de cariz informativo- e propaganda, bem como o
espaço ocupado por cartas ao director.
Há ainda a destacar que para a definição das categorias para a análise
de conteúdo tomei em consideração que essa mesma análise procuraria responder
às perguntas de investigação formuladas.
Parece-me
notório que a definição de grande parte das categorias para análise
quantitativa do discurso é clara e habitual[3]
neste tipo de pesquisa. Desta forma, em
meu entender não é necessário traduzir em que consistem exaustivamente todas as
categorias per si, nomeadamente quando as categorias se referem:
·
às chamadas à primeira página (as chamadas à primeira página definem a
categoria);
· à
secção do jornal onde a peça surge (neste caso, a secção -que
geralmente corresponde a uma editoria da redacção- define a categoria);
·
aos temas específicos da informação (o tema da informação define a
categoria);
·
às fontes (o tipo de fonte define a categoria);
· à
produção da peça (quem produz a peça define a categoria);
· e
às localidades mencionadas nas peças (as localidades mencionadas definem
a categoria).
A
explicitação das categorias que, em meu entender, possam oferecer dúvidas,
surge no quadro a seguir inserido.
Categorias |
Explicitação |
Peças sobre a Galiza
|
Peças jornalísticas que
abordem exclusivamente acontecimentos ocorridos na Galiza, personalidades
galegas, problemáticas que tenham surgido na Galiza, ideias geradas por
galegos, etc. |
Peças sobre
Galiza - Portugal |
Peças jornalísticas que
abordem acontecimentos que envolvam simultaneamente a Galiza e Portugal,
mesmo que também envolvam outros países, pessoas individuais e colectivas dos
dois países, acções de pessoas individuais e colectivas de um dos países no
outro país, etc. |
Peças sobre
Galiza - Outros
Países |
Peças jornalísticas que,
sem se referirem a Portugal, abordem acontecimentos que envolvam
simultaneamente a Galiza e outros países (incluindo o resto de Espanha),
pessoas individuais e colectivas da Galiza e outros países, acções de pessoas
individuais e colectivas da Galiza noutro país e vice-versa, etc. |
Ângulo
dominante das peças com menção à Galiza na amostra: peças neutras |
Peças jornalísticas cujo
ângulo dominante ou tema é tendencialmente neutro em relação à Galiza ou
peças jornalísticas em que existe um certo equilíbrio entre as partes da peça
cujo ângulo é potencialmente negativo para a Galiza e as partes da peça cujo
ângulo é potencialmente positivo para a Galiza. A título de comentário, a distribuição das peças por categorias
referentes ao ângulo dominante pode ser vista como um tanto ou quanto
subjectiva e, em certas peças, pode efectivamente sê-lo. Mas se uma peça, por exemplo, fala de uma
reunião inócua do governo galego, ela pode considerar-se, em meu entender,
como sendo tendencialmente neutra. |
Ângulo
dominante das peças com menção à Galiza na amostra: peças positivas para a
Galiza |
Peças jornalísticas cujo
ângulo dominante ou tema é tendencialmente positivo em relação à Galiza,
como, por exemplo, uma notícia respeitante à adopção de medidas de defesa da
floresta, uma reportagem sobre a pujança empresarial galega, etc. |
Ângulo
dominante das peças com menção à Galiza na amostra: peças negativas para a
Galiza |
Peças jornalísticas cujo
ângulo dominante ou tema é tendencialmente negativo em relação à Galiza,
como, por exemplo, notícias respeitantes ao tráfico de droga na Galiza e aos
clãs de traficantes galegos, etc. |
Ângulo
dominante das peças com menção à Galiza na amostra: peças positivas para a
imagem das relações Portugal - Galiza |
Peças jornalísticas cujo
ângulo dominante ou tema contribua para o estreitamento das relações entre
Portugal e a Galiza, como uma notícia sobre o estabelecimento de um acordo
comercial, uma notícia sobre a construção de uma ponte, etc. |
Ângulo
dominante das peças com menção à Galiza na amostra: peças negativas para a
imagem das relações Portugal - Galiza |
Peças jornalísticas cujo
ângulo dominante ou tema tenda a prejudicar as relações entre Portugal e a
Galiza, como um editorial criticando as afirmações de um governante ou outro
responsável de um dos países sobre o outro país. |
Géneros
jornalísticos: nota/notícia breve |
Relato sucinto e
descritivo de um acontecimento, geralmente não tendo mais de dois ou três
parágrafos curtos, com ou sem citações directas e/ou parafraseadas de outras
fontes que não o jornalista, e que traz informação nova. |
Géneros
jornalísticos: notícia desenvolvida ou reportagem |
Relato desenvolvido e
aprofundado de um acontecimento, em geral predominantemente descritivo,
embora possa ter facetas analíticas e até opinativas, e que possui,
geralmente, citações directas e/ou parafraseadas de outras fontes que não o
jornalista. Admitiram-se nesta
categoria diversos géneros de reportagem: reportagem retrospectiva de
acontecimento, reportagem de acção, reportagem de personalidade ou perfil,
etc. As notícias desenvolvidas e
reportagens normalmente trazem informação nova, mas, por vezes, recuperam
informação antiga para contextualizarem os assuntos e permitem-se apontar
pistas quanto às suas consequências. |
Géneros
jornalísticos: entrevista |
Peça jornalística
susceptível de permitir a um ou mais entrevistados dirigirem-se directamente
ao leitor através das respostas que dão às perguntas de um jornalista, embora
o jornalista oriente a entrevista em função das perguntas que coloca, de
forma a trazer a público informação nova e pertinente. Admitiram-se nesta categoria diversos
géneros de entrevista: por um lado, entrevistas em
"pergunta-resposta" ou em "discurso indirecto"; por outro
lado, entrevistas de declarações, entrevistas de personalidade,
entrevistas-inquérito, etc.
Geralmente, na entrevista é o entrevistado e não o jornalista que está
em foco, pelo que a maior parte do texto tem origem no primeiro. |
Géneros
jornalísticos: peça de opinião ou análise |
Peças jornalísticas
interpretativas cuja maioria das orações é de teor analítico ou opinativo,
sendo, portanto, normalmente artigos de opinião ou análise, editoriais,
etc. Geralmente, são peças que não
trazem informação nova, antes se debruçam sobre dados conhecidos que ainda
não tenham sido interpretados e correlacionados. |
Géneros
jornalísticos: peça documental |
Peças jornalísticas que
funcionam como background informativo e documental para notícias,
reportagens, entrevistas, etc. Por
exemplo, uma cronologia dos factos históricos que antecederam determinado
acontecimento pode considerar-se uma peça documental, tal como, por exemplo,
uma peça que descreva as armas de exércitos ou forças policiais. |
Géneros
jornalísticos: outro tipo ou tipologia mista |
Peças jornalísticas que
misturam diferentes tipologias. Por
exemplo, uma reportagem pode integrar uma cronologia histórica dos factos que
antecederam o acontecimento, etc. |
Peça
essencialmente descritiva ou documental |
Peça jornalística onde a
maior parte das orações é descritiva, isto é, serve para descrever alguma
coisa, como um facto, um acontecimento ou uma ideia. Também se incluíram aqui as citações
(directas ou sob a forma de paráfrase), uma vez que citar alguém é
transcrever aquilo que foi dito dizendo-se quem o disse, o que pode ser
considerado uma forma de descrição. |
Peça
essencialmente analítica |
Peça jornalística
interpretativa onde a maior parte das orações é analítica, isto é, onde a
maior parte das orações serve para interpretar dados factuais, afirmações,
etc. que são disponibilizados sob uma forma descritiva e rigorosa. A análise pode considerar-se, segundo
Pinto (1997), como estando a meio caminho entre a descrição e a opinião, pois
a análise baseia-se sempre em factos, que são rigorosamente interpretados e a
partir dos quais se extraem conclusões.
A análise não tem, necessariamente, uma intenção persuasiva e
privilegiadamente argumentativa, tal e qual como acontece num artigo
científico. Numa análise,
interpretam-se e relacionam-se dados de forma rigorosa e precisa,
estruturam-se e organizam-se informações, orientando assim o leitor, como
acontece quando se interpretam os resultados de um inquérito ou de uma
sondagem no jornalismo de precisão. |
Peça
essencialmente opinativa |
Peça jornalística
interpretativa e argumentativa, elaborada com intuitos essencialmente
persuasivos, onde a maior parte das orações é de cariz opinativo. A opinião distingue-se da análise, na
óptica de Pinto (1997), porque as opiniões não necessitam de se fundamentar
em factos precisos e rigorosos. A
opinião pode, inclusivamente, ser de cariz especulativo e livre. |
Fonte de
informação explícita |
A fonte é expressamente
identificada. |
Fonte de
informação implícita |
A fonte não é
expressamente identificada, mas consegue-se identificá-la sem que paire
qualquer dúvida no espírito do leitor (por exemplo, por já ter sido
referenciada na peça). Não deve,
portanto, ser confundida com uma fonte anónima, pois o discurso é produzido
por uma fonte identificável, embora esta não seja denominada. |
Número de
aparições de uma fonte numa peça |
Número de vezes que uma
fonte informativa é referida, explícita ou implicitamente, numa peça, sem que
haja lugar a interrupções significativas no seu discurso por outra fonte,
mesmo que se trate do jornalista.
Como é óbvio, só foram contabilizadas aparições de uma entidade quando
ela funcionou efectivamente como fonte de informação. Por outras palavras, não foram
contabilizadas as simples referências a entidades, mas unicamente as
referências a entidades que funcionam como fontes de informação. |
Além das variáveis a aferir,
outros motivos levaram-me a conceder prioridade metodológica à análise
quantitativa do discurso, nomeadamente o rigor que ela introduz na pesquisa e o
facto de:
"Ao invés de entrevistar o leitor sobre os seus hábitos de leitura, utiliza-se o processo inverso, ou seja, analisar aquilo que é oferecido ao leitor, assumindo que aquilo que o leitor lê no jornal da sua escolha reflecte suas atitudes e valores em relação ao facto noticiado[4]. (...)
Outra vantagem deste tipo de pesquisa é o facto de
trabalhar com valores essencialmente quantificáveis, definidos por categorias
estabelecidas e comprovadas em estudos similares. Desta forma, a colecta de dados é baseada na mensuração de textos
e as conclusões expressas em forma numérica, o que facilita o cruzamento de
informações e a elaboração de tabelas e gráficos explicativos, além de permitir
com facilidade a reavaliação e comprovação de todo o projecto ou parte
dele." (Marques de Melo et al.,
1999: 4)
Torna-se imprescindível
salientar que não foram classificados dados em várias das categorias de análise
quantitativa do discurso definidas a
priori. Para facilidade da
apreensão dos dados, essas categorias não surgem nas tabelas de resultados
inseridas neste trabalho. Nessas
tabelas apenas surgem as categorias de análise nas quais foram classificadas
informações. Por este motivo, as
tabelas não traduzem a minúcia com que foram definidas as categorias de análise
e, portanto, também não traduzem a extensão da pesquisa. Por exemplo, foram definidas a priori quase uma centena de categorias
para se classificarem as peças em função do seu tema específico, mas as tabelas
de resultados foram construídas tendo unicamente em conta as categorias em que
foram classificadas peças, pois de outra maneira surgiriam dezenas de células
em branco. Do mesmo modo, e igualmente
a título exemplificativo, a responsabilidade pela produção das peças foi
distribuída por cerca de trinta categorias, englobando as principais agências
noticiosas e outros órgãos jornalísticos do mundo, incluindo da Galiza, de
Portugal, dos Estados Unidos e da América Latina. Mas só foram mencionadas na tabela as categorias nas quais se
classificaram dados. Se não o fizesse,
as tabelas teriam, algo despropositadamente, dezenas de células em branco,
tornando-se de leitura difícil.
Uma vez que, face aos meios disponíveis, seria impossível analisar toda a imprensa portuguesa, seleccionei para estudo jornais e revistas de informação geral tanto quanto possível representativos de diferentes modalidades de imprensa, englobando na amostra jornais e revistas de grande circulação e jornais de expressão regional ou local no Norte do país.
No caso da imprensa regional
e local, tentei seleccionar um diário nortenho não sedeado no Porto (Diário
do Minho) e, para avaliar a importância da proximidade geográfica enquanto
critério de noticiabilidade, um semanário regional tradicional sedeado próximo
da fronteira galega (Falcão do Minho) e um semanário local tradicional
sedeado numa povoação mais afastada da fronteira (o Jornal de Santo Thyrso,
de Santo Tirso). No que respeita à
imprensa de grande circulação (tendo em conta que, quando falo de "grande
circulação", penso unicamente no panorama da leitura de jornais em
Portugal), seleccionei todos os jornais e revistas com tiragens superiores a 50
mil exemplares (excepto no caso da Grande Reportagem, que teve tiragens
inferiores). Segundo os dados da Associação Portuguesa Para o Controle de Tiragem[5],
a circulação média diária dos jornais e revistas de grande circulação
analisados, durante os três primeiros trimestres de 1999, foi a seguinte:
- Grande Reportagem: 48.500 exemplares (Janeiro de 1999);
- Visão: 80.397 exemplares;
- Expresso: 143.726 exemplares;
- Jornal de Notícias: 112.919 exemplares;
- Correio da Manhã: 76.845 exemplares;
- Diário de Notícias: 57.307 exemplares;
- Público: 53.715 exemplares;
A
tiragem média do Jornal de Santo Thyrso,
em 1999, ascendeu, segundo o proprietário, a cerca de três mil exemplares por
edição. Por sua vez, o Falcão do Minho, segundo a ficha técnica, tirou, em 1999,
uma média de 14 mil exemplares por edição.
Nos casos do Diário de
Notícias, Jornal de Notícias e Público, que têm edições
diferenciadas para o Norte e o Sul do país, seleccionei para análise as edições
Porto/Norte.
Categorizando os jornais
seleccionados, pode fazer-se a seguinte sistematização:
A) Jornais de grande
circulação
a) Jornais diários de
referência, qualidade ou "elite"
- Diário de Notícias (jornal
centenário, sedeado em Lisboa; possui, no entanto, uma delegação de dimensão
significativa no Porto);
- Público (jornal nascido no início dos
anos 90, sedeado em Lisboa; possui, também, uma redacção de dimensão
significativa no Porto).
b) Jornais diários de orientação "popular"[6]
- Jornal de Notícias (jornal centenário tradicional do Norte, sedeado no Porto; possui, igualmente, uma delegação de dimensão significativa em Lisboa);
- Correio da Manhã (jornal nascido nos anos 80, sedeado em Lisboa e com penetração quase exclusiva no Sul do país; a sua delegação no Porto tem uma dimensão relativamente reduzida).
c) Semanários
- Revista Visão (revista semanal surgida nos anos 90, de algum modo sucessora do semanário O Jornal, com penetração em todo o território nacional; tem sede em Lisboa, mas tem delegação no Porto; em 1999, a Visão foi a única revista semanal de informação geral e grande circulação publicada durante todo o ano em Portugal);
- Jornal Expresso (semanário de formato clássico, surgido no início dos anos 70, no período anterior à revolução que conduziu Portugal à democracia (25 de Abril de 1974); tem sede em Lisboa, mas possui uma redacção de dimensão significativa no Porto; de algum modo, o Expresso é a "instituição" do jornalismo português, particularmente no que respeita ao jornalismo político e económico).
B) Imprensa regional e local
- Diário do Minho (diário sedeado em Braga, com penetração em toda a região minhota);
- Falcão do Minho (semanário sedeado em Viana do Castelo, com penetração em toda a orla costeira minhota);
- Jornal de Santo Thyrso (semanário tradicional de circulação local, sedeado em Santo Tirso, pequena cidade próxima do Porto).
O estudo baseou-se numa
amostra construída de 26 números (metade das semanas do ano) de cada jornal
diário[7]
e de doze números (um jornal por mês) do jornal Expresso e da revista Visão[8]. Estudei também todos os números da revista
mensal de grande informação Grande
Reportagem. Portanto, gostaria de relembrar que os dados
recolhidos dizem unicamente respeito à amostra de jornais e revistas
analisados, pelo que as imagens da Galiza na imprensa portuguesa de grande
circulação podem ser diferentes daquelas que aqui ficam registadas. Contudo, estou convencido de que a forma
como construí a amostra permitiu-me obter resultados fidedignos enquanto
índices da situação geral, se exceptuarmos o destaque dado ao turismo
religioso, já que 1999 foi o Ano Santo Xacobeo.
Sempre que tal iniciativa
foi aceite, foi feita uma entrevista complementar a responsáveis editoriais dos
órgãos de comunicação social estudados, através da qual se procuraram
explicações para os resultados obtidos com a análise quantitativa. Procurei, ainda, relacionar os dados obtidos
com a rede[9]
que os órgãos de comunicação social portugueses lançam na Galiza para
"capturar" os acontecimentos, levando em linha de conta que, em 1999,
os jornais e revistas analisados que possuíam correspondentes na Galiza eram
unicamente o Jornal de Notícias (correspondentes em Vigo e Santiago de
Compostela) e o Falcão do Minho (colaboradores regulares em Tui,
Santiago de Compostela, Vigo e Corunha).
Entre os jornais e revistas
que publicaram informação sobre a Galiza, só o jornal Falcão do Minho e
o Diário do Minho apresentavam uma organização noticiosa diferente. O Diário do Minho assemelhava-se a um
jornal de grande circulação, excepto na estrutura da redacção, que, em 1999,
não estava organizada em editorias (existia uma redacção global). Por outro lado, enquanto o Diário do
Minho e os jornais e revistas de circulação nacional analisados estão
dotados de redacções profissionais (onde trabalham dezenas ou mesmo mais de uma
centena de jornalistas, divididos por editorias e delegações), possuem redes de
colaboradores no país e, por vezes, no estrangeiro, subscrevem o serviço de uma
ou mais agências noticiosas, portuguesas e estrangeiras, têm serviços de agenda
e secretariado para apoio aos jornalistas e inserem-se em grandes grupos
empresariais, o Falcão do Minho é um pequeno jornal de expressão local,
que apenas tem cerca de vinte páginas de formato tablóide por número, e onde
apenas trabalham dois jornalistas profissionais. Portanto, trata-se de um jornal feito, essencialmente, por
pessoas que procuram fazer jornalismo por paixão, não sendo esta a sua ocupação
principal. O seu conteúdo é produzido
essencialmente por colaboradores espalhados pelos vários concelhos minhotos,
predominantemente na orla Atlântica, e pela Galiza. Trata-se, também, de um jornal que segue, normativa e
funcionalmente, o modelo de hierarquização e organização da redacção dos
restantes jornais analisados, possuindo um director, um director-adjunto e um
chefe de redacção. No entanto, à semelhança
do Diário do Minho, e ao contrário dos outros jornais sob estudo, o Falcão
do Minho não está dividido em editorias nem tem editores de área, embora
também se apresente nos quiosques dividido em
secções. Os colaboradores do Falcão
do Minho têm, portanto, ao contrário dos jornalistas profissionais dos
grandes jornais, uma grande liberdade na escolha dos temas que abordam. Deste modo, a construção da agenda no Falcão
do Minho é um processo que resulta predominantemente da interacção de cada
colaborador com o seu meio social próximo, enquanto nos grandes jornais a
construção da agenda depende de múltiplos factores frequentemente estudados
pela Teoria da Notícia (vd. Sousa, 2000), como as informações provenientes das
fontes institucionais, as pressões externas, os resultados dos estudos de
marketing, etc., além, obviamente, das sugestões dos próprios jornalistas
(particularmente importantes no Expresso). No entanto, o chefe de redacção do Falcão do Minho, José
Passos Campainha, assegura[10]
que é ele e a direcção do jornal que têm a última palavra sobre o que é
publicado e o que é excluído. Segundo a
mesma fonte, o Falcão do Minho trabalha quase exclusivamente com a
Agência Lusa de Informação, mas geralmente "apenas aproveita a informação
com impacto regional e local".
Para interpretar os dados
recolhidos na pesquisa, baseei-me em vários conceitos estruturantes,
fundamentais e fundacionais da Teoria da Notícia. Assim, além da ideia de rede de captura de acontecimentos (news
net), de Tuchman (1978), apliquei, na interpretação dos resultados da
pesquisa, os conceitos de pesquisadores como Galtung e Ruge (1965) ou Wolf (1987) sobre o processo de fabrico das
notícias (newsmaking). Por
exemplo, se existe um processo de (re)aproximação entre Portugal (particularmente
o Norte do país) e a Galiza, as notícias que representam esse processo na
imprensa resultam, em princípio, de um processo de fabrico no seio do qual
interagem, entre outros factores, critérios de noticiabilidade capazes de
adicionar aos acontecimentos um valor susceptível de os tornar notícia
(valores-notícia), por exemplo:
- Proximidade;
- Interesses nacionais, particularmente se
existirem confrontos (desvio à norma) ou problemáticas;
- Intensidade e significância dos
acontecimentos dentro do contexto em que a imprensa portuguesa está imersa;
- Número de pessoas envolvidas nos
acontecimentos;
- Consequências e evolução possível dos
acontecimentos, particularmente daqueles que já foram objecto de notícia;
- Estatuto das personalidades envolvidas nos
acontecimentos.
Finalmente, registo que no levantamento bibliográfico que fiz em Portugal, não encontrei quaisquer trabalhos sobre o tema tratado nesta pesquisa. Portanto, julgo que o presente trabalho é original.
2. Eixos
fundamentais das relações entre Portugal e a Galiza: visto de Portugal
Portugal e a Galiza estão historicamente ligados desde tempos imemoriais. O Norte de Portugal confunde-se tanto com a Galiza que os romanos denominavam toda a região de Gallaecia. Ambas as regiões fizeram parte das mesmas províncias, condado e reinos até aos séculos XII - XIII. Na actualidade, fala-se mesmo da Euro-Região Norte de Portugal-Galiza, de tal forma estas entidades são convergentes e reciprocamente penetrantes. Há até portugueses que chamam ao Norte de Portugal Galiza do Sul. As raízes históricas comuns talvez continuem, afinal, a ser mais relevantes do que a centenária separação fronteiriça entre Portugal e Espanha.
O estreitamento de relações entre Portugal e a Galiza, particularmente entre o Norte de Portugal e a Galiza, desenvolveu-se, após séculos de separação fronteiriça, com a democratização peninsular dos anos setenta do século XX, com a descentralização administrativa de Portugal e de Espanha e com a adesão de ambos os países à União Europeia. A Junta da Galiza, no quadro da Espanha das Autonomias, encontrou um parceiro na Comissão de Coordenação da Região Norte, embora este último órgão careça de legitimidade democrática, já que não é eleito. Recorde-se, inclusivamente, que a proposta de regionalização de Portugal foi reprovada em referendo nacional pelos portugueses, pelo que dificilmente a Junta da Galiza poderá vir a encontrar no Norte de Portugal, pelo menos nos tempos mais próximos, um parceiro com idênticos poderes e idêntica legitimidade. Mesmo assim, este obstáculo não tem impedido a reaproximação entre Portugal e a Galiza, que é impulsionada pela proximidade geográfica e acelerada pelos motores da história, da língua e da economia. De facto, do meu ponto de vista, o quadro de relacionamento entre Portugal e a Galiza tem, efectivamente, sido traçado em torno de dois factores essenciais: o político-económico e o cultural-linguístico. Poderia ainda adicionar um outro factor, o educativo, já que são cada vez mais os portugueses que optam pela Galiza para prosseguirem os seus estudos de graduação e pós-graduação.
Começando pela proximidade cultural e linguística, deve salientar-se que até à Idade Média português e galego eram indistintos, ou seja, eram uma mesma língua, o galaico-português. Porém, o traçado de fronteira entre Portugal e Espanha fez com que de um e outro lado da fronteira a língua seguisse linhas evolutivas diferentes, tendo desembocado no galego e no português. O tempo, contudo, não apagou algumas das semelhanças entre os dois idiomas, o que tem funcionado como um factor catalítico para as relações entre a Galiza e Portugal. Assiste-se, mesmo, a uma redescoberta da língua portuguesa na Galiza e do galego em Portugal (particularmente no Norte do país), através das trocas culturais, com a música à cabeça. No entanto, sendo a Galiza parte de Espanha, o castelhano sobrepôs-se ao galego como língua de utilização comum. O galego chegou, inclusivamente, a ser proibido em vários períodos da história, nomeadamente durante o franquismo. Por isso, quando se normativizou o galego, foi adoptada, por imposição do poder político, uma norma de padrão castelhano, contrariando não só os que desejavam adoptar o português como padrão ortográfico para o galego mas também aqueles que pretendiam uma norma intermédia, na qual se manteriam as idiossincrasias do galego dentro de um quadro normativo que recuperaria os elementos fundamentais do português. Pode, provavelmente, dizer-se que, com esta norma, o galego caminha para uma situação de dialectização face ao castelhano. No entanto, esta opção talvez venha a colocar em causa, futuramente, a própria sobrevivência da língua galega, que talvez pudesse ser melhor assegurada no quadro da Lusofonia, como vários linguistas, académicos e intelectuais galegos desejam, devido à convergência linguística do galego com o português.
Doutro ponto de vista, a economia tem impulsionado o processo de aproximação política entre a Galiza e Portugal, particularmente entre a Galiza e o Norte de Portugal. São já fortes os laços que se estabeleceram entre municípios, organismos estatais e organizações não-governamentais de um e outro lado da fronteira. Depois de muitos anos de afastamento, as estradas e auto-estradas, as pontes e outras infra-estruturas de que beneficiaram o Norte de Portugal e a Galiza não teriam sido lançadas tão céleres se as ligações comerciais e os movimentos transfronteiriços de pessoas não o tivessem tornado obrigatório. Portugal é, hoje, segundo o presidente da Comissão de Coordenação da Região Norte, Braga da Cruz[11], o segundo destino das exportações galegas, podendo mesmo vir a tornar-se o primeiro num futuro próximo, superando a França. O Observatório Urbano do Eixo Atlântico, organismo que associa dezoito cidades nortenhas e galegas que integram o Eixo Atlântico, divulgou que a taxa de crescimento das exportações galegas para Portugal atingiu, em 1999, 35%, enquanto que para a França foi de apenas 16%. Estes números demonstram a vitalidade do espaço Euro-Regional que se vai constituindo entre o Norte de Portugal e a Galiza, beneficiando do capital de vizinhança e identidade cultural que marca positivamente a relação entre ambas as regiões. É forte o desejo de comprometer as administrações regionais em projectos comuns de desenvolvimento. No entanto, os frutos desta relação privilegiada ainda não são tantos quantos os esperados.
3. Resultados e discussão
3.1 Análise quantitativa
A pesquisa conducente à obtenção de respostas para as perguntas de investigação formuladas e para o teste das hipóteses levantadas permitiu o levantamento de diversos dados quantitativos, que foram sistematizados nas tabelas a seguir inseridas. A este propósito, há algumas notas prévias a referir.
Em primeiro lugar, a revista Grande Reportagem e o Jornal de Santo Thyrso não são referenciados porque, nas edições analisadas, não publicaram qualquer matéria respeitante à Galiza, embora a Grande Reportagem tenha inserido várias matérias referentes a Espanha, algumas das quais bastante extensas. Este facto contrariou as minhas expectativas.
Em segundo lugar, não foram classificados dados em todas as categorias definidas a priori para a análise quantitativa. Portanto, para assegurar uma maior facilidade de leitura, na maior parte tabelas apenas são expressas as categorias nas quais foi classificada informação. Exceptuaram-se desta opção as tabelas em que me pareceu importante referenciar todas as categorias para se fazerem comparações.
Em terceiro lugar, é necessário realçar que na classificação das peças por temas específicos ocorreram vários problemas. Por exemplo, como classificar os Jogos do Eixo Atlântico? Em "Desportos e Desportistas (excluindo futebol)" ou em "Actividades Conjuntas de Municípios Galegos e Portugueses"? Neste caso, optou-se por classificar os Jogos na última das categorias referidas, devido à sua dimensão política e intermunicipal. Um segundo exemplo, também relacionado com o Eixo Atlântico: como classificar uma notícia sobre o 1º Encontro da Fundação do Observatório Urbano do Eixo Atlântico? Devido ao impacto macropolítico do encontro, optei por inserir a peça na categoria "Relações Políticas e Diplomáticas Galiza-Portugal", apesar de o Eixo Atlântico ser uma entidade intermunicipal. Esta dificuldade de categorização repetiu-se em várias outras ocasiões, em todos os jornais. De qualquer modo, creio que a análise qualitativa das peças, que inclui resumos das mesmas, compensa os problemas decorrentes da categorização.
Em quarto lugar, os resultados devem ponderar-se tendo em consideração que 1999 foi o Ano Santo Xacobeo e o ano em que o Benfica jogou dois jogos com o Celta de Vigo para a Taça UEFA. Portanto, os resultados relacionados, por um lado, com turismo religioso e peregrinações, Santiago de Compostela em geral, festivais, espectáculos, etc., e, por outro lado, com futebol, podem estar inflacionados em relação ao que é habitual.
Em quinto lugar, por vezes a classificação das fontes ofereceu algumas dúvidas. Por exemplo, como categorizar cidadãos comuns protegidos pelo anonimato, que são identificados com as iniciais do nome e/ou com a idade e a profissão? Numa reportagem do Público sobre a Quinzena de Misticismo do Arrábida Shopping, evento que contou com a presença de vários esotéricos, quiromantes, adivinhos, astrólogos e outros profissionais galegos do ramo, são citados vários clientes portugueses. Estes são identificados pela idade e profissão, mas a sua identidade é protegida, sendo apenas usadas as iniciais do seu nome. Neste caso, como noutros similares, classifiquei as fontes como "cidadãos comuns" e não como "fontes anónimas", já que estes cidadãos, apesar de serem fontes anónimas, foram citados por serem clientes dos místicos galegos.
Em sexto lugar, nem todos os jornais partilham o nome das secções (à excepção de Economia ou Desporto, por exemplo). Por vezes, as próprias redacções têm editorias com nomes diferenciados de jornal para jornal. No jornal Correio da Manhã, as notícias nem sequer se apresentam sob a denominação de determinadas categorias, embora a divisão temática do espaço seja visível. Por isso, para efeitos deste trabalho, optei por denominar as secções pelos nomes mais usuais, classificando as peças de acordo com estas denominações. Por exemplo, as peças da secção "De Norte a Sul" do Jornal de Notícias foram classificadas em "Local". Este esforço de sistematização foi importante para se poderem fazer comparações.
Nas tabelas abaixo, nas células com quatro valores, se outra coisa não for dita, os dois primeiros números dizem respeito ao número de peças e respectiva percentagem enquanto o terceiro e o quarto números dizem respeito ao espaço ocupado por informação e respectiva percentagem. Os valores foram arredondados à unidade, no caso do espaço ocupado em cm2, e às décimas, no caso das percentagens e das médias. A única excepção a esta regra ocorreu quando os valores encontrados foram muito pequenos. Nestas ocasiões, apresentam-se os valores sem arredondamentos ou com arredondamentos às centésimas ou inferiores.
SITUAÇÃO
NOS JORNAIS DIÁRIOS
Tabela 1
Relevância da
informação sobre a Galiza na amostra
(em número de
peças e espaço ocupado pelas peças, em cm2)
|
Jornal
de Notícias |
Correio
da Manhã |
Diário
de Notícias |
Público |
Diário
do
Minho* |
Total
de peças e espaço total ocupado por informação |
5.074 1.992.155 cm2 100% |
4.614 1.225.526 cm2 100% |
4.412 1.326.780 cm2 100% |
3.402 1.320.008 cm2 100% |
2.244 599.384 cm2 100% |
Peças
sobre a Galiza e Galiza - Outros Países (excluindo Portugal) |
10 0,2% 4.689 0,2% |
4 0,09% 1.315 0,1% |
1 0,02% 442 0,03% |
0 0% 0 0% |
4 0,2% 3.977 0,7% |
Peças
sobre Galiza - Portugal |
42 0,8% 18.650 0,9% |
23 0,5% 6.721 0,5% |
16 0,4% 4.123 0,3% |
10 0,3% 3.088 0,2% |
13 0,6% 3.349 0,6% |
Totais
de informação com referências à Galiza |
52 1% 23.339 1,2% |
27 0,6% 8.036 0,6% |
17 0,4% 4.565 0,3% |
10 0,3% 3.088 0,2% |
17 0,8% 7.326 1,2% |
Média
das peças por edição com
informação com referências à Galiza |
2 |
1 |
0,7 |
0,4 |
0,7 |
Média
do espaço
ocupado por
edição com
informação com referências à Galiza |
897,6
cm2 |
309 cm2 |
175,6
cm2 |
118,8
cm2 |
318,5
cm2 |
Percentagens
da informação sobre a Galiza e Galiza/Portugal na informação com referências
à Galiza (em
n.º de peças) |
Galiza
e Galiza-
Outros Países (excluindo Portugal) 19,2% Galiza-Portugal 80,8% |
Galiza
e Galiza-
Outros Países (excluindo Portugal) 14,8% Galiza-Portugal 85,2% |
Galiza
e Galiza-
Outros Países (excluindo Portugal) 5,9% Galiza-Portugal 94,1% |
Galiza
e Galiza-
Outros Países (excluindo Portugal) 0% Galiza-Portugal 100% |
Galiza
e Galiza-
Outros Países (excluindo Portugal) 23,5% Galiza-Portugal 76,5% |
Percentagens
da informação sobre a Galiza e Galiza/Portugal na informação com referências
à Galiza (em
cm2) |
Galiza
e Galiza-
Outros Países (excluindo Portugal) 20% Galiza-Portugal 80% |
Galiza
e Galiza-
Outros Países (excluindo Portugal) 16,4% Galiza-Portugal 83,6% |
Galiza
e Galiza-
Outros Países (excluindo Portugal) 9,7% Galiza-Portugal 90,3% |
Galiza
e Galiza-
Outros Países (excluindo Portugal) 0% Galiza-Portugal 100% |
Galiza
e Galiza-
Outros Países (excluindo Portugal) 54,3% Galiza-Portugal 45,7% |
*Devido a impossibilidade de
consulta dos jornais previamente seleccionados, apenas foram analisados 23
números do Diário do Minho (1999), alguns dos quais fora das datas
inicialmente previstas: 04/01; 19/01; 03/02; 19/02; 26/02; 13/03; 12/04; 27/04;
12/05; 27/05; 05/06; 28/06; 05/07; 20/07; 03/08; 18/08; 01/09; 10/09; 11/10;
25/10; 09/11; 24/11; 10/12.
Tendo a amostra em consideração, é possível dizer que, em termos absolutos, existe pouca informação sobre a Galiza na imprensa diária portuguesa de grande circulação. Das 19.746 peças contabilizadas na amostra, que ocupavam 6.463.853 cm2, apenas 123 (0,6%), ocupando 46.354 cm2 (0,7%), se referiam à Galiza. Em termos relativos, a situação é variável. O Jornal de Notícias, por exemplo, publicou uma média de duas peças diárias com informação com referências à Galiza. Estas duas peças ocupavam, em média, 897,6 cm2, o que equivale a uma peça com 29,96 cm de lado. Mas o Público publicou somente uma média diária de 0,4 peças com informação relacionada com a Galiza, que ocupavam, em média, 118,8 cm2, o equivalente a uma peça com apenas 10,9 cm de lado. Aliás, a imprensa considerada como sendo "popular", neste caso o JN e o Correio da Manhã, a avaliar pela amostra, tem mais informação sobre a Galiza do que a imprensa considerada como sendo "de elite" (Público e Diário de Notícias). Também o Diário do Minho, apesar de possuir uma vocação regional, aparentemente cobre mais a Galiza do que a imprensa "de elite".
Os dados da tabela permitem igualmente concluir que a proximidade entre o local da sede de um jornal e a Galiza influencia a quantidade de informação sobre este país que é publicada. O Diário do Minho, sedeado em Braga, e o Jornal de Notícias, sedeado no Porto, foram os jornais que dedicaram, em média, mais espaço informativo à Galiza (embora o Correio da Manhã tenha publicado mais peças por edição do que o Diário do Minho). A proximidade revela-se, deste modo, como um critério de noticiabilidade influente para os jornais diários portugueses, quando se trata de cobrir a Galiza.
Os dados da tabela demonstram também que a Galiza tende a ser notícia apenas quando é associada a temáticas e acontecimentos que impliquem Portugal e/ou portugueses. De facto, das 123 peças publicadas que faziam referências à Galiza, só 19 (15,4%), ocupando 10.423 cm2 (22,5%), não se referiam também a Portugal ou a portugueses. Estes números demonstram que a Galiza, só por si, tende a não se impor, em termos informativos, à imprensa diária portuguesa. Os dados contrariam as expectativas de quem esperava que a proximidade entre a Galiza e Portugal e a vitalidade dos laços económicos, políticos e culturais que ligam os dois países gerasse mais informação.
O fenómeno atrás descrito assume proporções mais relevantes na imprensa nacional "de elite" do que na imprensa "popular". De facto, o Público não publicou qualquer peça com informação exclusivamente sobre a Galiza nos jornais analisados. O Diário de Notícias ficou-se apenas por uma peça. No entanto, o Jornal de Notícias publicou dez peças (19,2% do total de peças com referências à Galiza, que ocupavam 20% do espaço dedicado a esta Autonomia), tendo o Correio da Manhã publicado quatro (14,8% do total de peças com referências à Galiza, que ocupavam 16,4% do espaço dedicado a este país). O Diário do Minho, o único periódico regional diário que integrou a amostra, embora tenha inserido apenas quatro peças sobre a Galiza (contra 13 sobre Galiza - Portugal), consagrou mais espaço à informação exclusivamente sobre a Galiza (54,3%) do que sobre a Galiza e Portugal (45,7%).
A tabela 1 demonstra, finalmente, que o periódico nacional mais apropriado para obtenção de informação sobre a Galiza é o Jornal de Notícias, o grande diário do Norte de Portugal. Uma em cada cem peças e 1,2% do espaço do JN, a avaliar pela amostra, referem-se à Galiza, ainda que, geralmente, a informação esteja associada a Portugal. O facto de o JN ter correspondentes em Santiago de Compostela e Vigo, conforme demonstram as tabelas 18 e 19, não será alheio a esta situação. Julgo, efectivamente, poder dizer que a proximidade, enquanto critério de valor-notícia, e a rede de captura de acontecimentos que o Jornal de Notícias lança no espaço funcionam quando se trata de produzir e difundir informação sobre a Galiza.
Tabela 2
Chamadas à
primeira página de informação sobre a Galiza na amostra
(em número de
chamadas)
|
Jornal
de Notícias |
Correio
da Manhã |
Diário
de Notícias |
Público |
Diário
do
Minho |
Total
de chamadas |
127 100% |
139 100% |
156 100% |
203 100% |
146 100% |
Chamadas
sobre a Galiza e Galiza - Outros Países (excluindo Portugal) |
1 0,8 |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
2 1,4% |
Chamadas
sobre a Galiza e Portugal |
1 0,8% |
2 1,44% |
0 0% |
0 0% |
1 0,7% |
Média
de chamadas por edição com referência à Galiza |
0,08 |
0,08 |
0 |
0 |
0,1 |
Os dados da tabela 2 demonstram que raramente a Galiza constitui matéria de primeira página na imprensa portuguesa. Este fenómeno parece ser particularmente relevante no Público e no Diário de Notícias, apesar de serem considerados os jornais diários de "elite". Pelo contrário, na chamada "imprensa popular" (Correio da Manhã e Jornal de Notícias) encontram-se mais referências de primeira página à Galiza. Estes dados reforçam uma das grandes linhas de interpretação dos dados da tabela 1: a imprensa "de elite", ao contrário da imprensa "popular", concede pouca atenção à Galiza.
Esta tabela reforça também a ideia de que a imprensa regional sedeada próximo da fronteira tem uma sensibilidade noticiosa especial para com a Galiza: o Diário do Minho fez três referências de primeira página à Galiza (das quais duas se referiam exclusivamente a esta Autonomia) em apenas 23 edições analisadas, o que corresponde a uma média de 0,1 referências por edição (o que equivale a dizer que, em média, de dez em dez números do DM a Galiza é chamada à primeira página).
Tabela 3
Ângulo dominante
das peças com referências à Galiza na amostra
(em número de
peças e espaço ocupado pelas peças, em cm2)
|
Jornal
de Notícias |
Correio
da Manhã |
Diário
de Notícias |
Público |
Diário
do
Minho |
Totais |
52 23.339 cm2 100% |
27 8.036 cm2 100% |
17 4.565 cm2 100% |
10 3.088 cm2 100% |
17 7.326 cm2 100% |
Peças
tendencialmente neutras para a imagem da Galiza e das relações Portugal -
Galiza |
10 19,2% 7.084 30,3% |
10 37% 2.667 33,2% |
5 29,4% 2.244 49,2% |
2 20% 453 14,7% |
4 23,5% 819 11,2% |
Peças
tendencialmente negativas para a imagem da Galiza |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Peças
tendencialmente positivas para a imagem da Galiza |
5 9,6% 2.821 12,1% |
3 11,1% 1.245 15,5% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
4 23,5% 3.977 54,3% |
Peças
tendencialmente positivas para a imagem das relações Portugal -
Galiza |
34 65,4% 12.812 54,9% |
13 48,1% 4.014 50% |
10 58,8% 2.068 45,3% |
8 80% 2.635 85,3% |
9 53% 2.530 34,5% |
Peças
tendencialmente negativas para a imagem das relações Portugal -
Galiza |
3 5,8% 622 2,7% |
1 3,7% 110 1,4% |
2 11,8% 253 5,5% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Os dados expostos na tabela 3 mostram que, tendo a amostra em consideração, a imagem da Galiza projectada pela imprensa portuguesa, sem excepções, tende a ser positiva ou neutra. Em concreto, só 4,9% das peças publicadas, que ocupavam 2,1% do espaço informativo com referências à Galiza, davam um cunho negativo à imagem das relações entre Portugal e a Galiza; inversamente, 69,9% das peças, que ocupavam 69,3% do espaço informativo dedicado à Galiza, davam uma imagem positiva da Galiza ou das relações entre Portugal e a Galiza. Este carácter positivo da informação sobre a Galiza deve-se, no entanto, mais às temáticas das peças do que às características do enunciado, conforme é possível verificar pela análise qualitativa do discurso, igualmente realizada (ponto 3.2).
É de relevar que não se encontraram na amostra peças que dessem uma má imagem da Galiza e que raramente se encontraram peças que emprestam alguma negatividade à imagem das relações entre Portugal e a Galiza. Aliás, este tipo de peças apenas se encontrou no Jornal de Notícias, no Correio da Manhã e no Diário de Notícias.
Tabela 4
Secção de
inserção das peças sobre a Galiza e Galiza - Outros Países na amostra
(em número de
peças e espaço ocupado pelas peças, em cm2)
|
Jornal
de Notícias |
Correio
da Manhã |
Diário
de Notícias |
Público |
Diário
do
Minho |
Totais |
10 4.689 cm2 100% |
4 1.315 cm2 100% |
1 442 100% |
0 0 cm2 100% |
4 3.977 cm2 100% |
Internacional |
1 10% 654 13,9% |
0 0% 0 0% |
1 100% 442 100% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Desporto |
5 50% 2.793 59,5% |
3 75% 1.245 94,7% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Cultura,
espectáculos, media |
3 30% 1.195 25,5% |
1 25% 70 5,3% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 25% 141 3,6% |
Local |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 25% 372 9,3% |
Outra secção |
1 10% 47 0,9% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
2 50% 3.464 87,1% |
A tabela 4 demonstra que a informação sobre a Galiza inserida na designada "imprensa popular" (Jornal de Notícias e Correio da Manhã) se relacionou, principalmente, com Desporto (devido ao interesse com que em Portugal se segue a Liga Espanhola de futebol) e com Cultura/Espectáculos. O Diário de Notícias publicou a sua única peça sobre a Galiza e Galiza-Outros Países na secção Internacional, até porque se tratava de uma notícia desenvolvida sobre as alianças eleitorais que se adivinhavam em Espanha.
O Diário do Minho não pode ser analisado de igual para igual com os diários nacionais, até porque não possui as mesmas secções. Por isso, a maior parte da informação sobre a Galiza (peças sobre o Xacobeo) surgiu em "Outra Secção". De qualquer modo, é interessante notar que uma das notícias sobre a Galiza publicadas no Diário do Minho surgiu na secção Local, o que evidencia a proximidade com que o Minho vê a Galiza.
Tabela 5
Secção de
inserção das peças sobre Galiza - Portugal na amostra
(em número de
peças e espaço ocupado pelas peças, em cm2)
|
Jornal
de Notícias |
Correio
da Manhã |
Diário
de Notícias |
Público |
Diário
do
Minho |
Totais |
42 18.650
cm2 100% |
23 6.721 cm2 100% |
16 4.123 cm2 100% |
10 3.088 cm2 100% |
13 3.349
cm2 100% |
Política/ Nacional |
4 9,5% 1.960 10,5% |
6 26,1% 1.746 26% |
1 6,3% 512 12,4% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Economia |
3 7,1% 1.777 9,5% |
1 0% 507 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Sociedade |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
3 18,8% 623 15,1% |
1 10% 195 6,3% |
0 0% 0 0% |
Cultura,
espectáculos, media |
10 23,8% 3.738 17,4% |
4 17,4% 407 6,1% |
2 12,5% 439 10,6% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Desporto |
14 33,3% 8.384 45% |
9 39,1% 2.745 40,8% |
5 31,3% 1.499 36,4% |
2 20% 656 21,2% |
3 23,1% 523 15,6% |
Local |
11 26,2% 2.791 15% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
4 40% 1.437 46,5% |
8 61,5% 2.032 60,7% |
Outra secção |
0 0% 0 0% |
3 13% 1.316 19,6% |
4 25% 975 23,6% |
0 0% 0 0% |
2 15,4% 794 23,7% |
Suplementos regulares |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 6,3% 75 1,8% |
3 30% 800 25,9% |
0 0% 0 0% |
Observando a tabela 5 constata-se que todos os jornais inseriram uma grande quantidade de informação com referências simultâneas à Galiza e a Portugal na secção de Desporto. Este fenómeno decorre, principalmente, dos jogos efectuados entre o Benfica e o Celta de Vigo para a Taça UEFA, conforme se verificará adiante (ponto 3.2). No entanto, mostra também que o futebol pode ser um elemento importante da aproximação entre os povos.
É visível ainda que os jornais do Norte, Jornal de Notícias e Diário do Minho, inserem uma parte significativa da informação sobre a Galiza e Portugal na secção Local, no que são acompanhados pela edição Porto do Público. Este facto indicia, na minha opinião, a vitalidade das micro-relações que se estabelecem entre Portugal e a Galiza. Além disso, este dado mostra que a Galiza está tão próxima do Norte de Portugal que uma parte relevante da informação sobre este espaço geográfico pode categorizar-se como sendo de carácter local. As micro-relações, à escala local, fortalecem e dão consistência ao processo de reaproximação entre portugueses e galegos.
A informação sobre eventos culturais e espectáculos que envolveram portugueses e galegos foi particularmente relevante no Jornal de Notícias, a que se seguiu o Correio da Manhã e o Diário de Notícias. Público e Diário do Minho não inseriram quaisquer informações nesta secção. Estes dados contrariam as minhas expectativas, já que eu esperava que a imprensa "de elite" (Público e Diário de Notícias) inserisse mais informações nesta secção.
Igualmente ao contrário das minhas expectativas, é mais uma vez a imprensa "popular" (Jornal de Notícias, Correio da Manhã) a inserir mais informações sobre a Galiza e Portugal nas secções de Política/Nacional e de Economia.
Tema específico
dominante da informação sobre a Galiza e Galiza - Outros países (excluindo
Portugal)
(em número de
peças e espaço ocupado pelas peças, em cm2)
|
Jornal
de
Notícias |
Correio da
Manhã |
Diário de
Notícias |
Público |
Diário
do
Minho |
Total |
10 4.689 cm2 100% |
4 1.315 cm2 100% |
1 442
cm2 100% |
0 0
cm2 100% |
4 3.977 cm2 100% |
Eleições,
campanhas,
partidos, política
partidária |
1 10% 654 13,9% |
0 0% 0 0% |
1 100% 442 100% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Espectáculos
multifacetados, grandes festas e festivais (incluindo Xacobeo 99) |
1 10% 537 11,5% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
2 50% 513 12,9% |
Espectáculos
musicais, músicas
e músicos, concertos |
2 20% 457 9,7% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Literatura,
escritores, críticos
literários |
1 10% 248 5,3% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Turismo
religioso, peregrinações a Santiago, Xacobeo 1999 (componente religiosa e
histórica) |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
2 50% 3.464 87,1% |
Manifestações
culturais locais |
0 0% 0 0% |
1 25% 70 5,3% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Futebol,
futebolistas |
5 50% 2.793 59,5% |
3 75% 1.245 94,7% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
A tabela 6 vem reforçar as conclusões extraídas com a análise da tabela 4. Em concreto, os dados recolhidos mostram que o futebol, aparentemente, é o tema mais abordado pela imprensa "popular" portuguesa (Jornal de Notícias e Correio da Manhã) quando esta se reporta à Galiza. Todavia, este interesse talvez se possa ter devido à carreira particularmente brilhante que o Celta de Vigo e o Deportivo da Coruña tiveram na Liga Espanhola nas épocas de 1998/99 e 1999/2000. De qualquer maneira, a conclusão mais importante vem no seguimento dos dados gerais apresentados na tabela 1: existe pouca informação sobre a Galiza na imprensa portuguesa, sendo o Jornal de Notícias o periódico diário de expansão nacional que insere maior volume de informação sobre a Galiza. Porém, o noticiário deste jornal sobre a Galiza resume-se, aparentemente, a futebol e a eventos culturais. A política parece ser quase ignorada e a economia aparenta sê-lo ainda mais.
O Diário do Minho, provavelmente devido à sua inserção numa cidade ancestralmente marcada pela Igreja Católica, dedicou bastante atenção aos aspectos religiosos do Xacobeo 99, ao contrário do que, a avaliar pela amostra, ocorreu com os outros jornais.
Tema
específico dominante da informação
sobre Galiza -
Portugal
(em número de peças e espaço ocupado pelas
peças, em cm2)
|
Jornal de
Notícias |
Correio da
Manhã |
Diário de
Notícias |
Público |
Diário do
Minho |
Total |
42 18.650 cm2 100% |
23 6.721
cm2 100% |
16 4.123 cm2 100% |
10 3.088
cm2 100% |
13 3.349
cm2 100% |
Relações
políticas e diplomáticas Galiza-Portugal (visão positiva ou neutra),
cimeiras, reuniões |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 7,7% 358 10,7% |
Relações
macroeconómicas Galiza/Espanha-Portugal (visão positiva ou neutra) |
3 7,1% 1.262 6,8% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 7,7% 738 22% |
Relações
macroeconómicas Galiza/Espanha-Portugal (visão negativa), conflitos ou crises
nas relações macroeconómicas entre a Galiza e Portugal |
1 2,4% 342 1,8% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Relações
políticas e diplomáticas Galiza/Espanha-Portugal (visão negativa), cimeiras,
reuniões |
0 0% 0 0% |
1 4,3% 378 5,6% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
História
comum de Portugal e da Galiza/Espanha, balanços das relações históricas, etc. |
1 2,4% 302 1,6% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Actividades
autárquicas |
1 2,4% 106 0,6% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
2 15,4% 342 10,2% |
Relações
CCRN-Xunta de Galicia |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 7,7% 244 7,3% |
Projectos
transfronteiriços, infra-estruturas comuns, acessibilidades |
5 11,9% 1.780 9,5% |
1 4,3% 209 3,1% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Convénios,
acordos e actividades de organizações da sociedade civil galega ou portuguesa |
4 9,5% 824 4,4% |
0 0% 0 0% |
1 6,3% 153 3,7% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Protestos conjuntos
de organizações da sociedade civil galegas e portuguesas |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 7,7% 230 6,7% |
Fluxo
de recursos humanos galegos para Portugal recrutamento de galegos para
trabalho em Portugal (visão positiva ou neutra) |
0 0% 0 0% |
3 13% 1.363 20,3% |
1 6,3% 230 5,6% |
1 10% 195 6,3% |
1 7,7% 274 8,2% |
Êxitos
na luta contra o narcotráfico |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 6,3% 240 5,8% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Cooperação
policial galaico-portuguesa |
0 0% 0 0% |
1 4,3% 110 1,6% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Venda
de produtos agrícolas e similares portugueses na Galiza |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 6,3% 512 12,4% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Venda
de produtos agrícolas e similares galegos em Portugal |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 6,3% 118 2,9% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Investimentos
ou fluxos de capital, fusões e aquisições, dividendos, lucros das empresas,
promoção empresarial (sentido Portugal-Galiza) |
1 2,4% 708 3,8% |
0 0% 0 0% |
2 12,5% 421 10,2% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Futebol
e futebolistas (transferências, jogos, perfis...) |
11 26,2% 6.620 35,5% |
8 34,8% 2.299 34,2% |
5 31,3% 1.499 36,4% |
2 20% 656 21,2% |
2 15,4% 262 7,8% |
Desporto
e desportistas (excluindo futebol) |
3 7,1% 1.764 9,5% |
1 4,3% 446 6,6% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Cinema, teatro, actores |
3 7,1% 1.388 7,4% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Músicos,
dançarinos músicas,
dança, espectáculos musicais isolados, concertos |
2 4,8% 1.020 5,5% |
1 4,3% 40 0,6% |
0 0% 0 0% |
2 20% 719 23,3% |
0 0% 0 0% |
Artes
plásticas, arquitectura, artesanato, artistas,
exposições |
3 7,1% 738 4% |
1 4,3% 81 1,2% |
1 6,3% 246 6% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Espectáculos
multifacetados de média ou grande dimensão, festivais |
1 2,4% 335 1,8% |
1 4,3% 141 2,1% |
2 12,5% 439 10,6% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Espectáculos
de pequena dimensão, pequenas festas e festivais |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 7,7% 68 2% |
Literatura,
escritores, críticos literários |
1 2,4% 257 1,4% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 10% 81 2,6% |
0 0% 0 0% |
Turismo,
locais
turísticos,
viagens |
0 0% 0 0% |
1 4,3% 182 2,7% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Turismo
religioso, peregrinações |
2 4,8% 1.204 6,5% |
1 4,3% 540 8% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
3 23,1% 833 24,9% |
Computadores,
Internet, Novas
Tecnologias |
0 0% 0 0% |
1 4,3% 145 2,2% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Assuntos
de interesse humano não classificáveis noutras categorias, acontecimentos
raros, comportamentos curiosos dos animais, etc. |
0 0% 0 0% |
2 8,7% 787 11,7% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Astrologia,
esoterismo, magia, bruxaria, superstição, curandeiros, tarot, numerologia,
etc. |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 10% 770 24,9% |
0 0% 0 0% |
Outros
assuntos |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 6,3% 265 6,4% |
3 30% 667 14,2% |
0 0% 0 0% |
A tabela 7 mostra que o futebol teve particular relevância na cobertura que, em 1999, a imprensa portuguesa, no seu conjunto, concedeu aos acontecimentos que envolveram simultaneamente a Galiza e Portugal. Os jogos entre o Benfica e o Celta de Vigo contribuíram significativamente para este destaque.
Pode também dizer-se, pela análise da tabela 7, que a cobertura que a imprensa portuguesa, no seu conjunto, deu aos assuntos que implicaram simultaneamente a Galiza e Portugal foi tematicamente diversificada, com particular destaque para a imprensa "popular" (JN e Correio da Manhã). Assim, as notícias publicadas no Jornal de Notícias repartiram-se por quinze categorias temáticas, enquanto as publicadas no Correio da Manhã se repartiram por treze categorias. A seguir, em matéria de diversidade, surge o Diário de Notícias (peças inseridas em dez categorias temáticas), seguido do Diário do Minho (peças inseridas em nove categorias) e, finalmente, do Público (peças repartidas por seis categorias temáticas, embora em "Outros Assuntos" se incluíssem três notícias).
Entre outros factores de interesse que resultam da análise da tabela 7, parece-me que se podem sublinhar os seguintes pontos:
· O interesse manifestado pelo Jornal de Notícias em questões como os projectos transfronteiriços e as iniciativas da sociedade civil portuguesa e galega;
· O destaque, previsível, dado pelo Diário do Minho ao turismo religioso, associado ao Xacobeo 99, no que é seguido pelo JN, que sabe percepcionar o sentimento religioso do Povo português;
· A força que os eventos e produtos culturais têm no processo de aproximação entre a Galiza e Portugal, tal como é indiciado pela cobertura que a imprensa portuguesa, no seu conjunto, faz destas temáticas;
· O interesse com que a imprensa portuguesa seguiu o recrutamento de profissionais da saúde galegos para trabalharem em Portugal, muito embora pelo menos uma das notícias (sobre o recrutamento de enfermeiros galegos para trabalharem no Hospital da Feira) se tenha repetido em diferentes jornais, provavelmente devido à acção de "promotores" junto dos media;
· A cobertura um pouco inusitada que o Público fez de uma feira de misticismo num shopping de Vila Nova de Gaia, feira essa na qual participavam profissionais galegos do sector;
· A relativa e aparente falta de interesse com que são acompanhadas pela imprensa portuguesa as crescentes e intensas relações económicas e políticas entre a Galiza e Portugal.
Tabela 8
Género
jornalísticos aplicados nas peças sobre a Galiza e Galiza - Outros
países (excluindo Portugal)
(em número de
peças e espaço ocupado pelas peças, em cm2)
|
Jornal de
Notícias |
Correio
da
Manhã |
Diário de
Notícias |
Público |
Diário do
Minho |
Totais |
10 4.689
cm2 100% |
4 1.315 cm2 100% |
1 442
cm2 100% |
0 0
cm2 100% |
4 3.977 cm2 100% |
Nota/ notícia
breve |
2 20% 77 1,7% |
2 50% 144 11% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 25% 141 3,5% |
Notícia
desenvolvida |
8 80% 4.612 98,3% |
1 25% 277 21,1% |
1 100% 442 100% |
0 0% 0 0% |
1 25% 372 9,4% |
Reportagem |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
2 50% 3.464 87,1% |
Artigo de análise de
dados quantitativos |
0 0% 0 0% |
1 25% 894 67,9% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Analisando a tabela 9 podemos concluir que a cobertura da Galiza feita pela imprensa portuguesa em 1999 foi, geralmente, pouco profunda, baseando-se em notícias breves e desenvolvidas. Entre os jornais que constituíram a amostra, só no Diário do Minho, por força da abordagem do Xacobeo 99, se encontraram duas peças com cunho de reportagem.
Tabela 9
Género
jornalísticos aplicados nas peças sobre Galiza - Portugal
(em número de
peças e espaço ocupado pelas peças, em cm2)
|
Jornal de
Notícias |
Correio da
Manhã |
Diário de
Notícias |
Público |
Diário do
Minho |
Totais |
42 18.650 cm2 100% |
23 6.721
cm2 100% |
16 4.123
cm2 100% |
10 3.088
cm2 100% |
13 3.349
cm2 100% |
Nota/ notícia
breve |
15 35,7% 2.284 12,2% |
5 21,7% 419 6,2% |
1 6,3% 75 1,8% |
1 10% 81 2,6% |
3 23,1% 192 5,7% |
Notícia
desenvolvida |
18 42,9% 9.447 50,7% |
15 65,2% 5.140 76,5% |
13 81,3% 3.456 83,8% |
7 70% 1.995 64,6% |
7 53,8% 1.625 48,5% |
Reportagem |
1 2,4% 707 3,8% |
2 8,7% 953 14,2% |
0 0% 0 0% |
1 10% 770 24,9% |
3 23,1% 1.532 45,7% |
Entrevista |
3 7,1% 2.956 15,8% |
0 0% 0 0% |
1 6,3% 246 6% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Artigo
de análise de dados quantitativos (sondagem, inquérito, etc.) |
1 2,4% 1.084 5,8% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Coluna |
1 2,4% 236 1,3% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Artigo
|
1 2,4% 395 2,1% |
0 0% 0 0% |
1 6,3% 346 8,4% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Outro
tipo ou tipologia mista |
2 4,8% 1.541 8,3% |
1 4,3% 209 3,1% |
0 0% 0 0% |
1 10% 242 7,8% |
0 0% 0 0% |
Sobre a tabela 9 pode dizer-se o mesmo que se disse para a tabela 8, ou seja, a imprensa portuguesa fez, em 1999, uma cobertura essencialmente noticiosa e, portanto, com pouca contextualização e recuo, dos acontecimentos e temáticas que dizem respeito simultâneo à Galiza e Portugal (notícias breves ou desenvolvidas). O Jornal de Notícias, ainda assim, salientou-se dos restantes, já que baseou a cobertura numa gama relativamente ampla de géneros jornalísticos, onde se incluíam entrevistas, um artigo, uma coluna e uma pequena reportagem. São de salientar também as três reportagens publicadas pelo Diário do Minho.
Tabela 10
Tipo de texto
das peças sobre a Galiza e Galiza - Outros Países (excluindo
Portugal)
(em número de
peças e espaço ocupado pelas peças, em cm2)
|
Jornal de Notícias |
Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Diário do Minho |
Totais |
10 4.689 cm2 100% |
4 1.315 cm2 100% |
1 442 cm2 100% |
0 0 cm2 100% |
4 3.977 cm2 100% |
Peças maioritariamente
descritivas |
10 100% 4.689 100% |
2 50% 144 11% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
2 50% 513 12,9% |
Peças maioritariamente
analíticas |
0 0% 0 0% |
2 50% 1.171 89% |
1 100% 442 100% |
0 0% 0 0% |
2 50% 3.464 87,1% |
Peças maioritariamente
opinativas |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Os dados da tabela 10 revelam que a tipologia textual das peças sobre a Galiza publicadas na imprensa portuguesa em 1999 foi diversificada. Assim sendo, embora o Jornal de Notícias tenha publicado apenas peças de natureza maioritariamente descritiva, o Correio da Manhã e o Diário do Minho inseriram 50% de peças de natureza predominantemente analítica (que ocupavam, respectivamente, 89% e 87,1% do espaço informativo sobre a Galiza). Todavia, no Correio da Manhã as peças analíticas referiam-se todas a futebol (análise da Liga Espanhola), enquanto no Diário do Minho as peças de teor analítico se debruçavam todas sobre as peregrinações a Santiago de Compostela. Apenas o Diário de Notícias fez análise política (a peça mencionada na tabela dizia respeito à situação política pré-eleitoral em Espanha).
Tabela 11
Tipo de texto
das peças sobre Galiza - Portugal
(em número de
peças e espaço ocupado pelas peças, em cm2)
|
Jornal de Notícias |
Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Diário do Minho |
Totais |
42 18.650 cm2 100% |
23 6.721 cm2 100% |
16 4.123 100% |
10 3.088 cm2 100% |
13 3.349 cm2 100% |
Peças maioritariamente
descritivas |
33 78,6% 14.567 78,1% |
14 60,9% 3.147 46,8% |
15 93,8% 3.777 91,6% |
7 70% 1.960 63,5% |
11 84,6% 2.555 76,3% |
Peças maioritariamente
analíticas |
7 16,7% 3.452 18,5% |
9 39,1% 3.574 53,2% |
1 6,3% 346 8,4% |
3 30% 1.128 36,5% |
2 15,4% 794 23,7% |
Peças maioritariamente
opinativas |
2 4,8% 631 3,4% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Na imprensa portuguesa, a avaliar pela amostra estudada, a matriz textual da cobertura dos acontecimentos e temáticas que implicaram simultaneamente Portugal e a Galiza foi descritiva. Inclusivamente, a maior parte dos textos predominantemente analíticos, sobretudo na imprensa "popular", foram publicados na secção de desporto (análise de jogos, da situação dos clubes, das competições e campeonatos, etc.).
No Jornal de Notícias encontraram-se as duas únicas peças que apresentavam predominantemente texto opinativo.
Tabela 12
Número total de fontes de
informação explícitas nas peças sobre a Galiza e Galiza - Outros Países
(em número de fontes)
|
Jornal de Notícias |
Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Diário do Minho |
Total de fontes explícitas
citadas |
19 100% |
6 100% |
5 100% |
0 100% |
11 100% |
Fontes galegas |
8 42,1% |
1 16,7% |
0 0% |
0 0% |
6 54,5% |
Fontes portuguesas |
11 57,9% |
4 66,7% |
1 20% |
0 0% |
4 36,4% |
Fontes não identificáveis,
anónimas, internacionais ou de outra nacionalidade |
0 0% |
1 16,7% |
4 80% |
0 0% |
1 9,1% |
Conforme revelam os dados da
tabela 12, com excepção do Diário do Minho, os jornais citaram mais
portugueses do que galegos nas notícias sobre a Galiza e Galiza - Outros Países (excluindo Portugal). Embora entre as fontes citadas estejam
incluídos os próprios jornalistas que elaboraram as peças, normalmente
portugueses, esse facto pode indiciar que a imprensa portuguesa tem uma visão
etnocêntrica da Galiza e que há pouco espaço para os galegos se expressarem nas
notícias que lhes dizem respeito. As
peças ficam, assim, mais sujeitas ao desvio (bias).
É interessante notar que os
jornais do Norte (Diário do Minho e Jornal de Notícias) citam
mais galegos, provavelmente devido à proximidade (e à rede de correspondentes
que o JN possui na Galiza).
Tabela 13
Número total de fontes de
informação explícitas nas peças sobre Galiza - Portugal
(em número de fontes)
|
Jornal de Notícias |
Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Diário do Minho |
Total de fontes explícitas
citadas |
61 100% |
56 100% |
28 100% |
18 100% |
30 100% |
Fontes galegas |
22 36,1% |
8 14,3% |
2 7,1% |
7 38,9% |
8 26,7% |
Fontes portuguesas |
33 54,1% |
37 66,1% |
23 82,1% |
11 61,1% |
19 63,3% |
Fontes não identificáveis,
anónimas, internacionais ou de outra nacionalidade |
6 9,8% |
11 19,6% |
3 10,7% |
0 0% |
3 10% |
Pela análise da tabela 13 verificamos que a maior parte das fontes de informação encontradas nas peças sobre a Galiza e Portugal é portuguesa. Este facto vai ao encontro das minhas expectativas: era previsível que a facilidade de contactos e a proximidade influenciassem a selecção de fontes.
O desequilíbrio entre o número de fontes portuguesas e de fontes galegas citadas é notório em todos os jornais, com excepção do Público. Julgo que este dado permite reforçar a ideia de que a imprensa portuguesa faz uma cobertura relativamente etnocêntrica das notícias que implicam simultaneamente a Galiza e Portugal.
Tabela 14
Tipo e relevância das fontes usadas nas peças sobre a Galiza e Galiza - Outros países
(número de aparições nas peças e número de orações atribuídas à fonte)
Tipo de fonte |
Jornal de Notícias |
Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Diário do Minho |
O próprio jornalista,
colaborador ou correspondente |
18 54,5% 135 87,1% |
4 66,6% 39 95,2% |
2 33,3% 11 64,7% |
0 0% 0 0% |
11 55% 123 91,1% |
Partido político,
políticos em geral |
4 12,1% 4 2,6% |
0 0% 0 0% |
4 66,7% 6 35,3% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Sindicatos, uniões,
federações e confederações sindicais ou de trabalhadores, etc. |
0 0% 0 0% |
1 16,7% 1 2,4% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Organismos não
governamentais, organizações da sociedade civil |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 5% 2 1,5% |
Organizações religiosas,
religiosos |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 5% 2 1,5% |
Outros jornalistas, outros
meios de comunicação, agências de notícias, etc. |
8 24,2% 8 5,2% |
1 16,7% 1 2,4% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 5% 1 0,7% |
Intelectuais, artistas, escritores, etc. |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
4 20% 5 3,7% |
Outras fontes (inclui desportistas e
dirigentes desportivos)* |
3 9,1% 8 5,2% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
2 10% 2 1,5% |
Total |
33 155 100% |
6 41 100% |
6 17 100% |
0 0 100% |
20 135 100% |
Nota: o primeiro valor indicado nas células é o número de aparições do tipo de fonte nas notícias, sendo seguido pela respectiva percentagem; o terceiro valor refere-se ao número de orações atribuídas ao tipo de fonte nas notícias, sendo igualmente seguido pela respectiva percentagem.
*Por lapso, não foi originalmente criada uma categoria para desportistas e dirigentes desportivos, por isso esses profissionais, no decorrer da pesquisa, foram, por necessidade classificados na categoria "Outras Fontes".
Tabela 15
Tipo e relevância das fontes usadas nas peças sobre Portugal - Galiza
(número de aparições nas peças e número de orações atribuídas à fonte)
Tipo de fonte |
Jornal de Notícias |
Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Diário do Minho |
O próprio jornalista,
colaborador ou correspondente |
72 47,7% 475 67,8% |
65 54,2% 219 69,9% |
36 54,6% 126 60% |
29 50,9% 81 63,3% |
20 48,8% 78 56,1% |
Colunista |
1 0,7% 16 2,3% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Xunta de Galicia, Governo |
7 4,6% 11 1,6% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 2,4% 3 2,2% |
Funcionário superior, CCRN |
1 0,7% 1 0,1% |
2 1,7% 7 2,2% |
1 1,5% 7 3,3% |
0 0% 0 0% |
3 7,3% 11 7,9% |
Autarca |
2 1,3% 4 0,6% |
7 5,8% 12 3,9% |
0 0% 0 0% |
1 1,7% 1 0,8% |
4 9,8% 4 2,9% |
Funcionário local |
1 0,7% 2 0,3% |
1 0,8% 1 0,3% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 2,4% 3 2,2% |
Partido político,
políticos em geral |
4 2,6% 9 1,3% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Iniciativa privada,
empresários e industriais, etc. |
3 2% 12 1,7% |
0 0% 0 0% |
3 4,6% 7 3,3% |
0 0% 0 0% |
5 12,2% 8 5,7% |
Organismos não governamentais,
organizações da sociedade civil |
2 1,3% 3 0,4% |
1 0,8% 2 0,6% |
0 0% 0 0% |
3 5,7% 3 2,3% |
2 4,9% 9 6,5% |
Organizações religiosas,
religiosos |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
4 9,8% 22 15,8% |
Testemunhas, cidadãos
comuns, vítimas, etc. |
18 11,9% 69 9,8% |
9 7,5% 13 4,2% |
0 0% 0 0% |
8 14% 18 14,1% |
0 0% 0 0% |
Outros jornalistas, outros
meios de comunicação, agências de notícias, etc. |
2 1,3% 5 0,7% |
4 3,3% 4 1,3% |
1 1,5% 2 1% |
4 7,5% 5 3,9% |
1 2,4% 1 0,7% |
Intelectuais, artistas,
escritores, etc. |
9 6% 17 2,4% |
0 0% 0 0% |
13 19,7% 40 19% |
8 14% 11 8,6% |
0 0% 0 0% |
Escolas, universidades,
centros de investigação, investigadores, académicos, etc. |
6 4% 25 3,6% |
1 0,8% 2 0,6% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Organizações multinacionais (União Europeia, ONU,
NATO, etc.) |
2 1,3% 3 0,4% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Outras fontes (inclui desportistas e
dirigentes desportivos)* |
21 13,9% 49 7% |
30 25% 53 16,9% |
12 18,2% 28 13,3% |
4 7% 9 7% |
0 0% 0 0% |
Total |
151 701 100% |
120 313 100% |
66 210 100% |
57 128 100% |
41 139 100% |
Nota: o primeiro valor
indicado nas células é o número de aparições do tipo de fonte nas notícias,
sendo seguido pela respectiva percentagem; o terceiro valor refere-se ao número
de orações atribuídas ao tipo de fonte nas notícias, sendo igualmente seguido
pela respectiva percentagem.
*Não foi originalmente
criada uma categoria para desportistas e dirigentes desportivos, por isso esses
profissionais foram classificados na categoria "Outras Fontes".
Pela exploração dos dados expostos nas tabelas 14 e 15 somos levados a concluir que, em 1999, os jornalistas que produziram a informação sobre a Galiza foram também as principais fontes dessa mesma informação. Este facto pode evidenciar a tendência para a especialização que transparece do jornalismo actual, conforme evidenciaram autores como Pinto (1997), pois só jornalistas especializados, com elevado domínio das matérias de que tratam, podem enveredar por um jornalismo que se contrapõe ao "jornalismo de declarações" ou "jornalismo de citações". No entanto, os jornalistas, embora principais fontes da informação que eles mesmo produziram, nem sempre enveredaram pela análise, como seria de supor, ficando-se pela descrição, de acordo com os dados das tabelas 10 e 11.
É interessante notar que o poder político reparte as citações com outros agentes da sociedade, com destaque para os desportistas (incluídos em "Outras Fontes"), intelectuais e artistas, etc. Portanto, é possível dizer que a imprensa portuguesa incentivou uma certa polifonia no noticiário sobre a Galiza. Os empresários são pouco citados, mantendo um low profile que não corresponde ao seu protagonismo no campo das relações entre Portugal e a Galiza.
Tabela 16
Espaços
geográficos mencionadas nas peças sobre a Galiza e Galiza -
Outros Países (excluindo Portugal)
(em número de
menções)
|
Jornal de Notícias |
Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Diário do Minho |
Galiza como um todo |
3 15% |
2 40% |
1 7,7% |
0 0% |
4 14,8% |
Santiago |
1 5% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
14 51,9% |
Vigo |
7 35% |
1 20% |
0 0% |
0 0% |
1 3,7% |
La Coruña |
4 20% |
2 40% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Ourense |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Tui |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Outra localidade galega |
2 10% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Região ou regiões galegas |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Outras situações |
3 15% |
0 0% |
12 92,3% |
0 0% |
8 29,6% |
Total |
20 100% |
5 100% |
13 100% |
0 100% |
27 100% |
A tabela 16 mostra que os jornais não tiveram um comportamento uniforme no que respeita à "geografia" das notícias sobre a Galiza e Galiza - Outros Países. Vigo e La Coruña, por exemplo, são bastante enfatizados no Jornal de Notícias e no Correio da Manhã devido à atenção com que foi seguida pela "imprensa popular" a carreira do Deportivo da Coruña e do Celta de Vigo na Liga Espanhola, em 1999. Mas o destaque dado a Vigo no Jornal de Notícias também se prende com o interesse com que é seguida em Portugal a vida da maior cidade galega perto da fronteira, onde o JN tem, aliás, um correspondente.
A cidade de Santiago de Compostela é bastante referida no Diário do Minho por causa da cobertura do Xacobeo 99. No entanto, não se assiste, nos restantes jornais, a um enfoque privilegiado da sede do poder político galego.
O Diário de Notícias faz referências unicamente à Galiza como um todo (além de referenciar várias localidades e Autonomias do resto de Espanha). No global, poderá dizer-se que a cobertura noticiosa que a imprensa portuguesa fez da Galiza se centrou nos acontecimentos que ocorreram em algumas localidades específicas (Vigo, Coruña e Santiago de Compostela) ou em toda a Autonomia.
Tabela 17
Espaços
geográficos mencionados nas peças sobre Galiza - Portugal
(em número de
menções)
|
Jornal de
Notícias |
Correio da
Manhã |
Diário de
Notícias |
Público |
Diário do
Minho |
Galiza
como
um todo |
17 10,2% |
5 4,5% |
9 14,3% |
8 18,6% |
11 11,6% |
Santiago |
8 4,8% |
12 10,7% |
5 7,9% |
0 0% |
6 6,3% |
Vigo |
38 22,8% |
10 8,9% |
11 17,5% |
14 32,5% |
5 5,3% |
La
Coruña |
9 5,4% |
2 1,8% |
2 3,2% |
0 0% |
1 1,05% |
Tui |
4 2,4% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
1 1,05% |
Outra
localidade galega |
9 5,4% |
6 5,4% |
2 3,2% |
0 0% |
8 8,5% |
Região
ou regiões
da Galiza |
2 1,2% |
1 0% |
0 0% |
4 9,3% |
0 0% |
Portugal
como um todo |
4 2,4% |
1 0,9% |
2 3,2% |
0 0% |
7 7,4% |
Lisboa |
8 4,8% |
11 9,8% |
5 7,9% |
4 9,3% |
0 0% |
Porto |
5 3% |
4 3,6% |
3 4,8% |
7 16,3% |
4 4,2% |
Braga |
8 4,8% |
4 3,6% |
0 0% |
2 4,7% |
3 3,2% |
Viana
do Castelo |
4 2,4% |
1 0,9% |
0 0% |
1 2,3% |
3 3,2% |
Vila
Real |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
1 1,05% |
Minho |
9 5,4% |
4 3,6% |
2 3,2% |
3 7% |
2 2,1% |
Trás-os-Montes |
3 1,8% |
1 0,9% |
1 1,6% |
0 0% |
0 0% |
“Norte”,
Minho + Trás-os-Montes |
6 3,6% |
19 17% |
2 3,2% |
0 0% |
5 5,3% |
Região
ou regiões portuguesas (excluindo
anteriores) |
1 0,6% |
2 1,8% |
3 4,8% |
0 0% |
5 5,3% |
Capital
de distrito portuguesa (excluindo as anteriores) |
1 0,6% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
1 1,05% |
Outra
localidade portuguesa do Minho |
22 13,2% |
5 4,5% |
2 3,2% |
0 0% |
18 18,9% |
Outra
localidade portuguesa de Trás-os-Montes |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
3 3,2% |
Outra
localidade portuguesa |
7 4,2% |
6 5,4% |
3 4,8% |
0 0% |
4 4,2% |
Outras
situações |
2 1,2% |
18 16,1% |
11 17,5% |
0 0% |
7 7,4% |
Total |
167 100% |
112 100% |
63 100% |
43 100% |
95 100% |
Através da observação da tabela 17 podemos concluir que a imprensa portuguesa, no seu conjunto, não centralizou geograficamente a informação sobre a Galiza. As capitais (Santiago e Lisboa) não são os espaços mais referenciados, embora sejam dos espaços mais referenciados.
É preciso também notar que o número de referências a Vigo e a Lisboa foi inflacionado pela realização dos jogos entre o Benfica e o Celta de Vigo para a Taça UEFA.
O facto de o Jornal de Notícias possuir um correspondente em Vigo também terá contribuído para o elevado número de referências a esta cidade no JN. Porém, e cruzando os dados com os da tabela 16, também é possível dizer que o facto de o JN ter um correspondente em Santiago não aumentou significativamente o número de referências à capital galega.
Tabela 18
Produção das
peças sobre a Galiza e Galiza – Outros países (excluindo Portugal)
(em número de
peças e espaço ocupado, em cm2)
|
Jornal de
Notícias |
Correio da
Manhã |
Diário de
Notícias |
Público |
Diário do
Minho |
Totais |
10 4.689 cm2 100% |
4 1.315
cm2 100% |
1 442 cm2 100% |
0 0 cm2 100% |
4 3.977 cm2 100% |
Jornalista,
editorialista, colunista ou colaborador do jornal em Portugal |
1 10% 265 5,6% |
4 100% 1.315 100% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 25% 1.992 50,1% |
Correspondente
ou colaborador do jornal na Galiza |
6 60% 4.131 88,1% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Correspondente
do jornal em Espanha |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 100% 442 100% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Outra
situação |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 25% 1.472 37% |
Não
especificado nem directamente determinável |
3 30% 294 6,2% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
2 50% 513 12,9% |
A avaliar pelos dados da tabela 18, a maior parte da informação sobre a Galiza que, em 1999, foi publicada na imprensa portuguesa foi produzida pelos próprios jornais. Neste contexto, a imprensa portuguesa não revelou ter uma grande dependência de agências noticiosas ou de outros meios. No demais, os jornais portugueses tiveram um comportamento diferenciado quando cobriram acontecimentos relacionados com a Galiza e Galiza - Outros Países (excluindo Portugal). Embora todos eles, com excepção do Diário de Notícias, tenham publicado peças elaboradas por jornalistas em Portugal, o Jornal de Notícias salienta-se por ter aproveitado os serviços dos seus correspondentes na Galiza. Este aproveitamento permite um enfoque mais contextual, profundo e com conhecimento de causa dos acontecimentos e das temáticas que dizem respeito à Galiza.
Tabela 19
Produção das
peças sobre Galiza - Portugal
(em número de
peças e espaço ocupado, em cm2)
|
Jornal de
Notícias |
Correio da
Manhã |
Diário de
Notícias |
Público |
Diário do
Minho |
Totais |
42 18.650 cm2 100% |
23 6.721 cm2 100% |
16 4.123 cm2 100% |
10 3.088 cm2 100% |
13 3.349
cm2 100% |
Jornalista,
editorialista, colunista ou colaborador do jornal em Portugal |
18 42,9% 12.763 68,4% |
22 95,7% 6.353 94,5% |
9 56,3% 2.414 58,6% |
10 100% 3.088 100% |
2 15,4% 1.008 30,1% |
Enviado
do
jornal à
Galiza |
0 0% 0 0% |
1 4,3% 368 5,5% |
3 18,8% 775 18,8% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Correspondente
ou colaborador do jornal na Galiza ou em Espanha |
9 21,4% 3.678 19,7% |
0 0% 0 0% |
1 6,3% 346 8,4% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Agência
Lusa |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 6,3% 230 5,6% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Outra
situação |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 7,7% 520 15,5% |
Não
especificado nem
directamente determinável |
15 35,7% 2.209 11,8% |
0 0% 0 0% |
2 12,5% 358 8,7% |
0 0% 0 0% |
10 76,9% 1.821 54,4% |
É visível, atendendo à tabela 19, que os jornais portugueses dependeram essencialmente de si próprios para produzir o seu noticiário sobre a Galiza e Portugal. A imprensa portuguesa, no que respeita ao noticiário sobre a Galiza e Portugal, revela-se, deste modo, bastante independente das agências noticiosas ou de outros meios de informação nacionais, estrangeiros ou internacionais.
Os contributos dos correspondentes do Jornal de Notícias na Galiza foram relevantes na produção de informação sobre a Galiza e Portugal. O Diário de Notícias, por seu turno, apostou, por vezes, nas figuras do enviado e do correspondente. O Correio da Manhã também enviou uma ocasião um jornalista à Galiza. Ainda assim, a maior parte da informação sobre a Galiza e Portugal foi produzida neste último país.
Tabela 20
Relevância da
informação fotográfica com menção à Galiza na amostra
|
Jornal de
Notícias |
Correio da
Manhã |
Diário de
Notícias |
Público |
Diário do
Minho |
N.º
de peças com informação relativa à Galiza |
52 |
27 |
17 |
10 |
17 |
N.º
de fotografias em peças relativas à Galiza |
43 |
20 |
12 |
5 |
15 |
N.º
médio de fotografias por peça relativa à Galiza |
0,8 |
0,7 |
0,7 |
0,5 |
0,9 |
N.º
médio de fotografias em peças com informação relativa à Galiza por número do
jornal |
1,7 |
0,8 |
0,5 |
0,2 |
0,7 |
Espaço
ocupado por informação relativa à Galiza (cm2) |
23.339
cm2 |
8.036
cm2 |
4.565
cm2 |
3.088
cm2 |
7.326
cm2 |
Espaço
ocupado por informação fotográfica em peças relativas à Galiza (cm2) |
5.884
cm2 |
2.123
cm2 |
1.465
cm2 |
735
cm2 |
1.840
cm2 |
Média
do espaço ocupado em cada número por informação fotográfica em peças
relativas à Galiza (cm2) |
226,3
cm2 |
81,6
cm2 |
56,4
cm2 |
28,3
cm2 |
80
cm2 |
Percentagem
do espaço com informação relativa à Galiza ocupado por informação fotográfica
|
25,2% |
26,4% |
32,1% |
23,8% |
25,1% |
N.º
de fotos e espaço ocupado (cm2) por informação fotográfica em
peças sobre a Galiza e Galiza - Outros Países
(excluindo Portugal) |
13 1.479
cm2 |
1 173
cm2 |
1 190
cm2 |
0 0
cm2 |
9 1.474
cm2 |
Percentagem
do número de fotos sobre a Galiza e Galiza - Outros Países
(excluindo Portugal) e do espaço por elas ocupado no total de foto-informação
relativa à Galiza |
30,2% 25,1% |
5% 8,1% |
8,3% 13% |
0% 0% |
60% 80,1% |
N.º
de fotos e espaço ocupado (cm2) por informação fotográfica sobre
Galiza -
Portugal |
30 4.405
cm2 |
19 1.950
cm2 |
11 1.275
cm2 |
5 735
cm2 |
6 366
cm2 |
Percentagem
do número de fotos sobre Galiza - Portugal e do espaço
por elas ocupado no total de foto-informação relativa à Galiza |
69,8% 74,9% |
95% 91,9% |
91,7% 87% |
100% 100% |
40% 19,9% |
Embora, em termos absolutos, o Jornal de Notícias se tenha salientado dos restantes jornais, já que apresentou uma média de 226,3 cm2 de foto-informação sobre a Galiza por número, em consonância, aliás, com os dados gerais apresentados na tabela 1, em termos relativos todos os jornais inseriram uma percentagem relevante de informação fotográfica no espaço informativo com referências à Galiza. No mínimo, 23,8% do espaço informativo dedicado à Galiza (incluindo Galiza-Portugal) foi ocupado por imagens fotográficas (Público); mas no Diário de Notícias essa percentagem chega aos 32,1%.
É de salientar, igualmente, que, com exclusão do que aconteceu no Diário do Minho, a maior parte da foto-informação se refere a matérias que implicam simultaneamente a Galiza e Portugal. No Público, aliás, toda a foto-informação se reporta a acontecimentos que envolveram simultaneamente a Galiza e Portugal. Este facto, em princípio, resulta da proximidade: é mais fácil produzir foto-informação perto dos locais onde se encontram localizados os foto-repórteres.
O Jornal de Notícias (que foto-informativamente privilegiou os acontecimentos que envolveram a Galiza e Portugal) e o Diário do Minho (que foto-informativamente privilegiou os acontecimentos que envolveram unicamente a Galiza) foram os jornais que revelaram um comportamento mais balanceado na produção e difusão de informação fotográfica em peças com menção à Galiza.
Tabela 21
Secção de inserção das fotos
das peças sobre a Galiza e Galiza - Outros Países (excluindo
Portugal)
(em número de fotos e espaço
ocupado, em cm2)
|
Jornal de Notícias |
Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Diário do Minho |
Totais |
13 1.479 cm2 100% |
1 173 cm2 100% |
1 190 cm2 100% |
0 0 cm2 100% |
9 1.474 cm2 100% |
Internacional |
1 7,6% 248 16,7% |
0 0% 0 0% |
1 100% 190 100% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Local |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 11,1% 98 6,6% |
Desporto |
6 46,1% 857 57,9% |
1 100% 173 100% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Cultura, Espectáculos, Media |
6 46,1% 375 25,3% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Outra
secção |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
8 88,9% 1.376 93,4% |
*Consideram-se páginas editoriais aquelas que
são RESERVADAS EXCLUSIVAMENTE a artigos de opinião, coluna do Provedor do
Leitor, cartas ao director, cartoons, etc., sem integrarem informação geral.
Nota: nas células com quatro valores, os dois
primeiros dizem respeito ao número de fotos e respectiva percentagem; o
terceiro e quarto valores dizem respeito ao espaço ocupado pelas fotos e
respectiva percentagem.
Conforme seria de esperar,
cruzando os dados da tabela 21 com os da tabela 4 verificamos que a
distribuição por secções da foto-informação em peças com referências à Galiza
obedeceu ao mesmo padrão de distribuição da informação sobre a Galiza em
geral. Assim sendo, no Jornal de
Notícias a maior parte da foto-informação sobre a Galiza foi inserida nas
secções de Desporto e Cultura/Espectáculos; no Correio da Manhã a única
fotografia em peças sobre a Galiza surgiu, igualmente, na secção de Desporto;
no Diário de Notícias a única fotografia em peças sobre a Galiza surgiu
na secção Internacional.
O Diário do Minho não
pode ser comparado à imprensa nacional de grande circulação. Uma das fotografias em peças que se
reportavam à Galiza foi inserida na secção de informação Local, evidenciando os
laços que aproximam um e outro lado da fronteira. Mas as restantes surgiram em páginas especiais sobre o Xacobeo e
as peregrinações a Santiago de Compostela.
Tabela 22
Secção de inserção das fotos
das peças sobre Galiza - Portugal
(em número de fotos e espaço
ocupado, em cm2)
|
Jornal de Notícias |
Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Diário do Minho |
Totais |
30 4.405 cm2 100% |
19 1.950 cm2 100% |
11 1.275 cm2 100% |
5 735 cm2 100% |
6 366 cm2 100% |
Política/ Nacional |
3 10% 315 7,2% |
5 26,3% 588 30% |
2 18,2% 315 24,7% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Economia |
1 3,3% 217 4,9% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Sociedade |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 9,1% 35 2,7% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Local |
8 26,7% 900 20,4% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 20% 218 29,6% |
4 66,6% 233 63,7% |
Desporto |
13 43,3% 2271 51,5% |
11 57,9% 1.176 60,3% |
2 18,2% 330 25,9% |
2 40% 296 40,3% |
1 16,7% 22 6% |
Cultura, espectáculos, media |
5 16,7% 702 15,9% |
0 0% 0 0% |
1 9,1% 185 14,5% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Outra
secção |
0 0% 0 0% |
3 15,8% 192 9,7% |
4 36,4% 375 29,4% |
0 0% 0 0% |
1 16,7% 111 30,3% |
Suplementos regulares |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 9,1% 35 2,7% |
2 40% 221 30,1% |
0 0% 0 0% |
*Consideram-se páginas editoriais aquelas que
são RESERVADAS EXCLUSIVAMENTE a artigos de opinião, coluna do Provedor do
Leitor, cartas ao director, cartoons, etc., sem integrarem informação geral.
Nota: nas células com quatro valores, os dois
primeiros dizem respeito ao número de fotos e respectiva percentagem; o
terceiro e quarto valores dizem respeito ao espaço ocupado pelas fotos e
respectiva percentagem.
Observando a tabela 22
constata-se que, no global, a maior parte da foto-informação em peças que se
reportam simultaneamente à Galiza e a Portugal foi inserida na secção de
Desporto, o que vem reforçar as mensagens textuais desta mesma secção e
acentuar o carácter de espectacularidade e acção que se pode associar ao
jornalismo desportivo. Não se deve,
porém, deixar de assinalar que o número de fotografias na secção de Desporto
foi inflacionado pelas fotos da equipa do Benfica, que se preparava para o jogo
com o Celta de Vigo.
Uma análise jornal a jornal mostra algumas diferenças comportamentais entre eles, devido, provavelmente, à necessidade de corresponder às expectativas dos seus públicos-alvo, o que enfatiza a importância dos critérios relativos à audiência enquanto critérios de noticiabilidade.
Assim, a "imprensa
popular" (Jornal de Notícias e Correio da Manhã) editou a
maior parte da foto-informação na secção de Desporto. Mas os restantes jornais não puderam ignorar os jogos entre o
Benfica e o Celta, razão pela qual também inseriram foto-informação nas páginas
que dedicaram ao tema. O Jornal de
Notícias, que foi o jornal que mais informação sobre a Galiza ofereceu aos
seus leitores, inseriu ainda um número considerável de fotografias
jornalísticas noutros espaços, com destaque para as secções de informação Local
e Cultura/Espectáculos. Aliás, o Público
e o Diário do Minho também inserem fotografias jornalísticas nas secções
de informação Local, dando destaque às micro-iniciativas de carácter local que
aproximam Portugal e a Galiza e reforçando a ideia de proximidade entre os dois
países. No Diário de Notícias, a
maior parte das fotos repartiram-se equilibradamente pelas secções de
Política/Nacional e Desporto, embora tivesse sido inserido um número relevante
de fotos noutras secções (páginas especiais sobre o Museu e Parque de
Serralves, secção Boa Vida, etc.). No Público,
as fotos em peças que se reportavam à Galiza foram inseridas principalmente na
secção de Desporto e no suplemento sobre música e artes.
Tabela 23
Produção das fotos das peças
sobre e Galiza – Outros países (excluindo Portugal)
(em número de fotos e espaço
ocupado, em cm2)
|
Jornal de Notícias |
Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Diário do Minho |
Totais |
13 1.479 cm2 100% |
1 173 cm2 100% |
1 190 cm2 100% |
0 0 cm2 100% |
9 1.474 cm2 100% |
Produção própria |
4 30,8% 648 43,8% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
EPA |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 100% 190 100% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Associated Press |
3 23,1% 283 19,1% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Outra proveniência,
arquivo, produção não mencionada e direitos
reservados |
6 46,2% 548 37,1% |
1 100% 173 100% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
9 100% 1.4.74 100% |
Os jornais portugueses denotam uma maior incapacidade de produção própria de foto-informação do que de informação textual sobre a Galiza. Esta é a principal conclusão que se pode extrair da observação da tabela 23 e do cruzamento destes dados com os da tabela 18. De facto, os dados sistematizados na tabela 23 demonstram que, no que respeita à foto-informação sobre a Galiza, os jornais portugueses tiveram de se socorrer de agências noticiosas ou de outros meios. Provavelmente, este fenómeno decorre do desequilíbrio entre o número de foto-repórteres e de jornalistas-redactores nos jornais, pois os primeiros são sempre menos do que os segundos. Geralmente, os jornais também não possuem foto-repórteres como correspondentes, mas apenas jornalistas-redactores, o que contribui para o agravamento da incapacidade de produção fotojornalística própria quando os eventos ocorrem fora dos espaços privilegiados de cobertura.
Tabela 24
Produção das fotos das peças
sobre Galiza - Portugal
(em número de fotos e espaço
ocupado, em cm2)
|
Jornal de Notícias |
Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Diário do Minho |
Totais |
30 4.405 cm2 100% |
19 1.950 cm2 100% |
11 1.275 cm2 100% |
5 735 cm2 100% |
6 366 cm2 100% |
Produção própria |
23 76,7% 3.938 89,4% |
2 10,5% 575 29,5% |
6 54,6% 722 56,6% |
3 60% 514 69,9% |
2 33,3% 152 41,5% |
Associated Press |
3 10% 274 6,2% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Outra proveniência,
arquivo, produção não mencionada e direitos
reservados |
4 13,3% 193 4,4% |
17 89,5% 1.375 70,5% |
5 45,4% 553 43,4% |
2 40% 221 30,1% |
4 66,7% 214 58,5% |
A comparação entre a tabela
24 e a tabela 23 permite concluir que quando os acontecimentos ocorrem próximos
da sede ou principais delegações dos jornais aumenta a capacidade de produção
própria de foto-informação. Todos os
jornais apresentam números relevantes de produção própria de foto-informação
sobre Galiza - Portugal. É de registar, porém, que os jornais
analisados, sem excepção, publicaram quantidades igualmente importantes de
foto-informação cuja autoria não foi assinalada ou que era proveniente do
arquivo ou de outras fontes.
O Jornal de Notícias
foi o único jornal que inseriu fotografias de uma agência noticiosa (AP) entre
as fotografias das peças com informação sobre a Galiza e Portugal, talvez
porque as solicitações foram em número excessivo para o seu corpo de
foto-repórteres.
Tabela 25
Conteúdos principais das
fotos das peças sobre a Galiza e Galiza - Outros países (excluindo Portugal)
(em número de fotos e espaço
ocupado, em cm2)
|
Jornal de Notícias |
Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Diário do Minho |
Totais |
13 1.479 cm2 100% |
1 173 cm2 100% |
1 190 cm2 100% |
0 0 cm2 100% |
9 1.474 cm2 100% |
Governantes, membros da
Xunta da Galicia |
1 7,7% 248 16,7% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Políticos da oposição |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 100% 190 100% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Músicos |
5 38,5% 301 20,3% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Escritores e outros intelectuais |
1 7,7% 74 5% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Futebolistas, futebol |
6 46,2% 857 57,9% |
1 100% 173 100% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Actividades religiosas
católicas |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 11,1% 89 6% |
Património artístico,
objectos de arte |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 11,1% 89 6% |
Paisagem urbana:
património histórico |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
5 55,5% 1.118 75,8% |
Automóveis |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 11,1% 89 6% |
Outros conteúdos/ conteúdos não
categorizados |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 11,1% 89 6% |
Pode dizer-se, após análise
da tabela 25, que os jornais portugueses tiveram comportamentos diferenciados
no que respeita à cobertura fotojornalística dos acontecimentos que envolveram
simultaneamente Portugal e a Galiza. No
entanto, as fotografias, em cada jornal, contribuíram para reforçar as
mensagens transmitidas pelos textos. No
Diário do Minho, as fotos sobre a catedral de Santiago de Compostela e
edifícios da cidade e espalhados pelos Caminhos de Santiago (classificados, na
tabela, na categoria "Paisagem Urbana: Património Histórico")
contribuíram para salientar o pendor religioso das peças sobre as peregrinações
e o Xacobeo 99. No Jornal de
Notícias, as fotos acentuaram o interesse pelas peças sobre eventos
culturais e sobre futebol, embora não tivesse sido esquecida a dimensão
política da vida galega. O Público
não inseriu quaisquer peças categorizáveis em "Galiza e Galiza-Outros Países". Portanto, logicamente não surgem quaisquer
referências a este jornal na tabela. O Diário
de Notícias acentuou o seu carácter de jornal "de referência",
dando destaque fotográfico (e textual) à vida política espanhola. O Correio da Manhã, enquanto
representante da "imprensa popular", inseriu apenas uma fotografia,
categorizada em "Futebol e Futebolistas".
Tabela 26
Conteúdos principais das
fotos das peças sobre Galiza - Portugal
(em número de fotos e espaço
ocupado, em cm2)
|
Jornal de Notícias |
Correio da Manhã |
Diário de Notícias |
Público |
Diário do Minho |
Totais |
30 4.405 cm2 100% |
19 1.950 cm2 100% |
11 1.275 cm2 100% |
5 735 cm2 100% |
6 366 cm2 100% |
Encontros, cimeiras,
conferências, etc. políticas, político-económicas, diplomáticas, etc. |
4 13,3% 404 9,2% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Funcionários superiores |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 9,1% 159 12,5% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Empresários |
0* 0% 0* 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
2 33,3% 152 41,5% |
Congressos, feiras e
eventos similares |
0 0% 0 0% |
1 5,3% 69 3,5% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Músicos, dançarinos |
1 3,3% 111 2,5% |
0 0% 0 0% |
1 9,1% 185 14,5% |
2 40% 221 30,1% |
0 0% 0 0% |
Espectáculos de artes do
palco |
1 3,3% 231 5,2% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Futebol, futebolistas |
12 40% 1.509 34,2% |
8 42,2% 744 38,1% |
2 18,2% 330 25,9% |
2 40% 296 40,3% |
0 0% 0 0% |
Outros desportos e outros desportistas |
2 6,7% 455 10,3% |
2 10,6% 208 10,6% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Artes e expressão étnica,
artesanato, etc. |
2 6,7% 257 5,8% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Religiosos católicos |
0 0% 0 0% |
1 5,3% 120 6,1% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Pessoas comuns (visão
positiva) |
0 0% 0 0% |
1 5,3% 179 9,2% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Meio rural |
1 3,3% 150 3,4% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Hotéis e actividades turísticas |
1 3,3% 70 1,6% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Paisagem urbana:
património histórico |
4 13,3% 649 14,7% |
1 5,3% 137 7% |
1 9,1% 156 12,2% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Paisagem urbana: edifícios
governamentais |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 16,7% 103 28,1% |
Paisagem urbana em geral |
0 0% 0 0% |
2 10,6% 262 13,4% |
1 9,1% 35 2,7% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Infra-estruturas
(estradas, caminhos de ferro, pontes,
etc.) |
1 3,3% 220 5% |
1 5,3% 98 5% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 16,7% 50 13,7% |
Outros meios de transporte |
0 0% 0 0% |
1 5,3% 130 6,7% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Outros conteúdos/ conteúdos não categorizados |
1 3,3% 349 7,9% |
1 5,3% 54 2,8% |
5 45,5% 410 32,2% |
1 20% 218 29,6% |
2 33,3% 61 16,7% |
*Existe uma fotografia do
banqueiro Santos Silva com Fraga Iribarne, a propósito da abertura de uma
sucursal do BPI na Galiza, que foi inserida na categoria " Encontros,
cimeiras, conferências, etc. políticas, político-económicas, diplomáticas,
etc.".
Conforme é visível na tabela 26, a maioria relativa das fotos publicada, em 1999, pela imprensa portuguesa "popular" (Correio da Manhã e Jornal de Notícias), no âmbito da cobertura de acontecimentos que implicaram simultaneamente Portugal e a Galiza, respeitavam ao futebol. reforçando o interesse sobre este desporto e sobre as peças que se lhe reportavam, acentuando o carácter "espectacular" do futebol e reforçando a ideia de que este é um tema relevante. No Público e no Diário de Notícias, jornais tidos como sendo "de referência" ou "de elite", o futebol é menos tratado fotojornalisticamente, mas está longe de ser desprezado. De facto, mesmo nas camadas liderantes da população há interesse por futebol, pelo que os jornais de referência têm de corresponder aos interesses da audiência. De qualquer modo, o privilégio foto-noticioso ao futebol deveu-se, em parte, aos jogos entre o Benfica e o Celta de Vigo para a Taça UEFA.
Excluindo o futebol, pode também verificar-se pela tabela 26 que, em 1999, a foto-informação sobre acontecimentos que implicaram simultaneamente Portugal e a Galiza foi relativamente diversificada e um pouco diferente de jornal para jornal. O Jornal de Notícias foi não só o jornal que inseriu mais foto-informação como também foi o jornal que mais diversificou a foto-informação, inserindo fotografias de protagonistas do mundo das Artes, de acontecimentos de natureza política e político-económica, infra-estruturas, etc.
Tal como o Correio da Manhã e o Diário de Notícias, o JN também incluiu fotografias de paisagens urbanas. É interessante notar que, conforme se vê pela amostra, muitas vezes por falta de foto-informação mais pertinente, os jornais inserem com frequência fotografias de espaços físicos com funções ilustrativas ou documentais.
É de salientar que, no geral, os jornais deram pouco
destaque fotográfico a políticos e empresários, ignorando um pouco estes
importantes elementos do processo de reaproximação entre a Galiza e (o Norte
de) Portugal.
Tabela 27
Espaços
geográficos fotografados nas peças sobre a Galiza e Galiza -
Outros Países (excluindo Portugal)
(em número de
fotografias)
|
Jornal de
Notícias |
Correio da
Manhã |
Diário de
Notícias |
Público |
Diário do
Minho |
Santiago |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
5 55,6% |
Vigo |
1 7,7% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
La Coruña |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Tui |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Outra
localidade galega |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Meio rural |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Outras
situações |
12 92,3% |
1 100% |
1 100% |
0 0% |
4 44,4% |
Total |
13 100% |
1 100% |
1 100% |
0 100% |
9 100% |
A tabela 27 mostra que a foto-informação sobre acontecimentos que envolveram a Galiza e Galiza - Outros Países (excluindo Portugal) raramente se baseou na fotografia do espaço físico. Só no Diário do Minho, por força da publicação de peças sobre o Xacobeo 99, é que se encontra um número significativo de fotografias de uma cidade galega - Santiago de Compostela. Assim sendo, é possível concluir que as fotografias não potenciaram a importância das localidades referenciadas nos textos, com excepção do relevo dado pelo Diário do Minho a Santiago de Compostela.
Tabela 28
Espaços
geográficos fotografados nas peças sobre Galiza - Portugal
(em
número de fotografias)
|
Jornal de
Notícias |
Correio da
Manhã |
Diário de
Notícias |
Público |
Diário do
Minho |
Santiago |
0 0% |
0 0% |
1 9,1% |
0 0% |
0 0% |
Vigo |
0 0% |
0 0% |
1 9,1% |
0 0% |
0 0% |
La
Coruña |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Tui |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Outra
localidade galega |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Meio
rural galego |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Lisboa |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Porto |
1 3,3% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Braga |
4 13,3% |
1 5,3% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Viana
do Castelo |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
1 16,7% |
Vila
Real |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Outra
localidade do Norte |
1 3,3% |
1 5,3% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Meio
rural do
Norte |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Outra
cidade portuguesa (capital de distrito) |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Outra
cidade portuguesa (excepto capitais de distrito) |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Outra
localidade portuguesa |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Meio
rural português (excluindo Norte) |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Outras
situações |
24 80% |
17 89,5% |
9 81,8% |
5 100% |
5 83,3% |
Total |
30 100% |
19 100% |
11 100% |
5 100% |
6 100% |
É possível concluir, face aos dados apresentados nas tabelas 27 e 28, que só pontualmente a foto-informação sobre a Galiza e Portugal se baseou na fotografia dos macro-espaços físicos onde ocorreram os acontecimentos. A foto-informação tendeu, por consequência, a não acompanhar as referências textuais a esses espaços. Portanto, a geografia das notícias não teve correspondência na geografia da foto-informação. Dito por outras palavras, a foto-informação não reforçou a importância dos espaços referenciados nos textos.
Deve salientar-se que a maior parte das fotografias de macro-espaços físicos inseridas nos jornais analisados diz respeito a localidades portuguesas. A causa poderá residir na maior facilidade de produção de foto-informação sobre aquilo que está perto das sedes e grandes delegações dos jornais, que é onde se concentram os fotojornalistas.
SITUAÇÃO
NOS JORNAIS SEMANÁRIOS E NAS REVISTAS
Tabela 29
Relevância da
informação sobre a Galiza na amostra
(em número de
peças e espaço ocupado pelas peças, em cm2)
|
Expresso |
Falcão
do Minho |
Visão |
Total
de peças e espaço total ocupado por informação |
4.631 2.295.403 cm2 100% |
647 212.128 cm2 100% |
1.798 522.751 cm2 100% |
Peças
sobre a Galiza e Galiza - Outros Países (excluindo Portugal) |
1 0,02 11 0,0005% |
5 0,8% 607 0,3% |
0 0% 0 0% |
Peças
sobre Galiza - Portugal |
13 0,3 8086 0,4% |
45 6,9% 12.664 6% |
2 0,1% 2.970 0,6% |
Total
de informação com referências à Galiza |
14 0,3% 8.097 0,4% |
50 7,7% 13.271 6,3% |
2 0,1% 2.970 0,6% |
Média
das peças por edição com
informação com referência à Galiza |
1,2 |
4,2 |
0,2 |
Média
do espaço
ocupado por
edição com
informação com referência à Galiza (cm2) |
675
cm2 |
1.106
cm2 |
248
cm2 |
Percentagens
da informação sobre a Galiza e Galiza/Portugal na informação com referências
à Galiza (em
n.º de peças) |
Galiza
e Galiza -
Outros Países (excluindo Portugal) 7,1% Galiza-Portugal 92,9% |
Galiza
e Galiza -
Outros Países (excluindo Portugal) 10% Galiza-Portugal 90% |
Galiza
e Galiza -
Outros Países (excluindo Portugal) 0% Galiza-Portugal 100% |
Percentagens
da informação sobre a Galiza e Galiza/Portugal na informação com referências
à Galiza (em
cm2) |
Galiza
e Galiza -
Outros Países (excluindo Portugal) 0,1% Galiza-Portugal 99,9% |
Galiza
e Galiza -
Outros Países (excluindo Portugal) 4,6% Galiza-Portugal 95,4% |
Galiza
e Galiza -
Outros Países (excluindo Portugal) 0% Galiza-Portugal 100% |
Antes de se proceder à análise da tabela 29, há um ponto que deve ser relevado: as diferenças entre os órgãos de comunicação social analisados. O Expresso é um semanário de grande dimensão, tido talvez como a grande referência do jornalismo de qualidade português; o Falcão do Minho é um semanário regional, de pequena dimensão, que, não obstante, promete aos seus leitores "um abraço à Galiza". A Visão é uma revista de grande circulação nacional.
O dado mais relevante da tabela é o facto de praticamente só o Falcão do Minho ter inserido informação que se referia unicamente à Galiza. Esta informação apenas atingiu, aliás, 10% do número de notícias que referenciavam a Galiza e ocupou somente 4,6% do espaço informativo dedicado à Galiza. A única notícia que se referia unicamente à Galiza publicada no Expresso apenas ocupava 11 cm2, que é um valor praticamente desprezável (0,0005% do espaço desse semanário). A Visão não publicou, nas revistas que constituíram a amostra, qualquer notícia exclusivamente sobre a Galiza. Portanto, pode dizer-se que o critério da proximidade influenciou bastante a selecção de informação que se referia à Galiza. Poderá, assim, afirmar-se também que a Galiza não teve valor informativo suficiente para se impor como país a cobrir pela imprensa semanal portuguesa.
No que respeita à informação sobre a Galiza e Portugal, verifica-se que o Falcão do Minho foi o jornal que inseriu mais notícias (6,9% das peças) e que concedeu mais espaço a estas notícias (6% do espaço informativo total). Este facto era relativamente esperado: entre os semanários estudados, o Falcão do Minho é o jornal sedeado mais próximo da fronteira e é o único que não só prometia aos seus leitores uma atenção especial à Galiza como também mantinha colaboradores regulares em várias cidades galegas. A rede de colaboradores que o Falcão do Minho lançou no espaço para capturar notícias sobre a Galiza revelou-se, assim, eficiente.
O Expresso seguiu-se ao Falcão do Minho em termos de relevo informativo concedido à Galiza. 0,3% das peças publicadas pelo Expresso, que ocupavam 0,4% do espaço informativo, referenciavam a Galiza. Em termos relativos, este número parece-me ser insuficiente para indiciar a riqueza e a intensidade de contactos estabelecidos entre Portugal e a Galiza, particularmente entre o Norte do país e a Autonomia espanhola. A Galiza não parece cair nas malhas de noticiabilidade do Expresso, apesar de este ser um jornal de qualidade e referência, que possui, ademais, uma delegação no Porto.
Finalmente, no que respeita ao relevo informativo concedido à Galiza, surge a Visão. Das peças da amostragem, apenas 0,1% se referiam à Galiza, apesar de ocuparem 0,6% do espaço informativo da revista. Estes dados foram um pouco surpreendentes, já que a revista possui uma delegação no Porto, que poderia produzir mais informação sobre a Galiza. Concluindo, a Galiza demonstra ter pouca importância informativa para a Visão.
Os valores relativos anteriormente apresentados são potenciados quando se pensa em números absolutos. O Falcão do Minho publicou, em média, 4,2 peças por edição sobre a Galiza, que ocuparam, em média, 1.106 cm2, o que corresponde a um pouco mais do que uma página de um jornal de formato tablóide e a um quadrado com cerca de 33,3 cm de lado. O Expresso inseriu, em média, 1,2 peças com referências à Galiza por número, que ocuparam, em média, 675 cm2, o equivalente a um quadrado de quase 26 cm de lado. Neste campo, a Visão foi mais comedida: apenas publicou uma média de 0,2 peças com menções à Galiza por edição, que ocuparam, em média, 248 cm2, o equivalente a um espaço quadrangular com cerca de 15,8 cm de lado.
Tabela 30
Chamadas à
primeira página de informação sobre a Galiza na amostra
(em número de
chamadas)
|
Expresso |
Falcão
do Minho |
Visão |
Total
de chamadas |
282 100% |
72 100% |
38 100% |
Chamadas
sobre a Galiza e Galiza - Outros Países (excluindo Portugal) |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Chamadas
sobre a Galiza e Portugal |
1 0,4% |
10 13,9% |
0 0% |
Média
de chamadas por edição com referências à Galiza |
0,1 |
0,8 |
0 |
Os dados da tabela 30 mostram que o Falcão do Minho dá importância significativa às relações entre Portugal e a Galiza, ao ponto de lhes ter dedicado, em 1999, 13,9% das chamadas à primeira página. Um pouco estranhamente, não foram chamadas à primeira página notícias que referindo a Galiza excluíssem Portugal. No Expresso, apenas se registou uma chamada à primeira página de assuntos que envolveram simultaneamente Portugal e a Galiza, demonstrando que este jornal apenas pontualmente vê nesses temas grande importância.
A Visão merece ser referenciada à parte. Tratando-se de uma revista, não chama tantos temas quanto os jornais à primeira página. Portanto, o facto de não ter chamado notícias sobre a Galiza à primeira página é menos significativo do que o Expresso, que chama dezenas de temas à primeira página, apenas uma vez ter referenciado aí um tema que se referisse à Galiza.
Tabela 31
Ângulo dominante
das peças com referências à Galiza na amostra
(em número de
peças e espaço ocupado pelas peças, em cm2)
|
Expresso |
Falcão
do Minho |
Visão |
Totais |
14 8.097 cm2 100% |
50 13.271 cm2 100% |
2 2.970 cm2 100% |
Peças
tendencialmente neutras para a imagem da Galiza e para as relações Portugal -
Galiza |
5 35,7% 2.647 32,7% |
6 12% 3.102 23,4% |
0 0% 0 0% |
Peças
tendencialmente negativas para a imagem da Galiza |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Peças
tendencialmente positivas para a imagem da Galiza |
0 0% 0 0% |
5 10% 607 4,6% |
1 50% 1.142 38,5% |
Peças
tendencialmente positivas para as relações Portugal -
Galiza |
8 57,1% 4.166 51,5% |
38 74% 9.384 70,7% |
0 0% 0 0% |
Peças
tendencialmente negativas para as relações Portugal -
Galiza |
1 7,1% 1.284 15,9% |
1 4% 178 1,3% |
1 50% 1.828 61,5% |
Com excepção do que sucedeu na revista Visão, pode dizer-se que o tema ou o tom da maioria das peças publicadas nos semanários analisados foi positivo para a Galiza ou para as relações entre Portugal e a Galiza. Não foram encontradas quaisquer peças cujo tema ou cujo tom sugerissem uma imagem negativa da Galiza e apenas foram encontradas três peças (4,5% do total de peças com menções à Galiza) cujo tema projectava uma imagem negativa das relações entre Portugal e a Galiza.
Tabela 32
Secção de
inserção das peças sobre a Galiza e Galiza - Outros Países na amostra
(em número de
peças e espaço ocupado pelas peças, em cm2)
|
Expresso |
Falcão
do Minho |
Visão |
Totais |
1 11 cm2 100% |
5 607 cm2 100% |
0 0 cm2 100% |
Cultura,
espectáculos, media |
1 100% 11 100% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Desporto |
0 0% 0 0% |
1 20% 202 33,3% |
0 0% 0 0% |
Local |
0 0% 0 0% |
4 80% 405 66,7% |
0 0% 0 0% |
Apesar de o semanário Expresso ser conhecido principalmente pela atenção que dedica à política, à economia e aos grandes temas, a única notícia que inseriu exclusivamente sobre a Galiza nos números analisados foi publicada na secção de cultura. No entanto, a ubiquação dessa notícia não foi particularmente surpreendente, já que esse semanário dedica também atenção significativa às artes e aos eventos culturais.
O Falcão do Minho inseriu a informação referente à Galiza no espaço sobre notícias locais, o que demonstra o grau de proximidade que marca a relação desse país com o Norte de Portugal.
Tabela 33
Secção de
inserção das peças sobre Galiza - Portugal na amostra
(em número de
peças e espaço ocupado pelas peças, em cm2)
|
Expresso |
Falcão
do Minho |
Visão |
Totais |
13 8.096 cm2 100% |
45 12.664 cm2 100% |
2 2.970 cm2 100% |
Economia |
8 61,5% 4.853 60% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Sociedade |
1 7,7% 752 9,3% |
0 0% 0 0% |
2 100% 2.970 100% |
Desporto |
2 15,4% 1.726 21,3% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Cultura,
espectáculos, media |
0 0% 0 0% |
1 2,2% 380 % |
0 0% 0 0% |
Local |
0 0% 0 0% |
39 86,7% 8.539 % |
0 0% 0 0% |
Outra secção |
0 0% 0 0% |
5 11,1% 3.745 % |
0 0% 0 0% |
Suplementos regulares |
2 15,4% 755 9,4% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Os dados da tabela 33 correspondem, de algum modo, ao esperado, especialmente no que diz respeito ao Expresso e ao Falcão do Minho. Assim, o primeiro destes jornais, tido como um jornal de referência, inseriu as notícias sobre a Galiza e Portugal principalmente na secção de Economia. Indiciou, deste modo, a importância que possuem as relações económicas no âmbito dos processos de aproximação de Portugal com a Galiza. O futebol, porém, não foi ignorado, tendo sido publicadas duas peças sobre este desporto. Este facto diz bem da importância transversal do futebol na sociedade portuguesa.
Tema específico
dominante da informação sobre a Galiza e Galiza - Outros países (excluindo
Portugal)
(em número de
peças e espaço ocupado pelas peças, em cm2)
|
Expresso |
Falcão
do Minho |
Visão |
Total |
1 11
cm2 100% |
5 607 cm2 100% |
0 0 cm2 100% |
Artes
plásticas, artesanato, artistas plásticos, exposições |
0 0% 0 0% |
2 40% 173 28,5% |
0 0% 0 0% |
Espectáculos
musicais, músicas
e músicos, concertos |
0 0% 0 0% |
1 20% 135 22,2% |
0 0% 0 0% |
Manifestações
culturais locais |
0 0% 0 0% |
1 20% 97 16% |
0 0% 0 0% |
Futebol,
futebolistas |
0 0% 0 0% |
1 20% 202 33,3% |
0 0% 0 0% |
Outros
assuntos |
1 100% 11 100% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Face à quase total ausência
de notícias exclusivamente sobre a Galiza no Expresso (que apenas
publicou uma mini-notícia de agenda sobre uma conferência em Santiago de
Compostela) e à ausência total de notícias sobre esse mesmo país nos números
analisados da Visão, apenas se torna relevante destacar os dados Falcão
do Minho. Este jornal,
provavelmente por força da actividade dos colaboradores galegos, aposta
principalmente nas notícias culturais.
Assim, projecta da Galiza uma imagem de país activo e dado à cultura.
Tema
específico dominante da informação
sobre Galiza -
Portugal
(em número de peças e espaço ocupado pelas
peças, em cm2)
|
Expresso |
Falcão
do Minho |
Visão |
Total |
13 8.086
cm2 100% |
45 12.664
cm2 100% |
2 2.970
cm2 100% |
Relações
políticas e diplomáticas Galiza-Portugal (visão positiva ou neutra),
cimeiras, reuniões |
1 7,7% 20 0,2% |
1 2,2% 126 1% |
0 0% 0 0% |
Relações
macroeconómicas Galiza-Portugal (visão positiva ou neutra) |
0 0% 0 0% |
1 2,2% 576 4,5% |
0 0% 0 0% |
História
comum de Portugal e da Galiza, balanços das relações históricas, etc. |
1 7,7% 735 9,1% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Actividades
conjuntas entre municípios portugueses e galegos |
0 0% 0 0% |
3 6,7% 705 5,6% |
0 0% 0 0% |
Relações
CCRN-Xunta
de Galicia |
0 0% 0 0% |
1 2,2% 135 1,1% |
0 0% 0 0% |
Projectos
transfronteiriços, infra-estruturas comuns, etc. |
1 7,7% 198 2,4% |
1 2,2% 135 1,1% |
0 0% 0 0% |
Fluxo
de recursos humanos galegos para Portugal, recrutamento de galegos para
trabalho em Portugal (visão positiva
ou neutra) |
1 7,7% 149 1,8% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Tráfico
internacional de droga Galiza-Portugal (questões, análise do problema) |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 50% 1.828 61,5% |
Pesqueiros
portugueses na Galiza e galegos em Portugal (visão negativa), pesca ilegal |
1 7,7% 1.283 15,9% |
1 2,2% 441 3,5% |
0 0% 0 0% |
Conflitos
e protestos sectoriais com repercussão nas relações recíprocas |
1 7,7% 441 5,5% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Cooperação
na agricultura, empresas e explorações agrícolas mistas |
0 0% 0 0% |
1 2,2% 402 3,2% |
0 0% 0 0% |
Projectos
comuns de defesa do ambiente, parques naturais transfronteiriços |
0 0% 0 0% |
2 4,4% 446 3,5% |
0 0% 0 0% |
Investimentos
ou fluxos de capital, fusões e aquisições, dividendos, lucros das empresas
(sentido Galiza-Portugal) |
1 7,7% 551 6,8% |
2 4,4% 549 4,3% |
0 0% 0 0% |
Investimentos
ou fluxos de capital, fusões e aquisições, dividendos, lucros das empresas
(sentido Portugal-Galiza) |
1 7,7% 546 6,8% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Futebol
e futebolistas (transferências, jogos, perfis...) |
2 15,4% 1.726 21,4% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Desporto
e desportistas (excluindo futebol) |
0 0% 0 0% |
1 2,2% 140 1,1% |
0 0% 0 0% |
Cinema,
teatro,
actores |
0 0% 0 0% |
2 4,4% 268 2,1% |
0 0% 0 0% |
Músicos,
músicas,
espectáculos, concertos |
0 0% 0 0% |
1 2,2% 130 1% |
0 0% 0 0% |
Artes
plásticas, artesanato, artistas,
exposições |
0 0% 0 0% |
5 % 1.244 9,8% |
0 0% 0 0% |
Espectáculos
multifacetados, grandes festas, festivais |
0 0% 0 0% |
4 % 1.205 9,5% |
0 0% 0 0% |
Literatura,
escritores, críticos literários |
0 0% 0 0% |
6 % 1.145 9% |
0 0% 0 0% |
Turismo,
locais
turísticos,
viagens |
0 0% 0 0% |
1 2,2% 247 1,9% |
0 0% 0 0% |
Turismo
religioso,
Xacobeo
99 |
0 0% 0 0% |
3 6,7% 637 5% |
1 50% 1.142 38,5% |
Computadores,
Internet, Novas
Tecnologias |
0 0% 0 0% |
2 4,4% 505 4% |
0 0% 0 0% |
Assuntos
de interesse humano não classificáveis noutras categorias, acontecimentos
raros, comportamentos curiosos dos animais, etc. |
1 7,7% 264 3,3% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Outros
assuntos |
2 15,4% 2.173 26,9% |
7 15,5% 3.628 28,6% |
0 0% 0 0% |
Os dados da tabela 35 revelam uma diferença significativa em relação aos jornais diários: embora o Expresso tenha abordado questões futebolísticas, a Visão e o Falcão do Minho não o fazem. Assim sendo, o Expresso enfatiza o papel do futebol nas relações entre Portugal e a Galiza, mas a imagem que transparece da Visão e do Falcão do Minho é a de que o futebol pouco peso tem nessas relações. É de referir, no entanto, que, por força da construção da amostra, os jogos entre o Benfica e o Celta de Vigo não se repercutiram nos semanários da mesma forma que se repercutiram nos diários.
Dos órgãos semanais analisados, não há muito a dizer sobre a Visão. De facto, esta revista apenas publicou, no período de amostragem, duas peças sobre temáticas que dizem respeito simultâneo a Portugal e à Galiza, uma delas sobre o tráfico de droga que se processa entre a Galiza e Portugal e outra sobre a afluência de portugueses à Galiza por causa do Xacobeo 99. A imagem da Galiza projectada por estas duas peças é bivalente: por um lado, a Galiza é mostrada como um país capaz de grandes realizações de natureza cultural e um destino de eleição para o turismo religioso, devido ao papel de Santiago de Compostela; por outro lado, a Galiza também é mostrada como um país onde florescem cartéis e narcotraficantes, que elegem Portugal como um dos destinos para a sua droga e para as riquezas que acumulam ilegalmente. No global pode dizer-se que a Visão deu uma imagem reducionista das relações entre Portugal e a Galiza, uma imagem que não pode ser vista como índice dessas relações.
Opostamente, nota-se uma certa diversidade temática nas notícias sobre Portugal e a Galiza publicadas no Expresso e no Falcão do Minho. Esta diversidade temática indicia a multiplicidade de canais por onde se processam as relações entre Portugal e a Galiza.
O Falcão do Minho salienta o papel das micro-relações que se estabelecem à escala local, privilegiando os eventos culturais. Estes eventos, cuja cobertura é um tanto ou quanto desprezada pela imprensa diária (à excepção do Jornal de Notícias) e pela grande imprensa semanal, enriquecem e fortalecem as relações entre Portugal e a Galiza. As notícias sobre eles dão uma imagem positiva das relações entre galegos e portugueses e contribuem para indiciar a vitalidade dessas relações, que estão longe de passar exclusivamente pela macro-economia, pela macro-política ou mesmo pelos grandes acontecimentos futebolísticos. O facto de os colaboradores-correspondentes do Falcão do Minho serem, geralmente, amadores e exercerem outras profissões além do jornalismo permitir-lhes-á ter uma visão próxima dos assuntos que são considerados importantes pela sua comunidade, uma "visão de imersão". Mas o Falcão do Minho, funcionando próximo dos conceitos avançados pelo jornalismo "comunitário" americano, não deixa também de mostrar-se atento à política e à economia, bem como ao desporto e ao turismo (religioso e não religioso), que, tal como a cultura, são eixos importantes das relações entre Portugal e a Galiza. No entanto, a cobertura que o Falcão do Minho faz das temáticas económicas e políticas não indicia, do meu ponto de vista, a vitalidade das relações que a esse nível se têm estabelecido entre portugueses e galegos.
O Expresso também fez uma cobertura relativamente diversificada das temáticas e acontecimentos que se inscrevem no âmbito das relações entre Portugal e a Galiza, dando mais importância relativa às questões económicas do que fizeram outros jornais, como seria de esperar num (no) semanário de referência. Este destaque dado às questões económicas, sejam elas de cariz positivo ou negativo, indicia mais proximamente a vitalidade das relações económicas entre portugueses e galegos. Todavia, ao contrário do que eu esperava, a vitalidade das relações políticas entre Portugal e a Galiza não teve correspondência no número de notícias sobre esta temática.
É interessante notar que no Expresso também se publicou uma peça sobre os investimentos galegos no sector português da saúde, mostrando bem a importância que o tema "Saúde" está a adquirir nas relações entre Portugal e a Galiza.
Tabela 36
Género
jornalísticos aplicados nas peças sobre a Galiza e Galiza -
Outros países (excluindo Portugal)
(em número de
peças e espaço ocupado pelas peças, em cm2)
|
Expresso |
Falcão
do Minho |
Visão |
Totais |
1 11
cm2 100% |
5 607 cm2 100% |
0 0
cm2 100% |
Nota/notícia
breve |
1 100% 11 100% |
5 100% 607 100% |
0 0% 0 0% |
A tabela 36 mostra que, na amostra, a totalidade da informação exclusivamente sobre a Galiza e Galiza-Outros Países (excluindo Portugal) se baseou unicamente em notícias breves, que, necessariamente, se ficam pelos factos notáveis, não possuindo profundidade e contexto.
Tabela 37
Género
jornalísticos aplicados nas peças sobre Galiza - Portugal
(em número de
peças e espaço ocupado pelas peças, em cm2)
|
Expresso |
Falcão
do Minho |
Visão |
Totais |
13 8.086 cm2 100% |
45 12.664
cm2 100% |
2 2.970
cm2 100% |
Nota/notícia
breve |
3 23,1% 387 4,8% |
20 44,4% 2.770 21,9% |
0 0% 0 0% |
Notícia
desenvolvida |
6 46,2% 3.893 48,1% |
20 44,4% 5.778 45,6% |
0 0% 0 0% |
Reportagem |
2 15,4% 2.807 34,7% |
3 6,7% 1614 12,7% |
2 100% 2.970 100% |
Entrevista |
1 7,7% 735 9,1% |
1 2,2% 2.128 16,8% |
0 0% 0 0% |
Crónica |
0 0% 0 0% |
1 2,2% 374 2,9% |
0 0% 0 0% |
Coluna |
1 7,7% 264 3,3% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Comparando as tabelas 36 e 37 é possível verificar que, provavelmente por força da proximidade, a informação que incide sobre as relações entre Portugal e a Galiza é mais profunda e contextual do que a informação que respeita somente à Galiza e Galiza-Outros Países (excluindo Portugal). Em concreto, é possível verificar que, no que respeita informação sobre as relações entre portugueses e galegos, as notícias desenvolvidas e as reportagens marcaram presença relevante em todos os órgãos de comunicação analisados. O Expresso e o Falcão do Minho também recorreram a entrevistas. Ainda foram publicadas uma crónica (no Falcão do Minho) e uma coluna (no Expresso).
Tabela 38
Tipo de texto
das peças sobre a Galiza e Galiza - Outros Países (excluindo
Portugal)
(em número de
peças e espaço ocupado pelas peças, em cm2)
|
Expresso |
Falcão do Minho |
Visão |
Totais |
1 11 cm2 100% |
5 607 cm2 100% |
0 0 cm2 100% |
Peças maioritariamente
descritivas |
1 100% 11 100% |
5 100% 607 100% |
0 0% 0 0% |
Em consonância com os dados
da tabela 36, é visível pela tabela 38 que a totalidade das peças recolhidas da
amostra que se referiam à Galiza e à Galiza-Outros Países (excluindo
Portugal) foi construída maioritariamente com base em texto descritivo, o que
reforça a sensação de superficialidade na cobertura da temática.
Tabela 39
Tipo de texto das
peças sobre Galiza - Portugal
(em número de
peças e espaço ocupado pelas peças, em cm2)
|
Expresso |
Falcão do Minho |
Visão |
Totais |
13 8.086 cm2 100% |
45 12.664 cm2 100% |
2 2.970 cm2 100% |
Peças maioritariamente
descritivas |
8 61,5% 4.762 58,9% |
40 88,9% 10.302 81,3% |
0 0% 0 0% |
Peças maioritariamente
analíticas |
4 30,8% 3.060 37,8% |
4 8,9% 1.988 15,7% |
2 100% 2.970 100% |
Peças maioritariamente
opinativas |
1 7,7% 264 3,3% |
1 2,2% 374 2,9% |
0 0% 0 0% |
Tal como esperado, face aos
dados expostos na tabela 37, e devido à importância acrescentada que a
proximidade empresta à informação, já se encontram peças maioritariamente
analíticas e opinativas, portanto, interpretativas, entre os textos que se
referem às relações entre Portugal e a Galiza, com particular destaque para o Expresso. Este dado, que transparece da observação da
tabela 39, revela que a cobertura das relações entre portugueses e galegos é
mais profunda e contextual do que a cobertura da Galiza em exclusividade
(tabelas 36 e 38).
Tabela 40
Número total de fontes de
informação explícitas nas peças sobre a Galiza e Galiza - Outros Países
(em número de fontes)
|
Expresso |
Falcão do Minho |
Visão |
Total de fontes explícitas
citadas |
1 100% |
6 100% |
0 100% |
Fontes galegas |
0 0% |
2 33,3% |
0 0% |
Fontes portuguesas |
0 0% |
4 66,6% |
0 0% |
Fontes não identificáveis,
anónimas ou de outra nacionalidade |
1 100% |
0 0% |
0 0% |
A tabela 40 mostra que, ao
contrário do esperado, mesmo o Falcão do Minho cita essencialmente
fontes portuguesas, em detrimento das fontes galegas, nas notícias sobre a
Galiza e Galiza - Outros Países (excluindo
Portugal). A proximidade e,
provavelmente, a facilidade de contacto impõem uma visão relativamente
etnocêntrica da Galiza.
Tabela 41
Número total de fontes de
informação explícitas nas peças sobre Galiza - Portugal
(em número de fontes)
|
Expresso |
Falcão do Minho |
Visão |
Total de fontes explícitas
citadas |
53 100% |
62 100% |
12 100% |
Fontes galegas |
2 3,8% |
21 33,9% |
5 41,7% |
Fontes portuguesas |
44 83% |
41 66,1% |
5 41,7% |
Fontes não identificáveis,
anónimas ou de outra nacionalidade |
7 13,2% |
0 0% |
2 16,7% |
Observando-se a tabela 41
pode dizer-se que, embora previsível, devido aos factores da proximidade e da
facilidade de contacto, o Falcão do Minho e, em particular, o Expresso
apresentam um grande desequilíbrio entre o número de portugueses e o número de
galegos citados nas notícias que envolvem Portugal e a Galiza em
simultâneo. Esta opção é susceptível de
contribuir para um certo etnocentrismo na visão portuguesa da Galiza. A Visão é uma excepção, já que deu
tanto destaque às fontes galegas como às portuguesas.
Tabela 42
Tipo e relevância das fontes usadas nas peças sobre a Galiza e Galiza - Outros países
(número de aparições nas peças e número de orações atribuídas à fonte)
Tipo de fonte |
Expresso |
Falcão do Minho |
Visão |
O próprio jornalista,
colaborador ou correspondente |
1 100% 1 100% |
6 85,7% 23 95,8% |
0 0% 0 0% |
Intelectuais, artistas, escritores, etc. |
0 0% 0 0% |
1 14,3% 1 4,2% |
0 0% 0 0% |
Total |
1 1 100% |
7 24 100% |
0 0 100% |
Nota: o primeiro valor indicado nas células é o número de aparições do tipo de fonte nas notícias, sendo seguido pela respectiva percentagem; o terceiro valor refere-se ao número de orações atribuídas ao tipo de fonte nas notícias, sendo igualmente seguido pela respectiva percentagem.
A tabela 42 mostra que quer
no Expresso quer no Falcão do Minho os jornalistas funcionaram
como fontes prioritárias de informação nas notícias sobre a Galiza e Galiza - Outros Países (excluindo Portugal) nas
notícias que eles mesmo enunciaram.
Tabela 43
Tipo e relevância das fontes usadas nas peças sobre Portugal - Galiza
(número de aparições nas peças e número de orações atribuídas à fonte)
Tipo de fonte |
Expresso |
Falcão do Minho |
Visão |
O próprio jornalista,
colaborador ou correspondente |
89 59,3% 212 65,3% |
51 56% 282 76,6% |
15 60% 119 82,6% |
Colunista |
2 1,3% 26 7,9% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Xunta de Galicia, Governos, CCRN |
22 14,7% 45 34,9% |
1 1,1% 10 2,7% |
1 4% 2 1,4% |
Funcionário superior |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 4% 3 2,1% |
Autarca |
2 1,3% 3 0,9% |
29 31,9% 55 14,9% |
1 4% 4 2,8% |
Funcionário local |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
2 8% 5 3,5% |
Iniciativa privada,
empresários, etc. |
2 1,3% 2 0,6% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Sindicatos e outras organizações de
trabalhadores |
2 1,3% 2 0,6% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Organismos não
governamentais, organizações da sociedade civil |
0 0% 0 0% |
4 4,4% 8 2,2% |
0 0% 0 0% |
Organizações religiosas, religiosos |
0 0% 0 0% |
2 2,2% 2 0,5% |
0 0% 0 0% |
Testemunhas, cidadãos
comuns, vítimas, etc. |
6 4% 7 2,1% |
0 0% 0 0% |
5 20% 11 7,6% |
Não especificadas
(anónimas, etc.) |
4 2,7% 4 1,2% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Outros jornalistas, outros
meios de comunicação, agências de notícias, etc. |
0 0% 0 0% |
2 2,2% 8 2,2% |
0 0% 0 0% |
Intelectuais, artistas, escritores, etc. |
1 0,7% 1 0,3% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Outras fontes |
20 13,3% 27 8,2% |
2 2,2% 3 0,8% |
0 0% 0 0% |
Total |
150 329 100% |
91 368 100% |
25 144 100% |
Nota: o primeiro valor
indicado nas células é o número de aparições do tipo de fonte nas notícias,
sendo seguido pela respectiva percentagem; o terceiro valor refere-se ao número
de orações atribuídas ao tipo de fonte nas notícias, sendo igualmente seguido
pela respectiva percentagem.
Pode concluir-se, pela observação da tabela 43, que os jornalistas foram os protagonistas das notícias sobre Portugal e a Galiza. Porém, este protagonismo nem sempre foi aproveitado para análise e interpretação, já que os jornalistas do Expresso e do Falcão do Minho tenderam a ficar-se pela descrição, como se pode avaliar pelo cruzamento destes dados com os da tabela 39.
As fontes citadas nas notícias sobre a Galiza e Portugal são relativamente diversificadas. É interessante notar que, no que respeita ao mundo da política, o Expresso concedeu mais relevância à Xunta de Galicia, mostrando que aposta na "grande política". Inversamente, o Falcão do Minho cita principalmente autarcas, demonstrando a sua imersão nas realidades locais, por onde passam, aliás, muitos dos laços que unem portugueses e galegos.
É de referir que o elevado número de fontes categorizadas em "Outras Fontes" no Expresso se deveu à inclusão de futebolistas, técnicos e dirigentes desportivos nesta categoria.
Tabela 44
Espaços
geográficos mencionadas nas peças sobre a Galiza e Galiza -
Outros Países (excluindo Portugal)
(em número de
menções)
|
Expresso |
Falcão do Minho |
Visão |
Galiza como um todo |
0 0% |
1 12,5% |
0 0% |
Santiago |
1 100% |
0 0% |
0 0% |
Vigo |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
La Coruña |
0 0% |
4 50% |
0 0% |
Outra cidade galega |
0 0% |
3 37,5% |
0 0% |
Outra localidade galega (excepto cidades) |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Total |
1 100% |
8 100% |
100% |
A avaliar pela tabela 44, não existe um grande centralismo geográfico na informação sobre a Galiza e Galiza - outros Países (excluindo Portugal). O Expresso publicou apenas uma notícia neste âmbito, que se referia a uma conferência em Santiago de Compostela. É um dado "solto", a partir do qual nada se pode concluir além do que já foi referido: só pontualmente o Expresso aborda a Galiza sem que o acontecimento que impulsiona a notícia envolva também Portugal. O relativamente elevado número de referências a La Coruña no Falcão do Minho resultará, em princípio, do índice de actividade do colaborador-correspondente do jornal nessa cidade galega. Como o Falcão do Minho depende, em grande medida, da actividade dos seus colaboradores, consequentemente tende a aproveitar grande parte daquilo que estes enviam.
Tabela 45
Espaços
geográficos mencionados nas peças sobre Galiza - Portugal
(em número de
menções)
|
Expresso |
Falcão
do Minho |
Visão |
Galiza
como
um todo |
4 5,1% |
18 15,1% |
9 22,5% |
Santiago |
4 5,1% |
12 10,1% |
7 17,5% |
Vigo |
4 5,1% |
9 7,6% |
0 0% |
La
Coruña |
3 3,8% |
11 9,2% |
1 2,5% |
Tui |
3 3,8% |
7 5,9% |
1 2,5% |
Outra
localidade galega |
0 0% |
7 5,9% |
2 5% |
Região
da
Galiza |
0 0% |
0 0% |
2 5% |
Portugal
como um todo |
3 3,8% |
3 2,5% |
8 20% |
Lisboa |
2 2,6% |
2 1,7% |
1 2,5% |
Porto |
4 5,1% |
2 1,7% |
1 2,5% |
Braga |
3 3,8% |
3 2,5% |
1 2,5% |
Viana
do Castelo |
2 2,6% |
14 11,8% |
0 0% |
Minho |
0 0% |
2 1,7% |
1 2,5% |
“Norte”,
Minho + Trás-os-Montes |
1 1,3% |
4 3,4% |
0 0% |
Outras
regiões portuguesas individualizadas |
2 2,6% |
2 1,7% |
1 2,5% |
Capital
de distrito portuguesa (excluindo as anteriores) |
0 0% |
1 0,8% |
0 0% |
Outra
localidade portuguesa do Minho |
15 19,2% |
15 12,6% |
0 0% |
Outra
localidade portuguesa de Trás-os-Montes |
8 10,3% |
0 0% |
0 0% |
Outra
localidade portuguesa |
6 7,7% |
4 3,4% |
3 7,5% |
Outras
situações |
14 17,9% |
3 2,5% |
2 5% |
Total |
78 100% |
119 100% |
40 100% |
Os dados da tabela 45 indiciam que a rede de correspondentes-colaboradores do Falcão do Minho contribui para que existam mais notícias sobre Tui, Santiago, La Coruña e Vigo (onde o jornal tem correspondentes) do que sobre outras localidades galegas. Denunciando o contexto local em que se move o Falcão do Minho, neste semanário são também em número significativo as referências à Galiza como um todo, que ultrapassam o número de referências a Portugal como um todo, bem como o número de referências a Viana do Castelo, onde o jornal está sedeado, e a diversas localidades do Minho, próximas de Viana. Existirá, de facto, pouco espaço no Falcão do Minho para o que se passa fora do espaço geográfico definido pelo Minho e pela Galiza.
No Expresso e na Visão nota-se uma relativa diversidade no que respeita à "geografia das notícias". Apenas é de realçar que duas peças sobre Valença publicadas no Expresso, um número um pouco inusitado tendo em conta a amostra, inflacionaram a contabilização de referências a "Outra Localidade Portuguesa do Minho" neste jornal.
Tabela 46
Produção das
peças sobre a Galiza e Galiza – Outros países (excluindo Portugal)
(em número de
peças e espaço ocupado, em cm2)
|
Expresso |
Falcão
do Minho |
Visão |
Totais |
1 11 cm2 100% |
5 607
cm2 100% |
0 0
cm2 100% |
Jornalista,
editorialista, colunista ou colaborador do jornal em Portugal |
0 0% 0 0% |
3 60% 375 61,9% |
0 0% 0 0% |
Correspondente
ou colaborador do jornal na Galiza |
0 0% 0 0% |
2 40% 232 38,1% |
0 0% 0 0% |
Não
especificado nem directamente determinável |
1 100% 11 100% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Além do que já foi dito, os dados da tabela 46 apenas permitem abordar o comportamento manifestado pelo jornal Falcão do Minho, que apenas publicou informação própria. No entanto, é de realçar que, apesar do contributo relevante dos correspondentes-colaboradores do jornal na Galiza, 60% das notícias sobre a Galiza e Galiza - Outros Países (excluindo Portugal) foram processadas em Portugal. Este dado indicia que, apesar da elevada imersão do jornal num contexto local, mesmo na Galiza, onde conta com o contributo dos colaboradores-correspondentes, o Falcão do Minho pode dar uma visão relativamente etnocêntrica do que ocorre nesse país.
Tabela 47
Produção das
peças sobre Galiza - Portugal
(em número de
peças e espaço ocupado, em cm2)
|
Expresso |
Falcão
do Minho |
Visão |
Totais |
13 8.086 cm2 100% |
45 12.664 cm2 100% |
2 2.970 cm2 100% |
Jornalista,
editorialista, colunista ou colaborador do jornal em Portugal |
11 84,6% 7.331 90,7% |
28 62,2% 9.580 75,6% |
0 0% 0 0% |
Jornalista
(etc.) do jornal em Portugal + jornalista (etc.) do jornal em Espanha |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 50% 1.828 61,5% |
Enviado
do jornal à Galiza |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 50% 1.142 38,5% |
Correspondente
ou colaborador do jornal na Galiza |
1 7,7% 735 9,1% |
17 37,8 3.084 24,4% |
0 0% 0 0% |
Não
especificado nem directamente determinável |
1 7,7% 20 0,2% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Os dados da tabela 47 permitem concluir que a totalidade ou quase totalidade (Expresso) da informação sobre a Galiza e Portugal publicada nos órgãos jornalísticos analisados foi produzida pelo próprio órgão, sem dependência directa de fontes externas, nomeadamente de agências noticiosas. É ainda de realçar, neste campo, a elevada contribuição dos correspondentes do Falcão do Minho na Galiza na produção e processamento da informação sobre a Galiza e Portugal. Este dado mostra que esse jornal, além de imergir na vida local, também apresenta um certo balanceamento entre a visão galega e a visão portuguesa dos acontecimentos que dizem respeito às duas partes.
A finalizar, apenas uma chamada de atenção para o Expresso. Na introdução foi dito que este jornal não tem correspondentes ou colaboradores regulares na Galiza. Todavia, pontualmente, o Expresso contacta determinados jornalistas galegos para produzirem informação. Daí que uma das peças inseridas no Expresso tenha sido contabilizada como tendo sido produzida por um "Correspondente ou Colaborador na Galiza".
Tabela 48
Relevância da
informação fotográfica com menção à Galiza na amostra
|
Expresso |
Falcão
do Minho |
Visão |
N.º
de peças com informação relativa à Galiza |
14 |
50 |
2 |
N.º
de fotografias com informação relativa à Galiza |
11 |
11 |
17 |
N.º
médio de fotografias com informação relativa à Galiza por peça relativa à
Galiza |
0,8 |
0,22 |
8,5 |
N.º
médio de fotografias com informação relativa à Galiza por número |
0,9 |
0,9 |
1,4 |
Espaço
ocupado por informação relativa
à Galiza (cm2) |
8.097
cm2 |
13.271
cm2 |
2.970
cm2 |
Espaço
ocupado por informação fotográfica relativa
à Galiza (cm2) |
2.512
cm2 |
1.123
cm2 |
880
cm2 |
Média
do espaço ocupado em cada número por informação fotográfica relativa à Galiza (cm2) |
209,3
cm2 |
93,6
cm2 |
73,3
cm2 |
Percentagem
do espaço com informação relativa à Galiza ocupado por informação fotográfica
relativa à Galiza |
31% |
8,5% |
29,6% |
N.º
de fotos e espaço ocupado (cm2) por informação fotográfica sobre a
Galiza e Galiza - Outros Países (excluindo Portugal) |
0 0
cm2 |
1 117
cm2 |
0 0
cm2 |
Percentagem
do número de fotos sobre a Galiza e Galiza - Outros Países
(excluindo Portugal) e do espaço por elas ocupado no total de foto-informação
relativa à Galiza |
0% 0% |
9,1% 10,4% |
0% 0% |
N.º
de fotos e espaço ocupado (cm2) por informação fotográfica sobre
Galiza -
Portugal |
11 2.512
cm2 |
10 1.006
cm2 |
17 880
cm2 |
Percentagem
do número de fotos sobre Galiza - Portugal e do espaço
por elas ocupado no total de foto-informação relativa à Galiza |
100% 100% |
90,9% 89,6% |
100% 100% |
A tabela 48 mostra que se pode estabelecer um certo paralelismo entre o comportamento da Visão e o comportamento do Expresso. De facto, quer um quer outro destes órgãos jornalísticos apenas publicaram fotografias nas peças que diziam respeito às relações entre a Galiza e Portugal. As fotos, quer no Expresso quer na Visão, ocuparam, em média, cerca de 30% do espaço informativo dedicado a peças com menções à Galiza, espelhando uma tendência já visível nos diários de grande circulação (tabela 20). As fotografias permitiram, deste modo, atrair a atenção do leitor e puderam cumprir melhor o seu papel de veículos informativos, reforçando a importância das temáticas noticiosas associadas à Galiza. No Falcão do Minho, pelo contrário, as fotos ocuparam unicamente 8,5% desse espaço. Este facto evidencia a incapacidade que o jornal tem de produzir foto-informação. Além disso, sugere que o jornal não aproveita como poderia a imagem fotográfica, o que provocará menores índices de atenção do leitor e, por consequência, concederá um estatuto de menoridade às notícias com referências à Galiza.
Há ainda a salientar que, no global, a totalidade da foto-informação do Expresso e da Visão e mais de 90,9% das fotografias em peças que mencionavam a Galiza no Falcão do Minho se podem enquadrar na categoria "Galiza-Portugal". Se bem que no Falcão do Minho este facto se tenha devido, provavelmente, à maior facilidade de obtenção de fotos sobre assuntos que também dissessem respeito a Portugal, no Expresso e na Visão é mais provável que esteja relacionado essencialmente com opções editoriais. Por exemplo, na Visão grande parte das fotografias publicadas nas peças sobre as relações entre Portugal e a Galiza representava aspectos da Galiza e não de Portugal.
Também é de realçar que, em números médios, cada um dos órgãos de comunicação social analisados publica cerca de uma fotografia por número em peças que mencionam a Galiza. No Expresso, o espaço médio ocupado por fotografias, por número, atingiu mesmo 209,3 cm2, o equivalente a uma superfície fotográfica quadrada com quase 14,5 cm de lado. Sublinhe-se, porém, que a superfície média ocupada por foto-informação em peças que mencionam a Galiza decresce, naturalmente, com o formato do órgão jornalístico em causa: 209,3 cm2 para o Expresso (jornal de grande formato), 93,6 cm2 para o Falcão do Minho (tablóide) e 73,3 cm2 para a Visão (revista de formato clássico, sensivelmente A4). Como é óbvio, na Visão 73,3 cm2 representam mais do que o mesmo espaço no Expresso.
Secção de inserção das fotos
das peças sobre a Galiza e Galiza - Outros Países (excluindo
Portugal)
(em número de fotos e espaço
ocupado, em cm2)
|
Expresso |
Falcão do Minho |
Visão |
Totais |
0 0 cm2 0% |
1 117 cm2 100% |
0 0 cm2 100% |
Desporto |
0 0% 0 0% |
1 100% 117 100% |
0 0% 0 0% |
Nota: nas células com quatro valores, os dois
primeiros dizem respeito ao número de fotos e respectiva percentagem; o
terceiro e quarto valores dizem respeito ao espaço ocupado pelas fotos e
respectiva percentagem.
Os dados da tabela 49 são pouco relevantes para se
poder concluir qual é o comportamento dos semanários em termos de difusão de
foto-informação sobre a Galiza e Galiza - Outros Países (excluindo
Portugal). A única conclusão que se
pode extrair da tabela é a de que estes dados reforçam a ideia de que só
pontualmente a imprensa semanal portuguesa de grande circulação insere
foto-informação em peças relativas exclusivamente à Galiza (excluindo
Portugal).
Tabela 50
Secção de inserção das fotos
das peças sobre Galiza - Portugal
(em número de fotos e espaço
ocupado, em cm2)
|
Expresso |
Falcão do Minho |
Visão |
Totais |
11 2.512 cm2 100% |
10 1.006 cm2 100% |
17 880 cm2 100% |
1ª página |
0 0% 0 0% |
1 10% 266 26,4% |
0 0% 0 0% |
Economia |
6 54,5% 1.997 79,5% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Sociedade |
1 9,1% 203 8,1% |
0 0% 0 0% |
17 100% 880 100% |
Local |
0 0% 0 0% |
9 90% 740 73,6% |
0 0% 0 0% |
Desporto |
3 27,3% 206 8,2% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Suplementos regulares |
1 9,1% 106 4,2% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Nota: nas células com quatro valores, os dois
primeiros dizem respeito ao número de fotos e respectiva percentagem; o
terceiro e quarto valores dizem respeito ao espaço ocupado pelas fotos e
respectiva percentagem.
Pela tabela 50 verificamos
que a importância que o Expresso concede à informação económica e que a
imersão na vida local que o Falcão do Minho protagoniza se reflectem no
espaço de inserção da foto-informação.
A Visão, por seu turno, só inseriu foto-informação em peças sobre
a Galiza e Portugal publicadas na secção Sociedade, reforçando a ideia de que
se trata de um magazine.
É de realçar que apenas por
uma vez, e no Falcão do Minho, se incluiu numa primeira página
foto-informação relativa a peças sobre a Galiza e Portugal.
A importância transversal do
futebol na sociedade portuguesa reflectiu-se no espaço foto-informativo
concedido pelo Expresso a este desporto.
Tabela 51
Produção das fotos das peças
sobre a Galiza e Galiza – Outros países (excluindo Portugal)
(em número de fotos e espaço
ocupado, em cm2)
|
Expresso |
Falcão do Minho |
Visão |
Totais |
0 0 cm2 100% |
1 117 cm2 100% |
0 0
cm2 100% |
Outra proveniência,
produção não mencionada e direitos
reservados |
0 0% 0 0% |
1 100% 117 100% |
0 0% 0 0% |
Os dados da tabela 51 apenas
permitem consolidar a ideia de que na imprensa semanal portuguesa é pontual e
residual a presença de foto-informação que se refira exclusivamente à Galiza e
Galiza - Outros Países.
Tabela 52
Produção das fotos das peças
sobre Galiza - Portugal
(em número de fotos e espaço
ocupado, em cm2)
|
Expresso |
Falcão do Minho |
Visão |
Totais |
11 2.512 cm2 100% |
10 1.006 cm2 100% |
17 880 cm2 100% |
Produção própria |
9 81,8% 2.024 80,6% |
- |
14 82,4% 803 91,2% |
Meios não jornalísticos galegos |
- |
2 20% 101 10% |
0 0% 0 0% |
Outra proveniência,
produção não mencionada e direitos
reservados |
2 18,2% 488 19,4% |
8 80% 905 90% |
3 17,6% 77 8,8% |
Os dados da tabela 52 permitem dizer que os semanários portugueses de grande circulação apostam principalmente na produção própria de foto-informação quando pretendem abordar assuntos relativos à Galiza e a Portugal.
No Falcão do Minho a
informação fotojornalística parece ser relativamente secundarizada, pois não
foi inserida qualquer menção à autoria e à origem de 80% das fotografias
inseridas (que ocupavam, ademais, 90% do espaço foto-informativo). O facto de este jornal não possuir uma
redacção com fotojornalistas profissionais provavelmente esteve na origem da
necessidade de recorrência a meios não jornalísticos galegos para a obtenção de
fotografias para inserção nas peças sobre a Galiza e Portugal.
Tabela 53
Conteúdos principais das
fotos das peças sobre a Galiza e Galiza - Outros países (excluindo
Portugal)
(em número de fotos e espaço
ocupado, em cm2)
|
Expresso |
Falcão do Minho |
Visão |
Totais |
0 0 cm2 100% |
1 117 cm2 100% |
0 0 cm2 100% |
Futebol e futebolistas |
0 0% 0 0% |
1 100% 117 100% |
0 0% 0 0% |
Os dados da tabela 53 apenas
reforçam a ideia de que na imprensa semanal portuguesa é pontual e residual a
presença de foto-informação que se refira exclusivamente à Galiza e Galiza - Outros Países. É, todavia, de salientar que, nesta categoria, a única foto
inserida no Falcão do Minho, no período de amostragem, se referia ao
futebol, o que releva a importância social deste desporto, mesmo num contexto
internacional. A relevância social do
futebol é reforçada pela sua presença mediática.
Tabela 54
Conteúdos principais das
fotos das peças sobre Galiza - Portugal
(em número de fotos e espaço
ocupado, em cm2)
|
Expresso |
Falcão do Minho |
Visão |
Totais |
11 2.512 cm2 100% |
10 1.006 cm2 100% |
17 880 cm2 100% |
Governantes e outros
políticos |
1 9,1% 106 4,2% |
2 20% 242 24% |
0 0% 0 0% |
Encontros, cimeiras, etc. políticas e
diplomáticas |
0 0% 0 0% |
1 10% 117 11,6% |
0 0% 0 0% |
Empresas, casas de
comércio, etc. |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 5,9% 20 2,3% |
Músicos |
0 0% 0 0% |
1 10% 65 6,5% |
0 0% 0 0% |
Futebol e futebolistas |
2 18,2% 177 7% |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
Criminosos |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
3 17,5% 78 8,9% |
Religiosos católicos |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
4 23,5% 310 35,2% |
Actividades religiosas católicas |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 5,9% 23 2,6% |
Praias |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 5,9% 20 2,3% |
Hotéis, actividades turísticas |
0 0% 0 0% |
1 10% 128 12,7% |
0 0% 0 0% |
Paisagem urbana:
património histórico |
0 0% 0 0% |
3 30% 360 35,8% |
0 0% 0 0% |
Paisagem urbana geral |
3 27,3% 802 31,9% |
2 20% 94 9,3% |
1 5,9% 102 11,6% |
Infra-estruturas
(estradas, caminhos de ferro, pontes,
etc.) |
1 9,1% 390 15,5% |
0 0% 0 0% |
2 11,8% 77 8,8% |
Outros meios de transporte |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
1 5,9% 50 5,7% |
Objectos e produtos
apreendidos |
0 0% 0 0% |
0 0% 0 0% |
2 11,8% 124 14,1% |
Outros conteúdos/conteúdos
não categorizados |
4 36,4% 1.037 41,3% |
0 0% 0 0% |
1 5,9% 76 8,6% |
Através da observação da tabela 55 somos levados a concluir que a cobertura fotojornalística das relações entre Portugal e a Galiza é relativamente diversificada, reforçando as ideias transmitidas pelos textos (excepto quando as fotos cumprem funções meramente ilustrativas ou de "tapa-buracos"). Existem, porém, três pontos que me parecem merecer maior explicação:
· O elevado número de fotografias sobre religiosos e actividades religiosas católicas na Visão é circunstancial, tendo resultado da publicação de uma reportagem sobre o Xacobeo 99 e as peregrinações a Santiago; do mesmo modo, e na mesma revista, o relevo fotográfico dado aos criminosos também é circunstancial;
· O facto de os três órgãos jornalísticos analisados terem publicado fotografias de paisagens urbanas mostra que frequentemente o fotojornalismo ainda é usado com uma função essencialmente ilustrativa;
· O elevado número de fotografias não categorizadas no Expresso resulta da publicação de uma extensa reportagem sobre a pesca ilegal de angulas.
Tabela 55
Espaços
geográficos fotografados nas peças sobre a Galiza e Galiza -
Outros Países (excluindo Portugal)
(em número de
fotografias)
|
Expresso |
Falcão
do Minho |
Visão |
Santiago |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Vigo |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
La Coruña |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Ourense |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Tui |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Outra
cidade galega |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Outra
localidade galega (excepto cidades) |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Meio
rural |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Outras
situações |
0 0% |
1 0% |
0 0% |
Total |
0 100% |
1 100% |
0 100% |
A observação da tabela 55 não permite extrair conclusões relevantes sobre o comportamento típico da imprensa semanal portuguesa no que respeita à geografia da cobertura fotojornalística da Galiza.
Tabela 56
Espaços
geográficos fotografados nas peças sobre Galiza - Portugal
(em
número de fotografias)
|
Expresso |
Falcão
do Minho |
Visão |
Santiago |
0 0% |
1 10% |
5 29,4% |
Vigo |
1 9,1% |
3 30% |
0 0% |
La
Coruña |
0 0% |
1 10% |
0 0% |
Tui |
1 9,1% |
0 0% |
0 0% |
Outra
cidade galega |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Outra
localidade galega (excepto cidades) |
0 0% |
0 0% |
2 11,8% |
Meio
rural galego |
0 0% |
0 0% |
2 11,8% |
Lisboa |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Porto |
1 9,1% |
0 0% |
0 0% |
Braga |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Viana
do Castelo |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Vila
Real |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Outra
cidade do Norte |
2 18,2% |
0 0% |
0 0% |
Outra
localidade do Norte |
1 9,1% |
0 0% |
0 0% |
Meio
rural do
Norte |
0 0% |
0 0% |
1 5,9% |
Outra
cidade portuguesa (capital de distrito) |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Outra
cidade portuguesa (excepto capitais de distrito) |
0 0% |
0 0% |
2 11,8% |
Outra
localidade portuguesa |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Meio
rural português (excluindo Norte) |
0 0% |
0 0% |
0 0% |
Outras situações |
5 45,5% |
5 50% |
5 29,4% |
Total |
100% |
10 100% |
17 100% |
Atendendo à tabela 56, é possível dizer-se que não se nota um centralismo geográfico na foto-informação que foi produzida sobre as relações entre Portugal e a Galiza. Também se pode salientar que, nesse contexto, o Expresso enfatizou o Norte de Portugal e que o Falcão do Minho relevou a Galiza. Este facto permite reforçar a ideia de que o Expresso tende a dar importância à Galiza essencialmente quando os acontecimentos e temáticas se referem também a Portugal, optando geralmente por uma "visão lusa". O Falcão do Minho, pelo contrário, reforçou fotograficamente a importância da Galiza em relação a Portugal, provavelmente porque a percepção da importância da Galiza aumenta quanto mais se caminha para o Norte.
Quanto à Visão, não se pode dizer que seja típica a ênfase fotográfica em Santiago de Compostela. De facto, parece-me que o número de fotografias de Santiago foi inflacionado pela reportagem sobre o Xacobeo 99.
3.2 Análise qualitativa
A análise qualitativa baseou-se no estudo específico e comparado das temáticas das notícias com referências à Galiza e no levantamento da linguagem empregue.
É visível, pelas peças publicadas, que a Galiza tende a ser notícia quando está associada a informação sobre Portugal, evidenciando a influência do critério de valor-notícia da proximidade. A temática das notícias sobre a Galiza é relativamente variada, estendendo-se da política à economia, passando pelo desporto, particularmente pelo futebol, pelo Xacobeo 99, pelos eventos culturais, pela influência galega no sistema de saúde português, etc. No entanto, na amostra o futebol é um assunto inflacionado, pois dois dos dias escolhidos para análise dos diários coincidiram com as datas da realização dos jogos entre o Benfica e o Celta de Vigo a contar para a Taça UEFA.
Um dos pontos mais interessantes a reter é a repetição temática de informação nas mesmas datas (ou em datas aproximadas) em diferentes jornais, o que demonstra, do meu ponto de vista, uma de duas possibilidades: ou (1) os assuntos impõem-se por eles mesmos à luz dos critérios de noticiabilidade, como os jogos de futebol entre o Benfica e o Celta de Vigo; ou (2) essas informações sobre a Galiza tiveram origem nas mesmas fontes, tivessem elas sido agências noticiosas ou agentes interessados na promoção de determinados acontecimentos, ideias ou problemáticas, como parece ter acontecido na cobertura do recrutamento de enfermeiros galegos para trabalharem em Portugal.
Também me parece poder dizer que o carácter tendencialmente positivo ou negativo da informação sobre a Galiza está mais relacionado com o tema das notícias do que com o tom ou ângulo do discurso. Inclusivamente, pode afirmar-se que o estilo dos jornais não varia muito. Pode existir maior profundidade no tratamento dos temas ou mais liberdade estilística num ou noutro jornal ou ainda a recorrência a um nível de língua mais culto ou mais comum; dentro de um jornal a própria estrutura de cada notícia pode ser diferente. Mas em todos os jornais analisados se nota a presença de algumas das rotinas discursivas específicas do jornalismo, como o recurso à técnica da pirâmide invertida e a construção enunciativa assente na "rede de facticidade" e nas citações, directas ou sob a forma de paráfrase (aspectos para os quais Tuchman (1978) chamou a atenção).
3.2.1 Jornal de Notícias
O discurso sobre a Galiza protagonizado pelo Jornal de Notícias é tendencialmente neutro e objectivante. As descrições e as citações contribuem significativamente para essa tendência para a neutralidade e factualidade. Assim sendo, é possível dizer que a imagem da Galiza criada e projectada pelo JN depende mais do tema das notícias do que da forma do discurso. No entanto, o facto de o JN ser direccionado para um segmento de mercado médio e médio-baixo potencia, por vezes, uma certa liberdade estilística que chega à informalidade, à metáfora e ao nível de língua popular, particularmente na secção de desporto.
· Objectivização do discurso/rede de
facticidade/neutralidade verbal/descrição e citações/rotinas enunciativas
"O filme 'Lisboa Los Angeles Sem Destino a Insustentável Inocência', de Rui Goulart e Chiado Terrasse Filmes, começa a ser rodado, a partir de hoje, na vila fronteiriça de Valença." (04/01/99)
"O presidente da Caixavigo (...) e o primeiro mandatário da cidade de Vigo (...) assinaram recentemente um novo convénio, Vigocultura 99", por um valor de 110 milhões de pesetas [quantia não convertida em escudos], importância que cobre 50% das actuações que vão ocorrer no auditório do Centro Cultural Caixavigo no presente ano." (18/02/99)
"'Iniciamos a nossa actividade na Galiza com a confiança de quem acredita na força dos nossos interesses comuns, com espírito de serviço e partilha, com a vontade de contribuir para responder aos desafios simbolizados pela moeda única europeia e pela crescente espiritualização das fronteiras, que nos impõem uma nova atitude competitiva e novos modelos de organização e crescimento, adaptados a uma nova escala dos negócios e mercados', afirmou ontem, em Santiago de Compostela, Artur Santos Silva [presidente da Administração do Banco Português de Investimento], na cerimónia de abertura da primeira sucursal do BPI na Galiza." (13/03/99)
"O presidente da Junta da Galiza, Manuel Fraga Iribarne, mostrou-se satisfeito pelo acordo assumido pela maioria dos ministros da Agricultura da União Europeia porque, disse, 'é bom para a Espanha e especialmente para a Galiza'." (13/03/99)
No entanto, para Xosé Manuel Beiras, o 25 de Abril 'teve uma enorme incidência no processo espanhol [de transição para a democracia], potenciando e estimulando'." (28/03/99)
"'Esperamos que o estudo [do prolongamento do IP4 até à Galiza] responda às expectativas', disse José António Ruiz, chefe dos Serviços de Planificação da Direcção-Geral de Estradas de Espanha (...)." (27/05/99)
· Títulos informativos
"Filme de Rui Goulart rodado em Valença" (04/01/99)
"Programa sinfónico arrancou na Galiza" (03/02/99)
"Abel Xavier negoceia com o Celta de Vigo" (19/07/99)
· Título informativo capaz de gerar uma imagem positiva
da Galiza
"Vigocultura 99 programa de milhões" (18/02/99)
· Título sensacionalista capaz de gerar imagem positiva
do Celta de Vigo
"Real Celta de Vigo põe Real Madrid de gatas..." (12/04/99)
· Liberdades estilísticas susceptíveis de promover
imagens positivas/Excertos textuais opinativos e impressivos (subjectivos)
"Celta de Vigo (...) com 'veia goleadora' depois da paragem natalícia" (04/01/99)
"Os galegos do Celta protagonizaram uma das goleadas da jornada. Em casa, 'espetaram' seis golos ao Oviedo, equipa onde pontifica o português Paulo Bento." (04/01/99)
"A Orquestra Sinfónica da Galiza (...) iniciou com grande sucesso a temporada de música clássica no teatro-sala do Centro Cultural Caixavigo, espaço que encheu com um público de todas as idades e entusiasta." (03/02/99)
"Os vigueses que gostam de boa música -e diga-se de passagem que são muitos, a julgar pela massiva afluência no auditório em cada concerto- poderão desfrutar de outro espectáculo clássico (...)." (03/02/99)
"Também o gaiteiro mais famoso de Espanha, que abriu as portas ao mundo neste campo musical e partilhou o palco com as mais afamadas figuras do espectáculo a nível mundial, Carlos Nuñez, vai apresentar-se em Vigo no próximo dia 27 (...)." (18/02/99)
"Exibição espectacular da equipa galega [Celta de Vigo] destroçou por completo o clube 'merengue' contagiado pelo abatido jugoslavo Mijatovic" (12/04/99)
"O Celta - Real Madrid entrou mesmo na história, não por causa da guerra na Jogoslávia (que, de certa forma, atormentava as duas equipas), mas porque a equipa galega decidiu fazer da tarde uma festa, goleando o actual campeão europeu por 5-1, com uma exibição de gala e que teve direito a foguetes e músicas diversas." (12/04/99)
"Karpin e Revivo correm muito (mais do que qualquer adversário) e 'algemam' a bola aos seus pés, apenas a libertando daquela força magnética para a colocarem onde querem. Mostovoi faz com ela tudo o que qualquer criança gosta de fazer. Parece que a quer só para si, mas quando a passa a alguém obriga esse alguém a marcar golos! Que o diga o búlgaro Penev, que ontem teve a honra de dar as primeiras 'estocadas' no touro que veio moribundo de Madrid para morrer na Galiza." (12/04/99)
"No outro encontro das meias-finais, o Corunha obteve um precioso empate a um golo no terreno do Mallorca." (18/02/99)
· Liberdades estilísticas susceptíveis de promover imagens negativas
"Outro lusitano que divide muitas opiniões é Pauleta. O ponta de lança do Deportivo voltou a ficar em branco (...)." (19/01/99)
· Esforço interpretativo e contextual
"Se os portugueses se dirigem, normalmente às localidades galegas por motivos turísticos, à procura de apreciar a gastronomia, em que avulta o marisco, ou de convívio em bares, os habitantes da margem norte procuram Vila Nova de Cerveira, especialmente no dia de feira, aos sábados, para compra de têxteis-lar, vestuário, artesanato, bebidas. Aliás, a feira cerveirense, talvez por se realizar num dia em que pouca gente trabalha, é muito procurada por alto-minhotos de outros concelhos (...)." (12/04/99)
"Manuel Rodrigues Lapa trabalhou de tal forma em comunhão com a Galiza que muitos dos seus conterrâneos já o consideravam galego." (12/05/99)
· Paráfrase que contribui para uma imagem positiva da
Galiza
"O presidente da Junta da Galiza, a 17ª personalidade
a receber tal galardão [medalha de ouro da cidade de Guimarães], foi apresentado
como 'grande amigo', cuja presença há muito era desejada em Guimarães, depois
do apoio que prestou à integração do município português no Eixo
Atlântico." (25/06/99)
Resumos das
notícias sobre a Galiza publicadas no Jornal de Notícias
Notícia |
Data |
Filme de Reui Goulart rodado em Valença - Cerca de uma centena de figurantes galegos e portugueses candidataram-se para participar no filme "Lisboa Los Angeles", de Rui Goulart, que começa hoje a ser rodado em Valença. |
04/01 |
Líder Maiorca derrotado na viagem a Extremadura - O Maiorca continua com um ponto de vantagem sobre o Celta de Vigo, após ter sido disputada a 16ª jornada da Liga Espanhola de Futebol. |
04/01 |
Figo continua a florir em equipa de tulipas - Na jornada em que o Celta de Vigo ascendeu ao primeiro lugar na Liga Espanhola de futebol, os futebolistas portugueses a actuar em Espanha destacaram-se por várias razões: Figo marcou; Sá Pinto foi expulso; Pauleta, do Deportivo da Coruña, voltou a ficar em branco. |
19/01 |
Deportivo pede adiamento -O treinador do Deportivo da Coruña, Javier Irureta, pediu o adiamento do jogo com o Celta de Vigo, referente à Taça do Rei e agendado para amanhã, já que dispõe somente de catorze jogadores aptos para o confronto. |
19/01 |
Há que fazer apelo a muita imaginação - A Companhia de Dança de Lisboa vai inaugurar o Festival de Dança da Galiza e participar nas celebrações do Xacobeo 99, a convite do Instituto Galego das Artes Escénicas, apesar de não receber subsídios do Ministério da Cultura há quatro anos. |
19/01 |
Ceta lança em Aveiro círculos de teatro - As comemorações do 40º aniversário do grupo de teatro Ceta, de Aveiro, estão orientadas para a expressão teatral luso-galaica. |
03/02 |
Programa sinfónico arrancou na Galiza - A Orquestra Sinfónica da Galiza, sob a direcção do maestro Giovanni Antonini, iniciou a temporada de música clássica no teatro-sala do Centro Cultural Caixavigo, em Vigo. Estão agendados concertos da Sinfonia de Varsóvia e Madrigalistas de Praga. |
03/02 |
Real Madrid tirou a barriga de misérias - O Real de Madrid venceu o Racing de Santander e o Deportivo da Coruña empatou com o Maillorca em jogos a contar para a primeira-mão dos quartos-de-final da Taça do Rei de Espanha. |
18/02 |
Vigocultura 99 programa de milhões - Mais de 60 espectáculos de música, teatro, ópera, bailado e exposições de pintura vão animar Vigo até ao final do ano, no âmbito de um acordo entre o município e a Caixavigo. |
18/02 |
Espanha persegue dinheiro em Portugal - O diário La Voz de Galicia noticiou que o Ministério das Finanças espanhol acredita que nas ilhas portuguesas dos Açores e da Madeira se está a branquear uma grande quantidade de dinheiro procedente de Espanha, fundamentalmente dos sectores da pesca e imobiliário. O dinheiro, após ser branqueado, regressa a Espanha. |
26/02 |
Futuro do jornalismo debatido em Guimarães - O coordenador do jornal La Voz de Galicia intervirá hoje na Primeira Convenção de Jornalistas, que decorre em Guimarães, numa iniciativa do Gabinete de Imprensa de Guimarães. Manuel Sola falará sobre a imprensa regional galega. |
26/02 |
BPI aposta forte na região da Galiza - O presidente da Administração do BPI, Artur Santos Silva, presidiu à abertura da primeira sucursal do banco em Santiago de Compostela, na presença do presidente da Xunta de Galicia, Fraga Iribarne. |
13/03 |
Galiza e Norte de Portugal ampliam cooperação - O Instituto Galego para a Promoção Económica (IGAPE) vai colaborar com entidades portuguesas para desenvolver projectos de cooperação transfronteiriça com o Norte de Portugal, ao abrigo do programa Interreg II. Entretanto, o presidente da Xunta de Galicia, Manuel Fraga Iribarne, congratulou-se pelo acordo assinado pelos ministros da Agricultura da União Europeia, que permite à Galiza produzir mais 550 mil toneladas de leite. |
13/03 |
Espanha "aprendeu" com o 25 de Abril - O líder do Bloco Nacionalista Galego, Xosé Manuel Beiras, disse, no Porto, que a revolução portuguesa do 25 de Abril de 1974 impulsionou a transição pacífica do franquismo para a democracia em Espanha. Beiras esteve no Porto a convite da União de Sindicatos do Porto para participar nas comemorações do 25 de Abril. |
28/03 |
Ernst Hemingway tema de exposição - A CaixaVigo acolhe uma mostra sobre o escritor norte-americano Ernest Hemingway até ao dia 18 de Abril. Estarão patentes ao púbico meia centena de obras do autor, com as primeiras edições em inglês e castelhano, livros críticos, artigos na imprensa assinados por escritores e intelectuais, cartas e textos inéditos que reflectem a relação de Hemingway com Espanha, particularmente com as cidades de Madrid e Pamplona. |
28/03 |
Real Celta de Vigo põe Real Madrid de gatas - O Celta de Vigo goleou o Real de Madrid por 5 - 1. |
12/04 |
Presidente de Valença distinguido - Um júri de jornalistas galegos do jornal La Voz de Galicia e da Rádio Voz distinguiu o presidente da Câmara de Valença e o alcaide de Tui com o prémio "Voces del Año" pelos esforços de ambos os municípios para serem classificados como Património da Humanidade pela UNESCO. |
12/04 |
Burocracia atrasa ponte de Cerveira - A construção da nova ponte internacional do Rio Minho, que ligará Cerveira a Goyan, está a atrasar-se devido à demora na constituição da Comissão mista Luso-Espanhola que aprovará o projecto. Apesar de o ministro português João Cravinho prometer a ponte para 2001, o presidente da Câmara de Vila Nova de Cerveira diz que não acredita, pois "o projecto está emperrado nas teias da burocracia". |
12/04 |
"Cabo da Boa Esperança" regressa à cena na Galiza - A Companhia de Dança de Lisboa inaugura hoje, em Pontevedra, a Mostra Internacional de Dança, seguindo depois para Vigo, onde também actuará, a convite do Instituto Galego das Artes Cénicas e Musicais. |
27/04 |
Jantar galego no Casino da Póvoa - O Casino da Póvoa do Varzim promove, no próximo fim-de-semana, um festival gastronómico galego. |
27/04 |
Taira e Rogério brilham na queda do Real Madrid - O futebolista português Pauleta, que actua no Deportivo da Coruña, substituiu o seu colega Bassir num jogo contra o Valladolid, o que motivou os protestos do público, apesar de o português ter construído a jogada do terceiro golo do Deportivo. Os restantes jogadores portugueses a actuar na Liga Espanhola também se evidenciaram, designadamente Figo, do Barcelona, Sá Pinto, da Real Sociedad, e Taira e Rogério, do Salamanca, que empatou com o Real de Madrid. |
27/04 |
Rodrigues Lapa lega livros à Galiza - Mais de dois mil livros foram entregues pela família do falecido filólogo português Rodrigues Lapa à biblioteca da Fundação Penzol, em Vigo, em cumprimento de instruções testamentárias. |
12/05 |
Antigo paiol em Valença irá acolher museu militar - A Câmara de Valença, em parceria com uma localidade de Ourense, na Galiza, e outra do país Basco, vai apresentar uma candidatura a fundos comunitários para a reconversão do antigo paiol em museu militar e para a animação deste novo espaço. |
27/05 |
IP4 até Espanha deu mais um passo - A Comissão de Coordenação da Região Norte e o consórcio luso-espanhol Norvia assinaram ontem um contrato de oito meses para a realização do estudo da viabilidade técnico-económica da ligação rodoviária entre Bragança e Puebla de Sanábria, na Galiza. |
27/05 |
Encontro Luso-Galaico regressa em cheio - A Sociedade de Tiro do Porto organiza novamente este ano o Encontro Luso-Galaico de Tiro, em que participarão vários atletas galegos, nomeadamente do Club Olímpico A Coruña. |
05/06 |
Mártires da Liberdade, estrada velha de Braga - A actual Rua dos Mártires da Liberdade, em Braga, constitui um tramo da estrada velha de Braga, que era um antigo caminho de peregrinação para Santiago de Compostela. |
05/06 |
Fraga Iribarne elogia recuperação do centro histórico - O presidente da Xunta de Galicia, Manuel Fraga Iribarne, foi a 17ª personalidade a receber a Medalha de Ouro de Guimarães, durante mais uma cerimónia evocativa da batalha de São Mamede [confronto que conduziu à independência de Portugal]. O presidente do Governo galego elogiou, no seu discurso, a recuperação do centro histórico de Guimarães, que comparou à de Santiago de Compostela, manifestou o desejo de que a candidatura de Guimarães a Património Mundial seja aprovada e relevou os laços culturais que unem Portugal e a Galiza, tendo destacado o papel da Sociedade Martins Sarmento. |
25/06 |
Uma parada de estrelas actua amanhã em Pontevedra - O concerto da British Rock Symphony e de vários cantores de rock ingleses, no Estádio Pasaron, em Pontevedra, promete ser um dos pontos altos das celebrações do Xacobeo 99 nesta cidade galega. Os bilhetes custam 1.500 pesetas. |
25/06 |
Arte cistercense na Galiza e Portugal - O Museu de Pontevedra está a apresentar uma exposição sobre artes cistercense na Galiza e em Portugal, promovida pelas fundações Barrie de la Maza e Calouste Gulbenkian, no âmbito das comemorações do IX centenário da Ordem de Cister. |
04/07 |
Abel Xavier negoceia com o
Celta de Vigo - Abel Xavier, que na época passada representou o
PSV Eindhoven, poderá vir a alinhar pelo Celta de Vigo na próxima época. O futebolista português é o preferido do
treinador Victor Fernandez para ocupar o lugar de Michel Salgado, que foi
vendido ao Real Madrid. |
19/07 |
Uma visão fotográfica da fauna e da flora - O fotógrafo galego Luís Dorado expõe meia centena de fotografias na sala da estação ornitológica do Estuário do Minho, na freguesia de Camposancos, em La Guardia. |
03/08 |
As 10 maiores transferências - O futebolista Rivaldo, do Brasil, transferiu-se na época de 1997/98 do Deportivo da Coruña para o Barcelona por 25 milhões de euros (cerca de 4,9 milhões de contos). |
03/08 |
Emprego entre Galiza e Portugal - O serviço Eurotransfronteiriço Galiza-Norte de Portugal, situado na fronteira de Valença, recebeu, nos primeiros meses do ano, cerca de 650 consultas, 500 das quais eram pedidos de emprego. |
18/08 |
Mais de um milhão de contos para empresas luso-galegas - O recém-criado Fundo de Reestruturação e de Internacionalização Empresarial (FRIE), destinado a empresas portuguesas e galegas, deve entrar em funcionamento até meados de Setembro, tendo uma dotação inicial de mais de um milhão de contos. O Fundo foi criado por iniciativa da Comissão de Coordenação da Região Norte e da Xunta da Galicia, sendo gerido pelas sociedades PME Capital e Sodiga Galicia. |
02/09 |
Quinta ponte sobre o Minho ligará a Galiza a Cerveira - Uma nova ponte sobre o Rio Minho, entre Cerveira e Goián, poderá ser construída dentro de dois anos, segundo um acordo a firmar em finais do Verão. A construir-se, esta será a quinta ponte a unir a Galiza a Portugal, mais de um século depois da inauguração da primeira ponte internacional entre Tui e Valença (1884). |
02/09 |
Fraga admite voltar para encabeçar lista - O presidente da Xunta de Galicia, Manuel Fraga Iribarne, admitiu voltar a candidatar-se, pela quarta vez, à presidência da Xunta, encabeçando a lista do Partido Popular. |
11/09 |
Santiago recebe 7500 idosos - 7 500 idosos de Famalicão vão deslocar-se a Santiago de Compostela, em dois passeios organizados pela Câmara Municipal, com a colaboração da Associação Dar as Mãos. Hoje partem para Santiago 2300 idosos. Os idosos portugueses pretendem, assim, associar-se às celebrações do Xacobeo 99. |
11/09 |
Pauleta joga em busca do seu primeiro golo - O futebolista português Pauleta, do Deportivo da Coruña, espera marcar hoje o seu primeiro golo na Liga Espanhola, num encontro frente ao Valladolid. |
11/09 |
Cicloturismo/Miniclássica Porto-Vigo-Porto - A prova clássica de ciclismo Porto - Vigo inicia-se hoje. A primeira etapa une o Porto a Cerveira e a segunda etapa une Cerveira a Vigo. |
11/09 |
Pedro Costa mostrou galões
de seleccionado - O ciclista galego Óscar Pereiro, da equipa Água
de Mondariz, manteve a camisola amarela da sétima Volta a Portugal do Futuro,
após disputa da quinta etapa, ganha por Pedro Costa, da equipa
Barbot-Gondomar. Óscar Pereiro contou
com a ajuda do seu companheiro de equipa Miguel Giraldez e também com a dos
ciclistas da equipa Casa Peixoto - Barroselas. O director desportivo desta equipa justifica a ajuda dada ao
ciclista galego com a amizade que une os ciclistas do Minho e da Galiza, que
competem bastante de um e de outro lado da fronteira. |
11/09 |
Portugal ainda mexe - O Celta de Vigo e o Deportivo da Coruña seguem em frente na Taça UEFA, após terem derrotado, respectivamente, o Lausanne e o Stabaek. O Benfica também segue em frente, após ter derrotado o Dínamo de Bucareste, mas o Sporting, o Setúbal e o Beira Mar foram eliminados. |
01/10 |
Sporting Paivense vai jogar à Galiza - O Sporting Clube Paivense, de Castelo de Paiva, vai jogar com o Sporting de Sada, da Galiza, no âmbito de um programa de intercâmbio desportivo. O jogo realiza-se depois de amanhã, durante a Festa da Hispanidade. |
10/10 |
Nove candidatos à linha Vigo-Porto - As propostas para a realização do estudo de desenvolvimento do corredor ferroviário entre Vigo e Porto foram abertas ontem, na Xunta de Galicia, tendo já sido afastado um dos concorrentes, o consórcio luso-espanhol constituído pelas empresas WS Atkins e Getinsa. O vencedor do concurso será conhecido na primeira quinzena de Dezembro. |
09/11 |
Ligação Porto-Vigo nas vias da polémica - O Governo espanhol acusou ontem o Governo português de ser o principal responsável pela redução de serviços ferroviários entre a Galiza e o Norte de Portugal, ao mesmo tempo que tem impedido que as modernas composições espanholas TRD circulem na linha Porto-Vigo. As acusações, que se sucedem a outras de idêntico teor da empresa espanhola de caminhos-de-ferro RENFE, foram feitas no Congresso de Deputados por um porta vos do Governo de Espanha. |
24/11 |
Dupla homenagem em terras do Gerês - A fronteira da Portela do Homem foi enaltecida como "porta privilegiada para o relacionamento entre galegos e geresianos" durante o encontro luso-galaico dos Amigos da Portela do Home. |
24/11 |
Comitiva benfiquista inclui 23 jogadores - O Benfica deslocou 23 jogadores para Vigo, onde vai disputar amanhã, com o Celta de Vigo, o jogo da primeira-mão da terceira eliminatória da Taça UEFA. A equipa faz hoje à tarde um treino de adaptação do Estádio Balaídos. |
24/11 |
Mostovoi diz que o Benfica é favorito só pela história e não pelo futebol que pratica - O ex-benfiquista Mostovoi, actualmente a jogar no Celta de Vigo, afirmou que as hipóteses de passagem à próxima eliminatória da Taça UEFA são iguais para ambos os clubes, ressalvando que "o Benfica poderá ser favorito pela história, mas não pelo futebol que pratica actualmente". Os clubes galegos Deportivo da Coruña e Celta de Vigo lideram actualmente o campeonato espanhol de futebol. |
24/11 |
Jupp Heynckes atribui favoritismo ao Celta - O treinador do Benfica atribui ao Celta de Vigo o favoritismo para o jogo da primeira-mão da terceira eliminatória da Taça UEFA. |
24/11 |
Peça de Sinisterra encerrou "Festeixo" - A peça "O Cerco de Leninegrado", de José Sanchis Sinisterra, apresentada pelo Teatro Atlântico, da Corunha, encerrou a quarta edição do Festival de Teatro do Eixo Atlântico, que decorreu em Viana do Castelo. As representações mais concorridas deste festival foram "Os Feirantes", peça levada à cena pelo teatro do Noroeste, de Santiago de Compsotela, e "Get Off My Garden", do grupo portuense Diabo a Quatro. Durante o festival, foi atribuído o II Prémio Eixo Atlântico de Texto Dramático ao dramaturgo português Jaime Rocha e ao dramaturgo galego Roberto Vidal Bolaño, ex-aequo e por decisão unânime do júri. |
09/12 |
"Os jogadores vão deixar a pele dentro do campo" - O treinador alemão Jupp Heynckes desdramatiza a crise no Benfica, após a derrota por 7 - 0 com o Celta de Vigo, dizendo que a sua equipa está preparada e mentalizada para ganhar o jogo da segunda-mão da terceira eliminatória da Taça UEFA frente a esta equipa galega, que hoje se disputa em Lisboa. |
09/12 |
Galegos sem Mostovoi estão em Lisboa para ganhar - Vários dos titulares habituais do Celta de Vigo, como Mostovoi, Gustavo Lopez e Djorovic, ficaram na Galiza e não vão ser utilizados frente ao Benfica, no jogo que hoje se disputa em Lisboa. Os jogadores do Celta que se deslocaram a Lisboa dizem que querem vencer este jogo. |
09/12 |
Contrariar as convenções - As
meias de mulher são o material usado pela escultora galega Rut
Martinez López de Castro nas suas obras, que se expõem a partir do próximo
sábado na Esteta Galeria, no Porto. O
cronista escreve que "Estamos perante um conjunto de obras que nos
permitem várias visões sobre a forma.
(...) Aí está, em minha
opinião, o interesse e consequentemente a qualidade estética destas peças
(...)." |
09/12 |
Comparando as notícias sobre a Galiza publicadas no Jornal de Notícias chega-se à conclusão de que o jornal protagoniza uma informação sobre esse país que, embora diversificada, assenta essencialmente em dois grandes pilares: o futebol e os eventos culturais. Aliás, o futebol (na Liga Espanhola e não exclusivamente o futebol galego) parece ser uma preocupação constante e não momentânea, embora os jogos entre o Benfica e o Celta de Vigo tenham sido bastante cobertos. As acessibilidades, a política e a economia não foram esquecidas, mas o volume de informação não é representativo dos laços políticos e, sobretudo, dos laços económicos que unem a Galiza ao Norte de Portugal. Fica-se, talvez, com a sensação de que o facto de o JN ter correspondentes em Santiago de Compostela e Vigo não gera uma cobertura significativamente mais intensa e diversificada da Galiza do que a protagonizada por outros jornais, embora, claro está, existam diferenças entre os órgãos de comunicação social que possuem correspondentes na Galiza, capazes de gerar mais informação sobre esse país, e os jornais que não os possuem.
Há um tema ausente nos exemplares do JN que constituíram a amostra mas que está presente com frequência noutros jornais: o fluxo de médicos e enfermeiros galegos para Portugal. Este facto contraria um pouco as minhas expectativas pessoais, já que o Jornal de Notícias me parecia um jornal apostado em dar relevo a este tipo de questões.
3.2.2 Correio da Manhã
Embora com excepções, a forma do discurso sobre a Galiza protagonizado pelo jornal Correio da Manhã não afecta significativamente a imagem da Galiza ou a imagem das relações entre Portugal e a Galiza. Neste jornal, tal como nos restantes, a geração de imagens positivas ou negativas da Galiza e das relações entre Portugal e a Galiza depende mais do tema tratado do que da forma do discurso, já que este é tendencialmente descritivo e objectivante. Em alguns casos, particularmente nos títulos, em geral, e na secção de desporto, em particular, há maior liberdade estilística, assumindo o discurso, por vezes, um certo recorte popular, até porque se trata de um jornal direccionado para um segmento de mercado baixo e médio. No entanto, o empréstimo de emoção e de sensação que é dado aos assuntos por mercê do estilo tende a não comprometer em excesso, pela positiva ou pela negativa, a imagem que o texto projecta da Galiza ou das relações entre Portugal e a Galiza.
· Geração de imagem positiva da Galiza a partir da forma
do discurso
"Todos os caminhos vão dar a Santiago de Compostela" (03/02/99)
· Títulos emotivos e sensacionais
"Real humilhado em Vigo" (12/04/99)
"Brilhante como nunca!" (25/06/99)
· Títulos de duplo sentido
"Espanha quer Portugal nos carris" (27/04/99)
· Títulos informativos
"Empresário galego desaparece em Valença" (10/10/99)
· Objectivização do discurso/rede de
facticidade/neutralidade verbal/descrição e citações/rotinas enunciativas
"O último Jacobeu do milénio, que este ano se celebra em Santiago de Compostela, deve, segundo a secção de turismo do Governo da Galiza, levar a esta região espanhola mais de oito milhões de peregrinos." (03/02/99)
"O Visionarium será, a breve prazo, integrado nos circuitos turísticos para o Norte de Portugal. Essa possibilidade foi avançada por operadores galegos, durante uma visita a esse Centro de Ciência." (12/04/99)
"'Este é o caminho mais correcto [comboio de alta velocidade pela Extremadura], o outro [pela Galiza] é um disparate desde o ponto de vista económico e de necessidades (...)', salientou." (27/04/99)
"A futura auto-estrada entre Bragança e a Galiza deu ontem mais um passo. No caso com a assinatura do contrato referente ao 'Estudo de Viabilidade Técnico-Económica da Ligação entre a IP4 e Puebla de Sanábria', via incluída no Plano Rodoviário Nacional." (27/05/99)
"A cidade de Pontecesso, na Corunha, vai ser palco da XII Mostra Filatélica Internacional de Inteiros Postais - Interpor 99, que vai ter lugar no Polidesportivo de Corme." (04/07/99)
"'A derrota frente ao Porto já pertence ao passado, agora temos de pensar apenas no jogo com o Celta e ter uma atitude mais correcta', afirmou." (24/11/99)
· Análise e adjectivação, ligação de factos e
extrapolação de consequências
"Dispostos a aproveitar esta magnífica oportunidade [Xacobeo; Santiago Capital Europeia da Cultura] estão os hoteleiros e operadores turísticos do Minho. (...) Em 99 e 2000, os olhos estão postos em Santiago de Compostela e, em 2001, no Porto, que, como se sabe, é, logo nesse ano, a Capital Europeia da Cultura." (03/02/99)
· Estilo "livre" e estilo opinativo
"Brilhante! É assim que se pode classificar a última edição da Liga Espanhola de futebol." (25/06/99)
"Do mal o menos, mas a crise [do Real] está a fazer-se sentir em Madrid." (25/06/99)
"Marcar um golinho seria ouro sobre azul." (24/11/99)
"De malas aviadas para Vigo (...)." (24/11/99)
Resumos das
notícias sobre a Galiza publicadas no jornal Correio da Manhã
Notícias |
Data |
Todos os caminhos vão dar a Santiago de Compostela - Os operadores turísticos do Minho querem aproveitar o Xacobeo 99 e a escolha de Santiago como Capital Europeia da Cultura no ano 2000 para atrair turistas ao Norte de Portugal. Os operadores pretendem promover os Caminhos de Santiago que passam pelo Minho (Noroeste, Lima, Norte, Celanova, Geira Romana e Lamego), especialmente o Caminho da Geira Romana. |
03/02 |
Hat-trick de Penev na base da goleada/Real humilhado em Vigo - O Real de Madrid foi goleado por 5 - 1 em Vigo pelo Celta, tendo ficado praticamente afastado da luta pelo título da Liga Espanhola de futebol. |
12/04 |
Visionarium atraiu operadores galegos - Operadores turísticos galegos visitaram o centro científico Visionarium para avaliar da possibilidade de o incluir nos circuitos turísticos para o Norte de Portugal. |
12/04 |
Espanha quer Portugal nos carris - Os presidentes dos Governos Autonómicos da Extremadura e de Castilla-La Mancha querem que a ligação por comboio de alta velocidade entre Lisboa e Madrid se faça pelas suas Autonomias e não pela Galiza. |
27/04 |
Auto-estrada liga Bragança à Galiza - Foi adjudicado o "Estudo da Viabilidade Técnico-Económica da Ligação Entre o IP4 e Puebla de Sanabria", que se destina a avaliar a viabilidade da ligação por auto-estrada entre Bragança e Puebla de Sanabria, na Galiza. |
27/05 |
As contas finais da Liga Espanhola/Brilhante como nunca - O Celta de Vigo e o Deportivo da Coruña vão ser duas das equipas espanholas que vão disputar a Taça UEFA, depois de o Barcelona se ter sagrado campeão a três jornadas do fim. |
25/06 |
Interpor 99 realiza-se na Corunha - A XII Mostra Filatélica Internacional vai realizar-se na Corunha. Estarão patentes colecções sobre "Galiza e Xacobeo", entre outros temas. |
04/07 |
Museus de Fafe na Internet - O Projecto Geira, parceria que une as universidades do Minho e de Trás-os-Montes com o objectivo de fomentar a circulação de informação entre o Norte de Portugal e a Galiza, criou páginas na Internet para os museus do Automóvel, da Imprensa e Hidroeléctrico de Santa Rita, em Fafe. |
04/07 |
4º Festeixo está definido - O 4º Festival de Teatro do Eixo Atlântico vai decorrer em Viana do Castelo, de 20 de Novembro a 5 de Dezembro, com a participação de dez companhias galegas e portuguesas, que realizarão onze espectáculos. |
04/07 |
Jovens de sete países recuperam moinho - Jovens galegos fazem parte de um grupo juvenil que está a recuperar um moinho com mais de dois séculos de existência, na Serra de Valongo, perto do Porto. |
18/08 |
Torres Vedras procura médicos espanhóis - O Hospital Distrital de Torres Vedras colocou esta semana anúncios na imprensa espanhola, com particular destaque para a imprensa galega, para recrutar médicos para trabalharem em Portugal. O hospital tem já vários enfermeiros galegos a trabalhar nos seus serviços. |
02/09 |
Cubano faz-se à estrada por amizade - O cidadão cubano Homero Castellanos iniciou uma caminhada por Portugal, para assinalar o 70º aniversário da Companhia de Aviação Cubana. A caminhada, que começou em Lagos, só terminará em Santiago de Compostela. |
02/09 |
Derby de Barcelona aquece Camp Nou - Os jogos entre o Atlético de Madrid e o Celta de Vigo e entre o Deportivo Coruña e o Valladolid são dois dos que estão calendarizados para mais uma jornada da Liga Espanhola, em que também se confrontam Barcelona e Espanhol. |
11/09 |
Dulce Pontes em Espanha e Holanda - A cantora portuguesa Dulce Pontes começou a apresentar o seu trabalho "Primeiro Canto" em Espanha. A cantora actuará em Vigo, além de outras cidades espanholas, seguindo, posteriormente, para a Holanda. |
01/10 |
Cem pilotos "invadem" circuito Vasco Sameiro/Braga recebe caravana europeia - Pelo quinto ano consecutivo o circuito Vasco Sameiro, em Braga, recebe uma prova do Campeonato Europeu de Motociclismo (125 cc, 250cc e Supersport). Esta jornada conta ainda com uma prova pontuável para o Campeonato Galego de Sport Produção, que termina em Braga. |
01/10 |
Empresário galego desaparece em Valença - As autoridades policiais portuguesas e espanholas estão a procurar o empresário galego Guillermo López, de 72 anos, que desapareceu em Valença do Minho. |
10/10 |
Heynckes reforça contingente para a Galiza - O técnico alemão do Benfica, Jupp Heynckes, convocou 23 jogadores para o jogo frente ao Celta de Vigo. |
24/11 |
Benfica em Vigo, Heynckes diplomático/"O Celta é favorito!" - O técnico alemão do Benfica, Jupp Heynckes, atribui ao Celta de Vigo todo o favoritismo para o jogo com o Benfica, embora tenha esperanças de alcançar um bom resultado. |
24/11 |
Central Ronaldo porta-voz do Benfica/Uma esponja sobre as Antas - O defesa Ronaldo, do Benfica, desvalorizou, na véspera do jogo com o Celta de Vigo, a derrota sofrida com o FC Porto no Estádio das Antas, no Porto. Segundo o jogador, essa derrota não afectou a equipa, que está concentrada no jogo com o Celta, na primeira mão da terceira eliminatória da Taça UEFA. |
24/11 |
Dez mil "encarnados" vão entupir ruas - Cerca de dez mil adeptos do Benfica acompanharão a equipa a Vigo, para assistirem ao jogo entre a sua equipa e o Celta. |
24/11 |
Celta de Vigo quer ganhar hoje na Luz/"Não viemos cá brincar!" - Os jogadores e dirigentes do Celta de Vigo chegaram ontem a Lisboa, onde vão enfrentar o Benfica, no jogo da segunda mão da terceira eliminatória da Taça UEFA. O Celta venceu o Benfica por 7 - 0 no jogo da primeira mão, disputado em Vigo. |
09/12 |
Mostovoi ficou em Espanha - O
ex-benfiquista Mostovoi é o grande ausente do Celta de Vigo para o jogo de
hoje frente ao Benfica, no Estádio da Luz, em Lisboa. O técnico do Celta convocou dezoito
futebolistas para o jogo. |
09/12 |
Vale oferece almoço à direcção do clube galego - O presidente do Benfica, João Vale e Azevedo, recebeu ontem em sua casa os elementos da direcção do Celta de Vigo que se deslocaram a Lisboa, tendo oferecido o almoço a 36 pessoas. |
09/12 |
Benfica - Celta: Heynckes
mexe no "onze"/"Vamos deixar a pele em campo" - O
técnico alemão do Benfica, Jupp Heynckes, afirma que os seus jogadores
"vão deixar a pele em campo" para poderem vencer hoje o Celta de
Vigo, no jogo da segunda mão da terceira eliminatória da Taça UEFA, e
atenuarem assim a derrota por 7 - 0 que sofreram em Vigo. Alguns dos habituais titulares do Benfica
não vão alinhar frente ao Celta. |
09/12 |
Médicos espanhóis na saúde de Braga - Mais dez médicos espanhóis, especialmente galegos, podem ser contratados para os centros de saúde do distrito de Braga. Foram publicados anúncios na imprensa espanhola, designadamente na imprensa galega, para atrair os médicos de Espanha. |
31/12 |
Enfermeiras galegas no Hospital da Feira - Enfermeiras galegas foram recrutadas pelo Hospital de Vila da Feira, após publicação de anúncios na imprensa galega. |
31/12 |
Raianos fogem para Espanha por causa do preço das casas - Cada vez mais portugueses da raia entre Portugal e a Galiza vão habitar para a Galiza, onde as casas são mais baratas. |
31/12 |
O futebol, devido aos jogos entre o Benfica e o Celta de Vigo, é o assunto mais empolado no Correio da Manhã. Provavelmente, em circunstâncias normais não existirá tanta informação sobre o futebol galego, mesmo contabilizando todo o interesse que a Liga Espanhola de futebol desperta em Portugal. No campo oposto, só uma notícia foca o Xacobeo 99, o que contrariou as minhas expectativas.
É de notar o destaque dado pelo CM ao recrutamento de médicos e enfermeiros espanhóis, particularmente galegos, pelo Ministério da Saúde de Portugal. Lendo-se o CM, fica-se com a sensação de que o sistema de saúde português só consegue ir adiando a ruptura com o concurso de profissionais da Galiza. É, portanto, um tema que, em princípio, dá uma imagem positiva da Galiza e dos galegos, bem como das relações entre portugueses e galegos, mas que contribui para a má imagem que tem o sistema português de saúde. Porém, esta temática também pode negativizar a imagem da Galiza, uma vez que esta é uma Autonomia cujo mercado de trabalho não consegue absorver os enfermeiros e médicos que forma.
3.2.3 Diário de Notícias
A cobertura que o Diário de Notícias faz da Galiza é tendencialmente neutra e objectivante, assentando significativamente na descrição e, seguidamente, na análise (neste caso especialmente nas temáticas de economia, política e, por vezes, desporto). É esta a conclusão que se pode extrair do estudo qualitativo do discurso do DN quando a Galiza é tema do noticiário (embora quase sempre a cobertura da Galiza esteja associada a Portugal). Os títulos são, geralmente, clássicos, assumindo preocupações informativas. Portanto, pode-se inferir que as imagens da Galiza projectadas pela enunciação jornalística no Diário de Notícias dependem essencialmente do tema da informação e não do ângulo ou tom do discurso.
· Objectivização do discurso/rede de
facticidade/neutralidade verbal/descrição e citações/rotinas enunciativas
"A falta de enfermeiros em Portugal levou o primeiro hospital público com gestão empresarial, o São Sebastião, em Santa Maria da Feira, a contratar 60 recém-formados na Galiza, disse à Lusa o director da unidade. Hugo Meireles referiu que foi aberto concurso na Galiza depois de esgotadas as tentativas para contratar enfermeiros no País. (...) 'Recebemos quase 300 respostas e ainda estamos a receber currículos', referiu, sublinhando que tal se deve ao facto de haver muita falta de emprego para enfermeiros em Espanha." (03/02/99)
"A Portugália iniciou este mês um serviço de autocarro entre a Galiza e o aeroporto do Porto. (...) Durante a semana estão a ser efectuadas três viagens diárias Vigo/Porto/Vigo, em autopullman, e aos sábados duas." (12/04/99)
"Os produtores de Entre Douro e Minho têm de se convencer que estão no principal espaço de consumo da Península Ibérica. A região está a uma hora da Galiza, o que lhe dá um potencial de sete milhões de consumidores. A afirmação é do director regional de Agricultura de Entre Douro e Minho. (...) O director regional continua a acreditar que o Entre Douro e Minho, apesar de não ter dimensão, 'tem todas as condições para continuar a ser uma grande região agrícola e para diversificar os seus produtos'." (12/04/99)
"Para o jogador [Karpin, do Celta de Vigo], os cerca de dez mil adeptos benfiquistas esperados no Estádio Balaídos não são motivo de preocupação: 'Tanto me dá que o estádio esteja cheio de turcos ou de portugueses', disse aos jornalistas." (24/11/99)
· Análise jornalística
"As empresas portuguesas em Espanha parecem pouco interessadas em desenvolver um perfil de forte notoriedade no país vizinho. Pese embora a eficácia provada da publicidade para vender e criar imagem e prestígio institucional, poucas delas têm levado a cabo nos últimos anos campanhas publicitárias em meios de difusão em Espanha. Com a quase excepção da Renova, Banco Espírito Santo, TAP, Portugália e, agora, a Brasopi, que têm vindo a protagonizar acções publicitárias nos media, incluindo a televisão, a maior parte das restantes empresas -entre elas a Caixa Geral de Depósitos, Petrogal e Cimpor- ou não fazem qualquer tipo de publicidade visível ou limitam as suas acções à imprensa especializada ligada ao respectivo sector. (...) Mas (...) seria de esperar que a Petrogal, com quase 200 estações de serviço, ou a Caixa Geral de Depósitos, com três bancos e 170 balcões, efectuassem regularmente campanhas publicitárias nos meios de comunicação (...)." (04/01/1999)
"A esquerda espanhola -PSOE e Izquierda Unida (IU)- prepara uma operação de alianças, inédita na história da democracia, capaz de retirar o poder ao Partido Popular (PP) em algumas centenas de municípios de todo o país. Pragmáticos, os socialistas abandonam pela primeira vez os seus preconceitos relativamente aos comunistas e mostram-se dispostos a dividir o poder com eles, na sequência dos resultados das eleições de 13 de Junho. Entretanto, na Galiza o PSOE também já fez um acordo nesse sentido com o Bloco Nacionalista Galego (BNG), o que lhes permite subtrair ao partido no governo a maioria dos mais importantes municípios da autonomia, e suspeita-se que está em curso um acordo idêntico no País Basco, com o Partido Nacionalista Basco (PMV), por forma a atingir o mesmo objectivo na província de Álava." (25/06/99)
· Títulos informativos
"Hospital recruta enfermeiros galegos" (03/02/99)
"Português chefiava rede de tráfico de heroína" (27/04/99)
· Títulos sugestivos e enigmáticos
"Confronto de líderes ibéricos" (24/11/99)
Resumos das
notícias sobre a Galiza publicadas no jornal Diário de Notícias
Notícia |
Data |
Empresas cultivam "low profile" - As empresas portuguesas em Espanha parecem pouco interessadas em notoriedade e investem pouco em publicidade, particularmente nas regiões da Extremadura e da Galiza. |
04/01 |
Hospital recruta enfermeiros galegos - A falta de enfermeiros em Portugal levou o Hospital São Sebastião, em Santa Maria da Feira, a contratar 60 recém-licenciados em enfermagem na Galiza. Este é o primeiro hospital português com gestão empresarial. |
03/02 |
Jornalismo no século XXI é tema de debate - O jornalismo do século XXI é o tema orientador da Convenção de Jornalistas organizada pelo Gabinete de Imprensa de Guimarães. Entre os oradores conta-se Manuel Sola, coordenador do jornal La Voz de Galicia. |
26/02 |
Pinto da Costa confirma contratação do médio Deco - O presidente do Salgueiros acusa o Alverca de tentar vender o futebolista Deco ao Deportivo da Coruña, entre outros clubes, dizendo-se detentor dos direitos sobre o jogador, apesar de estes serem do Salgueiros. |
13/03 |
Portugália aposta na Galiza para crescer - A empresa de aviação portuguesa Portugália iniciou este mês um serviço de autocarro entre Vigo e Porto, aproveitando a auto-estrada, numa tentativa de captar passageiros para as suas rotas internacionais. Estão a ser efectuadas três viagens diárias Vigo/Porto/Vigo em autopullman. |
12/04 |
Agricultura deve
aproveitar mercado galego - O director regional de Agricultura de Entre Douro
e Minho afirmou que "os agricultores da região têm de se convencer que
estão no principal espaço de consumo da Península Ibérica", ficando a
uma hora da Galiza, o que lhes dá um potencial de sete milhões de
consumidores. António Cêa falava no
âmbito do III Fórum Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural, que
decorre em Matosinhos, na Exponor. |
12/04 |
Português chefiava rede de tráfico de heroína - O português José Pires Coelho, de 51 anos, foi detido em Espanha, na consequência de uma operação desencadeada pela polícia espanhola, que permitiu apreender 319 quilos de heroína e 52 de cocaína, naquela que é a maior apreensão de sempre na Europa. Pires Coelho, que foi preso juntamente com a filha e outros implicados, estava já referenciado pela polícia por ter contactos privilegiados com os traficantes de droga galegos. |
27/04 |
Novos vinhos espanhóis apostam na qualidade e na moda - O vinho galego Guitian, de Ourense, produzido a partir de uvas da casta Godello, foi um dos vinhos degustados ontem, numa prova que decorreu no Clube de Jornalistas. |
12/05 |
Do País Basco ao Tibete através do Seixal - O grupo galego de música celta Milladoiro vai encerrar a décima edição do festival Cantigas de Maio, certame organizado conjuntamente pela Câmara Municipal do Seixal e pela Associação José Afonso. |
27/05 |
"A inovação é inseparável da História" - O Centro Galego de Arte Contemporânea, em Santiago de Compostela, projectado pelo arquitecto português Álvaro Siza, é considerado pelo entrevistador um "edifício que não passa despercebido", durante uma extensa entrevista concedida por esse arquitecto ao Diário de Notícias. |
05/06 |
A arte ao serviço da indústria - O ex-ministro e professor universitário Valente de Oliveira, membro da Administração da Fundação de Serralves, liderou a comitiva que promoveu em Santiago de Compostela o novo Museu Nacional de Arte Contemporânea, que está a ser construído em Serralves. |
05/06 |
PSOE e comunistas unidos contra PP - Na Galiza, o PSOE fez um acordo com o Bloco Nacionalista Galego para tirar ao Partido Popular a maioria em vários municípios, acompanhando a política de alianças com outros partidos que o PSOE vem fazendo em Espanha para minar o poder municipal do PP. |
25/06 |
Música étnica e Capoeira abrem Bienal de Cerveira - O conjunto galego de música étnica Milladoiro vai abrir a Bienal de Cerveira. |
19/07 |
Confronto de líderes ibéricos - O Benfica e o Celta de Vigo, respectivamente líderes dos campeonatos português e espanhol de futebol, defrontam-se amanhã no Estádio Balaídos, em Vigo. O futebolista Mostovoi, do Celta, não teme os encarnados, porque "há cinco anos que não ganham nada". |
24/11 |
Heynckes alarga convocatória e Ronaldo está confiante - O técnico do Benfica, Jupp Heynckes, convocou 23 jogadores, em vez dos habituais 19, para a deslocação a Vigo, onde o Benfica defrontará o Celta no jogo da primeira mão da terceira eliminatória da Taça UEFA. O defesa Ronaldo, do Benfica, mostrou-se confiante nas capacidades da sua equipa para o jogo de Vigo, apesar de reconhecer a "elevada qualidade" do futebol praticado pela equipa galega. |
24/11 |
Bruno Caires farto de ser suplente no Celta - O futebolista português Bruno Caires, um ex-benfiquista que actualmente joga no Celta de Vigo, pretende transferir-se em Dezembro para outro clube, pois está "farto de ser suplente". Bruno Caires lesionou-se ao serviço do Celta e desde aí nunca mais jogou. |
24/11 |
Heynckes "mexe" na defesa - O técnico do Benfica, Jupp Heynckes, vai proceder a alterações na equipa, para defrontar hoje o Celta de Vigo, no jogo da segunda mão da terceira eliminatória da Taça UEFA, que se disputa em Lisboa. Heynckes considera que a derrota em Vigo por 7-0 foi um "acidente que os jogadores devem esquecer", apontando exemplos de equipas europeias liderantes, como o Manchester United e o Real de Madrid, que também já sofreram derrotas expressivas sem que isso beliscasse o seu estatuto. |
09/12 |
No DN existe, a avaliar pela amostra, uma certa diversidade temática nas notícias sobre a Galiza. A economia, a cultura, a política, o recrutamento de galegos altamente qualificados para trabalharem em Portugal, mas também a agricultura e, evidentemente, o futebol, são temas presentes no Diário de Notícias. Nota-se, igualmente, que os jogos entre o Benfica e o Celta de Vigo inflacionaram o número de notícias sobre futebol. Em contraposição, o Xacobeo 99 não parece ter aumentado notoriamente o número de notícias sobre a Galiza.
3.2.4 Público
A linguagem do noticiário sobre a Galiza no Público varia entre a descrição e a análise. Nas secções tradicionais do jornal, a enunciação denota mais as marcas do profissionalismo, com as descrições e as citações, directas e parafraseadas, a objectivarem o discurso (recorde-se Tuchman, 1978), a sustentarem alguma análise ou a darem ritmo e emoção ao texto. No suplemento musical, onde se incluíram notícias sobre a Galiza, o estilo é mais livre, de recorte culto, interpretativo e opinativo. Os títulos, geralmente comandados por um antetítulo informativo, que contextualiza a informação, são incisivos e, por vezes, emotivos e apelativos.
Do meu ponto de vista, a forma como a Galiza é discursivamente apresentada não interfere significativamente com as imagens que o Público projecta desse país e quando interfere, geralmente, é pela positiva (como acontece na crítica musical). A neutralidade na imagem da Galiza quebra-se mais pela temática do que pelo tom verbal.
· Conjugação de antetítulo informativo com título emotivo
e apelativo
"Alterações na equipa do Benfica para receber Celta/Heynckes dá a volta à defesa" (09/12/99)
· Título e antetítulo informativos
"Baixos salários dificultam tarefa/Minho tenta de novo recrutar médicos na Galiza" (31/12/99)
· Descrição cinematográfica e citações que dão ritmo e
vivacidade ao texto
"A cliente mal consegue digerir o que ouviu de Luciano Castro, vidente de Vigo, e é logo cercada por um conjunto de pessoas que, anteriormente, se concentrava perto do improvisado consultório de Amparo, especialista em leitura de mãos, cartas dos anjos e Tarot: 'Então o que é que achou?' (...) Perto da confusão, uma rapariga de braços cruzados acrescenta: 'E acha que ele é credível?'" (13/02/99)
· Citações objectivantes
"Miguel Santos, director de Marketing do Arrábida Shopping, mostra-se surpreendido com a recepção que a Quinzena de Misticismo e Ciências Ocultas tem obtido junto do público. 'Não esperávamos nada disto. Foi uma surpresa e é impressionante a quantidade de pessoas que vêm aqui todos os dias.'" (13/02/99)
· Descrição objectivante (mas frase longa e com
sobrecarga de dados, de recorte "pouco profissional")
"Uma alegada troca dos sinais que identificam um veículo da Câmara de Melgaço, nomeadamente os números do motor e do quadro, para um outro da mesma marca, cor e modelo, comprado em segunda mão na Galiza após um acidente que o primeiro sofreu em 1993, envolve um vereador do PS e substituto da presidência desta autarquia (...) e um mecânico da câmara (...). O caso foi investigado pela Polícia Judiciária e deu origem a um processo que corre os seus termos no tribunal local." (27/04/99)
· Descrição e análise
"Dos 52 expositores que ocupam, desde o dia 29 de Maio, um espaço no Parque de Exposições de Braga, nenhum é espanhol, mas, segundo as informações recebidas dos responsáveis do parque, a afluência de galegos a Braga aumentou em relação às edições anteriores (...) A vinda dos galegos até à capital do Minho pode ser justificada pela recente facilidade de acesso (através da auto-estrada que liga Braga a Valença) ao Norte do país, mas pode também assentar num outro motivo: o económico. De acordo com os dados divulgados pelos responsáveis do PEB, em quatro anos a venda de produtos espanhóis no mercado nacional cresceu 36 por cento." (05/06/99)
· Crítica musical (discurso "mais livre", em suplemento )
"Se fosse preciso concreta prova sonora de que a colectânea de canções marianas de Afonso X em galaico-português integrava uma tripla origem, cristã, judaica e árabe, aí está este disco, gravado em Fez, em que às vozes se juntam instrumentos marroquinos (a realização das partes instrumentais não está escrita nos códices e portanto necessita de ser re-imaginada). As vozes de Françoise Atlan (também admirável intérprete de romances sefarditas, isto é, judaicos) e Anna Azéma são belíssimas, nomeadamente o solo da primeira em 'Santa Maria Leva' (...), mas talvez o indicador mais relevante de quanto a aposta é lograda seja a perfeita integração neste universo mariano, portanto cristão, de uma 'Nawba' instrumental marroquina. Um disco que relança sem dúvida o debate sobre os modos de interpretação deste reportório." (25/06/99)
"Carlos Nuñez, rei incontestado (em termos exclusivamente técnicos, entenda-se) da gaita-de-foles galega (a concorrência esforça-se mas quando chega perto já ele dobrou a curva seguinte do caminho...), volta a fazer questão em provar que o seu reinado está longe de ter chegado ao fim. Neste aspecto, o cartão de visita que apresenta logo de entrada (...) é de tirar a qualquer um a vontade de voltar a dedilhar uma ponteira..." (25/06/99)
Resumos das
notícias sobre a Galiza publicadas no jornal Público
Notícias |
Data |
Quinzena de Misticismo e Ciências Ocultas no Arrábida Shopping/"O amor comanda tudo" - A empresa galega Mundo Astral, que trouxe ao Porto cinco especialistas galegos em Tarot, Astrologia, Quiromancia e outras "ciências" ocultas para a Quinzena de Misticismo do Arrábida Shopping. Há centenas de clientes portugueses. |
03/02 |
Falsificação de documentos "envolve" vereador de Melgaço/O jipe que veio da Galiza - Um jipe da Câmara de Melgaço tem os números do motor e do quadro de um jipe comprado em segunda mão na Galiza, depois de um acidente que o primeiro sofreu em 1993. O caso está a ser investigado pela Polícia Judiciária, tendo sido aberto um processo judicial. |
27/04 |
Larmóvel termina amanhã em Braga/Móveis espanhóis com saída em Portugal - A afluência de galegos a Braga, para a 23ª feira-exposição Larmóvel, aumentou em relação às edições anteriores, o que pode ser explicado quer pela melhoria das acessibilidades, quer pelo aumento de 36%, em quatro anos, nas vendas de mobiliário espanhol no mercado nacional, quer ainda porque os móveis portugueses maciços têm melhor qualidade do que os móveis espanhóis. |
05/06 |
Afonso X, El Sabio/Cantigas de Santa Maria - Um CD gravado em Fez, com uma colectânea de canções marianas de Afonso X, em galaico-português, coloca em evidência a tripla origem cristã, judaica e árabe dessas cantigas. |
25/06 |
Muiñeiras no redondel - O gaiteiro galego Carlos Nuñez lançou um novo CD, que "funde a muiñeira galega com a rumba gitana", ou seja, que funde a música céltica da Galiza com o flamengo do Sul de Espanha. O CD intitula-se "Os Amores Libres". |
25/06 |
CP quer acesso do aeroporto à linha Porto-Vigo - A CP, já a pensar no futuro comboio de alta-velocidade, exige que seja construído um ramal do aeroporto do Porto até à linha Porto-Vigo. |
10/10 |
Galiza Unida - Os jornais galegos dão relativamente pouco destaque ao jogo de amanhã entre o Celta de Vigo e o Benfica, no primeiro jogo da terceira eliminatória da Taça UEFA, preferindo destacar a carreira do Deportivo da Coruña e do Celta na Liga Espanhola, clubes atrás dos quais a Galiza está unida. |
24/11 |
Alterações na equipa do Benfica para receber Celta/Heynckes dá a volta à defesa - O técnico alemão do Benfica, Jupp Heynckes, vai reestruturar a equipa para receber o Celta de Vigo, com quem o Benfica perdeu por sete a zero no primeiro jogo da terceira eliminatória da Taça UEFA. |
09/12 |
Baixos salários dificultam
tarefa/Minho tenta de novo recrutar médicos na Galiza - Portugal
está a tentar recrutar médicos galegos para trabalharem nas localidades do
interior, devido à proximidade linguística.
No entanto, a tarefa está a ser dificultada porque os clínicos galegos
consideram baixos os salários que lhes são propostos. |
31/12 |
No Público é interessante notar que o Xacobeo 99 não parece ter inflacionado as notícias sobre a Galiza, a avaliar pela amostra. O futebol, inevitavelmente, está lá, devido ao jogo entre o Benfica e o Celta de Vigo. A cultura também, como é próprio de um jornal como o Público. Porém, é algo estranho que um jornal de referência como o Público não tenha publicado mais informação económica e política sobre Portugal e a Galiza, uma vez que são muitos os laços estabelecidos. O facto de a sede do jornal ser em Lisboa não explica tudo, já que a redacção do Público no Porto é significativa e está recheada de jornalistas experientes. No entanto, é conveniente não esquecer que uma amostra é uma amostra. Apesar dos cuidados na sua construção, é possível que a amostra não dê conta da situação real, designadamente no que respeita à informação económica.
A "Quinzena de Misticismo" no Arrábida Shopping é um fait-divers que se afasta do padrão do Público, mas que se coaduna com as actuais tácticas de venda do produto jornalístico, onde se mistura informação e entretenimento.
3.2.5 Diário do Minho
A linguagem usada nas notícias sobre a Galiza publicadas pelo Falcão do Minho é tendencialmente descritiva e objectivante, como seria de esperar num jornal que possui uma redacção profissional. As notícias usam, frequentemente, uma linguagem semelhante, rotineira, descritiva, onde se espalmam marcas discursivas do "he said journalism" enquanto formas defensivas dos jornalistas, como muito bem explicou Tuchman (1978). Os títulos possuem, geralmente, uma natureza simultaneamente apelativa e informativa, condensando o essencial da notícia, conforme mandam os manuais de jornalismo. Por vezes, nota-se uma vontade de contextualização dos acontecimentos noticiados. Em certas ocasiões, a informação não é convenientemente tratada, nomeadamente quando se trata de quantias em dinheiro. Ao nível gramatical, são frequentes os problemas de pontuação das frases, o que é algo indesculpável num jornal que possui uma redacção profissional. O contributo de colaboradores amadores na produção de conteúdos é assinalável, razão pela qual por vezes se regista quer o recurso a figuras de estilo raramente empregues na enunciação jornalística profissional quer a derivação do discurso por estratégias enunciativas de cunho religioso e eclesiástico. A este propósito convém não esquecer que Braga é sede de bispado desde a Alta Idade Média, tendo disputado permanentemente a supremacia eclesiástica ao bispado de Santiago de Compostela no contexto da Península Ibérica.
Finalmente, pode dizer-se, do meu ponto de vista, que as formas de enunciação do Diário do Minho não afectam significativamente a imagem da Galiza projectada por esse jornal.
· Títulos simultaneamente apelativos e informativos
"Ligação Porto - Vigo espera melhores comboios" (20/07/1999)
"Santiago de Compostela acolhe jovens de toda a Europa" (03/08/99)
"Ecologistas portugueses e galegos contra a barragem de Sela" (13/03/1999)
· Informação numérica incorrectamente tratada
(ausência de conversão para escudos)
Galiza vai gastar 4.600 milhões de pesetas no Jacobeu'99 (04/01/99)
· Objectivização do discurso/rede de
facticidade/neutralidade verbal/descrição e citações/rotinas enunciativas
"A Junta da Galiza (governo regional) vai gastar 4.600 milhões de pesetas no Jacobeu 99 de Santiago de Compostela (...)" (04/01/1999)
"Músicos e conjuntos como os Aerosmith, Sting, Mike Oldfield, Eric Clapton, Gloria Estefan e Mireille Mathieu, entre outros, além dos "Stones" constam do programa, assim como está assegurada a presença do tenor Plácido Domingo, que percorrerá a região (...)." (sic.) (04/01/1999)
"O técnico alemão do Benfica, Jupp Heynckes, convocou ontem 23 jogadores para o encontro de amanhã frente ao Celta de Vigo (...)." (24/11/1999)
"O treino matinal (...) começou com os habituais exercícios físicos, com o treinador a separar depois os jogadores em dois grupos de 12 para uma 'peladinha' de meia-hora (...)." (24/11/1999)
"O Benfica e o Celta de Vigo empataram ontem 1-1 em encontro da segunda mão da terceira eliminatória da Taça UEFA (...), disputado no Estádio da Luz. Depois dos 7-0 sofridos na primeira mão em Espanha (...) o Benfica não conseguiu melhor que uma igualdade num jogo onde estiveram cerca de duas mil pessoas." (10/12/1999)
"O Presidente da Comissão Executiva do 'Eixo Atlântico', Mesquita Machado, apresenta publicamente, segunda-feira, em Braga, a terceira edição dos 'Jogos do Eixo Atlântico'. (...) Esta terceira edição desenrola-se em cinco modalidades que vão desde o andebol, o atletismo, o basquetebol, o futebol de sete até à natação."(26/06/1999)
"A Comissão de Coordenação da Região Norte (CCRN)e a Junta da Galiza assinam hoje um protocolo para a realização de um estudo relativo à melhoria da ligação ferroviária entre o Porto e Vigo." (20/07/99)
"Só estes dados já seriam suficientes para justificar a necessidade de melhorar a ligação ferroviária", disse (...) Manuel Cabral, da CCRN (...)." (20/07/99)
"A Plataforma Ecologista Luso-Galaica pediu ontem aos governos de Portugal e de Espanha o abandono definitivo do projecto de construção do aproveitamento hidroeléctrico de Sela, no troço internacional do rio Minho." (13/03/1999)
"'A Barragem de Sela não é necessária para responder às exigências de consumo de energia eléctrica de Espanha e de Portugal (...)"', refere a Plataforma (...)."
· Esforço interpretativo/analítico
"Por isso está a ser dada aos empresários das duas regiões uma oportunidade para que se conheçam, aprofundem as suas relações, persigam objectivos comuns e possam fixar estratégias e alianças necessárias para poder agir conjuntamente." (11/03/1999)
· Intenção contextual
"Cada vez que o dia do Apóstolo Santiago coincide com um domingo declara-se Ano Santo, uma tradição que vem da Baixa Idade Média. Este será o último do século." (04/01/1999)
"O culto de Santiago nasceu na Idade Média, a partir da descoberta de um cadáver que, segundo a tradição, pertenceria ao apóstolo seguidor de Jesus Cristo, encontrado numa pequena capela do século V. No século oitavo, os muçulmanos (...) destruíram a igreja então erigida em memória de Santiago (...). Reconstruída posteriormente, o monumento românico também foi destruído (...) nas guerras internas, restando actualmente vestígios (...) no edifício da actual catedral, cuja construção remonta ao século XVI." (04/01/1999)
"Já no século XI os peregrinos contavam-se por milhares (...). A prova deste fenómeno jacobeio é-nos transmitida pelo clérigo francês Aymérico Picaud, através do seu guia para peregrinos. Neste guia dá-nos conta de quatro caminhos principais, que através da Europa (...) confluíam por terras gaulesas (...) seguindo até Compostela. (...) Pelo Caminho se difundiram ideias, confraternizaram homens e se estabeleceu, pela primeira vez, uma linha vertebral entre os países da Europa, comuns nas suas raízes cristãs." (20/07/1999)
· Intenção contextual/problemas de pontuação/informação
numérica incorrectamente tratada/erros ortográficos
"O que foi uma comemoração estritamente religiosa, no decorrer da qual o Papa Católico Romano concedia indulgências aos peregrinos que se dirigiam a Santiago converteu-se, nas duas últimas décadas, numa ocasião de fomento turístico e de iniciativas culturais. Em 1993, ano do último Jacobeu, estimou-se que estiveram na Galiza cerca de seis milhões de visitantes, as previsões oficiais para este ano são de 10 milhões". (04/01/99)
"Ninguém se admira por encontrar peregrinos que vão a Compostela por motivos estrictamente religiosos, lado a lado com caminhantes isotéricos que fazem o seu percurso iniciático." (03/08/1999)
· Figuras de estilo/adjectivação
"Na cidade compostelana, granítica, artística, mágica, mítica, histórica e congregadora dos povos, sentem-se as ressonâncias seculares de reis, de eclesiásticos, de nobres, de burgueses, de artistas, de camponeses, de éticos, de estetas e de aventureiros, que aí experimentaram emoções, percorrendo caminhos íntimos que ficaram materializados nas diversas manifestações culturais e que devem contemplar-se com os olhares da alma." (20/07/1999)
"Ou seja: o Caminho quase substituiu o Apóstolo." (03/08/1999)
· Linguagem eclesiástica e bíblica/intenção moralizante
"Contarás sete semanas de anos, sete vezes sete anos... e terás 49 anos. No décimo dia do sétimo mês farás retinir o som da trombeta (...); no dia da expiação o som da trombeta ecoará por toda a vossa terra. Será declarado santo o quinquagésimo ano e proclamareis na terra a liberdade de todos os seus habitantes, será para vós jubileu. (...). Segundo o Livro do Levítico, a lei do jubileu propõe um ideal de justiça e igualdade social (...)." (20/07/1999)
"O tema: 'Na tua palavra... Podemos' (Mt 20, 22) é um desafio, lançado aos jovens, para encontrar na Palavra a capacidade de fazer caminho progressivo e dinâmico de acordo com o ritmo juvenil." (03/08/1999)
"No X aniversário do primeiro grande encontro do Papa com os jovens de todo o mundo (...) os jovens europeus poderão voltar a unir-se no mesmo Caminho, em projectos de vida, a fim de que a Europa encontre unidade para o seu futuro e retorne às suas próprias raízes." (03/08/1999)
Resumos das
notícias sobre a Galiza publicadas no jornal Diário do Minho
Notícias |
Data |
Galiza vai gastar 4.600 milhões de pesetas no Jacobeo 99 de Santiago de Compostela - A Junta da Galiza vai gastar 4.600 milhões de pesetas no Xacobeo 99 de Santiago de Compostela, com um programa que inclui um concerto com os Rolling Stones. |
04/01 |
Hospital da Feira com 60 enfermeiros galegos - O primeiro hospital público com gestão empresarial, em Santa Maria da Feira, contratou 60 recém-licenciados em Enfermagem galegos, depois de esgotadas todas as tentativas para a contratação de enfermeiros portugueses. |
03/02 |
Relações Minho/Galiza aumentam · Relações económicas Minho/Galiza têm-se acentuado - A Associação Industrial do Minho e a Confederação de Empresários de Pontevedra organizaram conjuntamente, em Cerveira, o 1º Fórum Empresarial Transfronteiriço Minho/Galiza. Os empresários realçaram o "incremento explosivo" das relações económicas entre o Norte de Portugal e a Galiza. |
13/03 |
Ecologistas portugueses e galegos contra barragem de Sela - A Plataforma Ecologista Luso-Galaica exigiu aos governos de Portugal e Espanha o abandono definitivo do projecto de construção da barragem de Sela, no Minho Internacional. |
13/03 |
Nova etapa a caminho de Santiago - Cerca de 200 peregrinos portugueses percorrem o Caminho do Lima para Santiago, por etapas. |
13/03 |
Mesquita apresenta "Jogos do Eixo Atlântico" - O presidente da Comissão Executiva do Eixo Atlântico, Mesquita Machado, apresentou a terceira edição dos "Jogos do Eixo Atlântico", com o objectivo de "reforçar a relação entre os povos do Norte de Portugal e da Galiza". |
26/06 |
Jogos do Eixo Atlântico arrancam amanhã - Mil jovens atletas galegos e portugueses vão estar presentes nos terceiros Jogos do Eixo Atlântico, que se realizam em Chaves, "com o intuito de ser promovido um convívio entre os jovens e de proporcionar um melhor conhecimento mútuo entre os cidadãos dos municípios associados". |
05/07 |
Música movimenta Galiza no Verão - Vários grupos musicais, como os Aerosmith e os Blackhowes, vão actuar na Galiza, no âmbito do Jacobeo 99. |
05/07 |
Ligação Porto - Vigo espera melhores comboios -A Comissão de Coordenação da Região Norte e a Junta da Galiza assinaram um protocolo visando a realização de um estudo com vista à melhoria da ligação ferroviária entre o Porto e Vigo. |
20/07 |
"Jôbel" em
Santiago de Compostela - Reportagem sobre como as peregrinações afectaram
Santiago de Compostela e a Galiza ao longo do tempo. Resgate histórico sobre as peregrinações. |
20/07 |
Santiago de Compostela acolhe jovens de toda a Europa - Jovens de toda a Europa reunem-se em Santiago de Compostela para celebrar o Ano Santo Xacobeo. Entre eles estão cem mil portugueses. |
03/08 |
O poder transformador a caminho de Santiago - Reportagem sobre as peregrinações e Santiago de Compostela num contexto histórico. |
03/08 |
Festa Luso-Galaica em Lanhelas - A Casa da Anta, em Lanhelas, Caminha, recebeu a VII Luso-Galaica, que, de acordo com a organização, foi "mais um encontro cultural dos irmãos portugueses e galegos". |
10/09 |
Liga de amigos reivindica limpeza no Caminho de Santiago - A Liga dos Amigos do Caminho exigiu à Câmara Municipal a limpeza do Caminho de Santiago no concelho de Ponte de Lima, devido ao Ano Santo e às peregrinações. |
10/09 |
Observatório do Eixo Atlântico reúne-se em Viana do Castelo - O I Encontro da Fundação Observatório urbano do Eixo Atlântico realiza-se em Viana do Castelo, com a presença de autarcas, governantes e altos funcionários do Norte de Portugal, da Galiza e da União Europeia. |
09/11 |
Benfica em Vigo com 23 jogadores - O Benfica rumou a Vigo com 23 jogadores, para disputar com o Celta a primeira mão da terceira eliminatória da Taça UEFA. |
24/11 |
UEFA: Benfica despede-se
com empate frente ao Celta - Depois dos 7-0 sofridos em Vigo, o Benfica
conseguiu empatar com o Celta de Vigo, em Lisboa, a 1-1, no jogo da segunda
mão da terceira eliminatória da Taça UEFA, depois de estar a perder por um
golo ao intervalo. |
10/12 |
A meu ver, ao observarem-se as notícias publicadas no Diário do Minho podem fazer-se as seguintes considerações:
1) As celebrações do Xacobeo 99 possivelmente inflacionaram o número de notícias sobre a Galiza; num jornal influenciado pela Diocese de Braga, o Xacobeo tornou-se, assim, o principal cabide (Traquina, 1988) para o fabrico de informação respeitante à Galiza;
2) O número praticamente residual de notícias sobre a dimensão económica das relações entre Portugal e a Galiza não traduz a vitalidade e a dimensão destas relações;
3) O facto de o presidente da Câmara de Braga exercer a liderança do Eixo Atlântico e a realização dos terceiros jogos desta entidade inter-municipal geraram um maior volume de informação sobre o Eixo, projectando-se a ideia de que as relações entre o Norte de Portugal e a Galiza, em grande medida, passam pelas autarquias;
4) Não pode ser ignorado o contributo das organizações da sociedade civil para o relacionamento entre o Norte de Portugal e a Galiza;
5) As notícias desportivas com referências a Galiza resultam essencialmente do jogo entre o Benfica e o Celta de Vigo e dos terceiros jogos do Eixo Atlântico; portanto, é provável que, normalmente, não se encontrem tantas notícias sobre actividades desportivas que envolvam simultaneamente galegos e portugueses. Portanto, se o Diário do Minho, de algum modo, indicia o que se passa na realidade, então poder-se-á insistir no desporto enquanto veículo de aproximação entre o Norte de Portugal e a Galiza. Mas também é possível que muitas das actividades desportivas que se realizam no Norte de Portugal e na Galiza e que envolvam simultaneamente galegos e portugueses passem despercebidas ao jornal, devido a factores como as deficiências na rede de captura de acontecimentos, aos critérios de noticiabilidade do DM que, como comprova a entrevista ao jornalista do jornal[12], tendem a promover a selecção dos acontecimentos que digam respeito a Braga e à sua região, etc.
3.2.6 Expresso
Conforme as minhas expectativas, a linguagem usada pelo Expresso tem um cunho profissional bastante pronunciado, oscilando, essencialmente, entre a descrição, as citações directas, as paráfrases e a interpretação analítica e contextualizante dos factos. Também no Expresso, o tom verbal e o ângulo de abordagem não positivam nem negativizam em especial a imagem da Galiza projectada pelas notícias. O tema da peça é, assim, o principal dador de atributos positivos ou negativos à informação.
Finalmente, gostaria de chamar a atenção para a falta de criatividade em alguns títulos do Expresso. Em 14 títulos, dois (14,3%) referiam-se ao "Caminho de Santiago", com a agravante de terem sido editados no mesmo dia.
· Objectivização do discurso/rede de
facticidade/neutralidade verbal/descrição e citações/rotinas enunciativas
"Júlio Marinho, supervisor das capitanias nortenhas da Polícia Marítima, garante que 'as redes são uma arma letal para toda a criatura dos estuários dos rios' e dá conta do 'apertar da malha' da sua corporação à pesca ilegal do meixão, designadamente em Esposende, onde há duas semanas foram apreendidas 30 redes'." (24/12/99)
"'Valença quer ser a charneira do desenvolvimento harmonioso do Norte de Portugal com Espanha', sublinha o vice-presidente da Câmara Municipal, adiantando que, tratando-se esta de uma autarquia com poucos meios, 'não queremos desperdiçar uma única bala'.//Defende uma componente nacional do Eixo Atlântico com início em Valença e passagem por Ponte de Lima e Braga. No entanto, está consciente de que o esforço empresarial bracarense tudo fará para sedear o máximo de investimentos vindos de Espanha naquela cidade. E se às tributações vantajosas para os empresários espanhóis se juntarem previsíveis facilidades de instalação no pólo industrial de Braga, 'corre-se o risco de vermos Valença ser ultrapassada'. " (24/07/99)
"Jorge Sampaio chega hoje a Santiago de Compostela, juntando-se à multidão de peregrinos que festejam o último Xacobeo (ano santo em que o dia de São Tiago calha num domingo) do milénio. O Presidente português é convidado do Rei de Espanha e assiste ao lado de Juan Carlos aos principais eventos da festa em honra do apóstolo milagreiro." (24/07/99)
· Contrastação de fontes/objectivização do discurso
através das citações (mecanismos de defesa dos jornalistas)
"Afonso Videira, médico do centro de saúde local, acusa o grupo espanhol de apenas ter em mira, com este investimento, os concursos públicos lançados pela Administração de Saúde (ARS) do Norte para combate às listas de espera. (...) 'Os espanhóis querem muito mais do que isso e vão desvirtuar a filosofia de auxílio às populações que sempre pautou a acção da unidade de saúde de Valpaços', disse ao Expresso.'//Contestando estas acusações, Luís Fraga, administrador do hospital, lembra que ter o hospital a funcionar 'é seguramente melhor do que o ter encerrado' e garante que 'o investimento elevado do grupo espanhol é a prova da viabilidade financeira deste projecto'." (04/09/99)
· Análise e recuo
"O Hospital de Valpaços, que reabriu ontem ao fim de uma década de encerramento, tornou-se a primeira unidade portuguesa a ter uma gestão exclusivamente espanhola. Depois da importação de enfermeiros e médicos [leve ironia], surge agora uma terceira vaga dos ventos que, na saúde, sopram de Espanha. (...) Apesar da prioridade do Hospital de Valpaços não se centrar no negócio das listas de espera, ontem mesmo foi assinado com a ARS do Norte um conjunto de protocolos para a prestação de serviços, não só de consultas de especialidade e exames complementares de diagnóstico, mas também para a realização de pequenas cirurgias a varizes, hérnias e cataratas. E são estas algumas das patologias que engrossam as listas de espera dos hospitais portugueses." (04/09/99)
"Talvez porque nasce na Galiza, é criado em Tânger e estuda em Paris, Ignacio Ramonet -director a partir de Janeiro de 1991- acentua ainda as características internacionais de Le Monde Diplomatique. Em termos de colaboradores e sobretudo de audiência. Desenvolvendo uma política de edições em línguas estrangeiras." (28/08/99)
"Mas esta posição não se confunde com uma reacção a eventuais operações hostis, oriundas do estrangeiro. Mesmo perante as 'ambições espanholas' de controlar a banca portuguesa (que remontam ao dossier Banesto-Totta e que agora visam o universo dos grupos Santander e BCP), Teixeira dos Santos considera que 'o Governo não deve introduzir protecções que contrariem a lógica da liberalização e do mercado'." (13/02/99)
"À semelhança da maioria das cidades e vilas fronteiriças, Valença do Minho depende mais de Espanha do que do seu próprio país. Esta dependência, que por muitos anos conviveu num circuito que tinha início no Porto, Braga e Viana -do lado português- e prosseguia, já em Espanha, por Tui, Vigo e Santiago de Compostela, transformou-se, actualmente, numa parceria frutuosa que, segundo o vice-presidente da edilidade de Valença, 'permite olhar esta zona como um ponto estratégico do Noroeste peninsular'." (24/07/99)
· Frases iniciais clássicas (progressão do particular
para o geral)/rotinas enunciativas/comparação
"António Lopes engrossa o orçamento familiar mensal de 150 contos dedicando-se, na penumbra da noite, à pesca furtiva da angula, que está para a enguia como o girino para a rã. Este mecânico de 49 anos tem quatro filhos, todos a estudar, e para "não ter de roubar" troca, quase todas as noites, de Novembro a Fevereiro, o conforto da lareira pelo risco desta actividade ilegal." (24/12/99)
· Fonte mal identificada [identificada unicamente em
peça independente]
"Numa acção nítida de cooperação interfronteiriça, Valença vai candidatar-se em breve a vila património mundial, em parceria com Tui. 'Estão a desenhar as candidaturas', afirma Luís Barreiros, reconhecendo que as eleições em Tui criaram um pequeno 'compasso de espera'. Há, pelo menos, a garantia do total apoio dos centros de decisão dos dois países ibéricos." (24/07/99)
· Recuo histórico, profundidade na informação
"Historicamente, a tradição militar atribui a Valença um grande pendor militar, visível na sua fortaleza de 12 baluartes, quatro revelins e dois paióis. Praça-forte a partir de 1640, Valença nunca terá sido tomada de assalto - antes sim, ajudou a muitas das várias ocupações da Galiza por Portugal. Consta que uma única vez foi tomada, mas à traição: um nebuloso governador militar da vila ter-se-á deixado comprar por dinheiros de Espanha, que ocupou a praça-forte por uns tempos. Quanto a Tui, com grande tradição religiosa, foi fundada no século VII e chegou a capital do reino sob o ceptro suevo do rei Witiza. Múltiplas vezes e em épocas diferentes a cidade milenar foi vasculhada e espoliada em retaliações de vários reis portugueses." (24/07/99)
· Falta de criatividade
"No caminho de Santiago..." (24/07/99)
"A caminho de Santiago" (24/07/99)
Resumos das notícias
sobre a Galiza publicadas no jornal Expresso
Notícias |
Data |
Jovens no caminho da glória... - O jogador do Sporting Simão Sabrosa é cobiçado pelo Deportivo da Coruña, entre outros clubes, como o Barcelona e o Milan. |
09/01 |
CGD prepara novas compras em Espanha - Apesar de não ter sido concretizada a operação sobre o Banco Gallego, a Caixa Geral de Depósitos prepara novas aquisições em Espanha, tendo em especial atenção as zonas com maior potencial para os portugueses, como a Galiza. |
13/02 |
Manuel Fraga Iribarne/"Portugal Serviu de Aviso a Espanha" - Entrevista de pendor histórico ao presidente da Xunta de Galicia, D. Manuel Fraga Iribarne, na qual este político passa em revista as repercussões da revolução portuguesa do 25 de Abril em Espanha. D. Manuel Fraga salientou que a forma como se deu a transição portuguesa para a democracia alertou Espanha para a necessidade de ser cautelosa na mudança de regime. |
24/04 |
Um final dramático - A peça faz uma análise da crise no Benfica a quatro jornadas do final do campeonato, recordando que o clube teve uma proposta de 2,5 milhões de contos do Deportivo da Coruña para aquisição do passe do jogador João Pinto. No entanto, este recusou-se a sair. |
08/05 |
Arrastões furam greve - Quatro arrastões portugueses furaram a greve dos pescadores, tendo-se deslocado a Vigo para descarregar pescado. |
11/06 |
Prevenção de riscos
laborais -
A Sociedade Galega de Prevenção de Riscos Laborais organiza em Santiago
de Compostela, de 16 a 18 de Junho, um congresso sobre Prevenção de Riscos
Laborais. |
11/06 |
No caminho de Santiago - Reportagem sobre as repercussões da via rápida, que passa fora das cidades, para o comércio de Valença do Minho e de Tui. Vários comerciantes de Tui tiveram de mudar de ramo, mas o comércio dentro das velhas muralhas de Valença não foi muito afectado. |
24/07 |
Património mundial a meias
com Tui -
Tui e Valença preparam uma candidatura conjunta a Património Mundial à
UNESCO. O património histórico, a
inter-dependência ao longo dos tempos e os laços que se forjaram entre as
duas comunidades estão na génese da candidatura. |
24/07 |
A caminho de Santiago - O Presidente da República, Jorge Sampaio, chega hoje a Santiago de Compostela, onde, convidado pelo Rei de Espanha, D. Juan Carlos, assistirá aos festejos do último Xacobeo do milénio. |
24/07 |
Avisos de Daniel Bessa - O
presidente da Câmara de Valença recordou, durante uma conferência de
imprensa, que o economista Daniel Bessa alertou para a necessidade de Valença
agarrar as hipóteses de desenvolvimento, que passariam por um papel charneira
da localidade no Eixo Atlântico e pelo aproveitamento das novas vias entre a
Galiza e o Norte de Portugal. |
24/07 |
2001 faz milagres com 400 mil contos - A Galiza é um dos alvos publicitários da Sociedade Porto 2001. A empresa que vai gerir o Porto/Capital Europeia da Cultura espera adquirir espaço publicitário no valor de dez milhões de contos nos meios de comunicação social, apesar de apenas ter 400 mil contos para investir em publicidade. |
28/08 |
Outra leitura da realidade - Ignacio Ramonet, nascido na Galiza e director do Le Monde Diplomatique a partir de 1991, internacionalizou este jornal, que já conta com onze edições em línguas locais em Portugal, Espanha, França, Alemanha, Itália, Reino Unido, México, Suíça, Grécia, Líbano e Argentina. |
28/08 |
Hospital de Valpaços vai ter gestores espanhóis [1ª página]/Espanhóis vão gerir hospital de Valpaços - Gestores galegos da Cooperativa de Saúde Galega (COSAGA) vão gerir o Hospital de Valpaços, unidade da Santa Casa da Misericórdia fechada há dez anos. Depois do recrutamento de médicos e enfermeiros galegos, chegou a vez dos gestores. |
04/09 |
A rota nipónica das angulas - Fábricas na Galiza, situadas, principalmente, ao redor de Santiago de Compostela, processam as angulas pescadas ilegalmente no Rio Minho, por pescadores portugueses e galegos. As angulas são depois consumidas na Galiza e no resto de Espanha, onde são muito apreciadas, ou exportadas para o Japão. |
24/12 |
No Expresso nota-se uma certa diversidade temática na informação sobre a Galiza. Conforme é próprio do semanário, que procura fazer um jornalismo de profundidade, a entrevista a D. Manuel Fraga Iribarne nem sequer se reporta a um tema da actualidade, mas sim à influência do 25 de Abril sobre o regime franquista. O 25 de Abril serviu de "cabide" para a realização da entrevista.
É interessante notar que o Expresso também se reportou à influência dos galegos no sistema de saúde português, um processo que se iniciou com o recrutamento de médicos e enfermeiros galegos para suprir as vagas abertas nos centros de saúde e hospitais portugueses e que está a alastrar a outros sectores, como a gestão privada de hospitais.
O destaque dado a Valença também é assinalável. Em 12 números analisados encontraram-se duas notícias que se referem a essa vila fronteiriça.
3.2.7 Falcão do Minho
A linguagem usada nas notícias sobre a Galiza publicadas pelo Falcão do Minho é tendencialmente descritiva e objectivante, embora, por vezes, descambe em interpretações marcadas pela adjectivação, adverbização e aplicação de figuras de estilo que provavelmente não encontraríamos nos jornais inteiramente profissionalizados. A rede de facticidade e a objectivização da linguagem promovem uma certa neutralidade no tom verbal empregue para caracterizar a Galiza, embora as temáticas abordadas trabalhem para assegurar um enquadramento (ou frame, se preferirmos a designação cunhada por Tuchman em 1978) positivo para a Galiza. Todavia, é interessante notar que a citação directa entre aspas é menos usadas do que a paráfrase como procedimento de objectivização do discurso. Porém, por vezes, nestas situações, deixa de se saber se a fonte é o jornalista ou quem este contactou.
Interpretando o fenómeno da objectivização da linguagem, parece-me que a cultura jornalística é suficientemente forte para, através de mecanismos de aculturação e socialização, como, por exemplo, os cursos de formação e os manuais de jornalismo, gerar formas rotineiras de narração jornalística em que se nota a "rede de facticidade" identificada por Tuchman (1978), mesmo num pequeno jornal regional feito predominantemente por colaboradores não profissionais. Inclusivamente, é possível colocar a hipótese de que estes últimos desejem imitar o estilo redactorial dos seus congéneres profissionais, tido por modelo.
Por vezes, notam-se faltas de precisão na linguagem empregue no noticiário sobre a Galiza, bem como redundâncias desnecessárias e outros vícios de linguagem. A utilização do termo "artista" para designar indiferenciadamente pintores, escultores, cineastas, actores, cantores, etc. constitui um exemplo dessa falta de precisão. O facto de serem colaboradores não profissionais a narrar as notícias está, segundo penso, na génese desta situação.
Também é interessante notar o relevo inusitado que num contexto local adquirem certas personagens.
· Objectivização do discurso/rede de facticidade/neutralidade verbal/descrição e citações/rotinas enunciativas
- "O escritor português Lobo Antunes recebeu o prémio Rosalia de Castro, promovido pelo ciclo de escritores Pen Club de Galicia (...)"(07/01/99)
- "Inaugurou-se no último dia 17, na sala de exposições da Caixavigo, uma mostra de pintura do artista galego Fernando Alvarez Sotomayor (1875-1960)."
- "O presidente da associação de armadores de Marin, Senen Touza, (...) garantiu que 'até ao momento não recebemos qualquer comunicação oficial sobre estes casos'." (11/02/99)
- "Segundo declarações do presidente da Câmara de Verin, José Manuel Jimenez, 'esta será a primeira vez que o Carnaval desta localidade será apresentado a nível de embaixada cultural itinerante (...)'." (11/02/99)
- "O presidente da Junta da Galiza, Manuel Fraga Iribarne, considerou que o Caminho de Santiago 'é um exemplo histórico da obra colectiva' que a Europa deve ter presente." (11/02/99)
· Adjectivação e adverbização
- "Nesta operação, promoveram-se (...) as modalidades de esqui (...), com particular destaque para um estilo moderno e totalmente afastado dos tradicionais saltos e descidas rápidas montanha abaixo." (07/01/99)
- "São perto de meia centena de quadros que já estiveram pendurados no Museu de Belas Artes de A Corunha e constituem uma magnífica oportunidade para se poder contemplar (...)." (sic) (07/01/99)
· Imprecisão, exagero e adjectivação
- "O artista português Fernando José Pereira, considerado a grande figura do momento no panorama artístico a nível internacional, tem patente ao público (...) uma exposição (...)."(07/01/99)
- "(...) como forma de dar a conhecer o Entrudo desta região galega, que goza de uma grande tradição em todo o Mundo (...)." (11/02/99)
· Relevo inusitado de instituições ou personalidades/adjectivação ingénua
- "No concerto, que agradou ao muito público presente, encontravam-se personalidades do mundo da cultura da Galiza e do Norte de Portugal, destacando-se o comparecimento de Carla Barbosa, directora da Escola Profissional de Música de Viana do Castelo". (07/01/99)
· Tom verbal positivo para a Galiza/frase
rebuscada/tratamento amador da informação numérica
- "Para os responsáveis da Caixa Galicia, a parte mais importante deste plano de expansão é a sua entrada em Portugal, onde a entidade financeira entra de forma decidida, prevendo a abertura de 4 sucursais em solo luso." (13/05/99)
· Uso de paráfrase, indistinção ente o que é do jornalista
e da fonte/frases sobrecarregadas e rebuscadas
- "Segundo o director de serviços das estações de neve [não identificado], esta campanha de promoção é dirigida tanto aos esquiadores experientes como a todos os praticantes menos experimentados e, em geral, ao conjunto de pessoas e famílias que, não tendo o esqui como principal motivação, gostam de locais de paisagem com neve, como conceito de turismo de descanso e relaxamento. Por este facto, e aproveitando o bom momento de relacionamento e expansão económica entre Espanha e Portugal, graças às novas vias de comunicação que os ligam, o Patronato de Turismo está a estudar a possibilidade de apresentar uma grande campanha publicitária nos diferentes órgãos de comunicação social das regiões mais importantes de Portugal." (07/01/99)
Resumos das
notícias sobre a Galiza publicadas no jornal Falcão do Minho
Notícias |
Data |
Obras de Fernando Sottomayor na Caixavigo - Uma exposição de obras do pintor galego Fernando Sotomayor foi inaugurada na sala de exposições da Caixavigo. O certame beneficiou do apoio da Junta da Galiza e da Caixavigo, tendo os quadros sido disponibilizados por coleccionadores privados, pelo Museu Rainha Sofia, pela Biblioteca do Congresso dos Deputados e por outras instituições. |
07/01 |
Quinze mil portugueses divertem-se na neve - Cerca de 15 mil dos esquiadores que anualmente passam pela Galiza são portugueses. |
07/01 |
Banda nacional de O Rosal edita terceiro trabalho discográfico - A Banda Musical de O Rosal apresentou o seu terceiro disco a personalidades da música e da cultura de Portugal e da Galiza, no Auditório do Val dos Mirabeles. |
07/01 |
Artista português expõe na Corunha - A vídeo-instalação do artista plástico português José Pereira esteve patente ao público na Fundação Luís Seoane, na Corunha. |
07/01 |
Lobo Antunes recebe o prémio Rosália de Castro - O escritor português Lobo Antunes recebeu o prémio Rosália de Castro, atribuído pelo Pen Club de Galicia. |
07/01 |
Jacobeo uniu cónegos de Braga e Santiago - Os arcebispados de Santiago e de Braga, que outrora disputavam a primazia eclesiástica no Noroeste Peninsular, firmaram um acordo de irmandade. |
07/01 |
Caminhos de Santiago 99 envolvem seis dezenas de estudantes da Ribeira Lima - Cerca de sessenta estudantes e professores da Ribeira-Lima participam num projecto cultural sobre o Caminho de Santiago português, tendo como objectivo "revitalizar as marcas culturais do Noroeste Peninsular" no Ano Jacobeu. |
07/01 |
Pescadores portugueses queixam-se da frota de arrasto de Vigo e Marin - Os pescadores portugueses de Póvoa do Varzim e Vila do Conde queixaram-se ao Governo português dos alegados prejuízos causados pela frota galega de pesca de arrasto, tendo salientado que já se registaram confrontos verbais entre os profissionais da pesca da Galiza e do Norte de Portugal. |
11/02 |
Caminho de Santiago é exemplo da construção europeia - O presidente da Junta da Galiza, Manuel Fraga Iribarne, afirmou que os Caminhos de Santiago são "um excelente exemplo histórico de obra colectiva que a Europa deve ter presente". O governante galego falava na inauguração da exposição "Porto-Santiago: A Espiritualidade e a Peregrinação Jacobeias". |
11/02 |
Carnaval de Verin promovido em Portugal - A autarquia de Verin e a Associação Cultural "O Cigarron" promoveram o Carnaval dessa localidade em várias cidades da Galiza e do Norte de Portugal, esperando atrair mais turistas aos ayuntamiento. |
11/02 |
Ecologistas portugueses e galegos dizem não à barragem de Sela - A Plataforma Ecologista Luso-Galaica pediu aos Governos de Portugal e Espanha o abandono definitivo do projecto de construção do aproveitamento hidroeléctrico de Sela, no troço internacional do rio Minho. A Plataforma considera o projecto "desnecessário e altamente prejudicial". |
18/03 |
Xúlio Lago regressa a
Viana do Castelo e ao Teatro do Noroeste - O encenador galego
Xúlio Lago, da companhia Teatro Atlântico, da Corunha, vai dirigir a
companhia vianense Teatro do Noroeste nas peças "O Executor 14", de
Adel Hakim, e "A Arte de Bem Viver na Sociedade Contemporânea", de
Jean-Luc Lagarce. |
18/03 |
Caminha quer virar a "cara" para o Minho - O presidente da Câmara Municipal de Caminha defendeu que as localidades portuguesas e galegas ribeirinhas do rio Minho devem preparar um projecto integrado de intervenção para a foz desse curso fluvial, de forma a combater o assoreamento da zona. |
18/03 |
Casa de Portugal divulga obra do escritor Eça de Queirós - A Casa de Portugal em Vigo organizou uma exposição sobre a vida e obra do escritor Eça de Queirós, no âmbito da qual se realizou a conferência "Uma tarde com Eça de Queirós". Foram conferencistas o arquitecto Campos de Matos e a professora Maria Isabel Pires, da Faculdade de Letras do Porto. |
18/03 |
Portugal e Galiza voltam à "Surfada" -A Praia do Cabedelo, em Viana do castelo, recebeu a segunda edição do Campeonato Luso-Galaico de Surf, Bodyboard e Longboard. A iniciativa foi organizada pelo Surf-Clube de Viana e pela Off-Shore. |
18/03 |
ATT prepara 1ª Semana de Turismo - Caminhos de Santiago - A Associação de Técnicos de Turismo, em colaboração com os estudantes do curso de Turismo da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, organizou a 1ª Semana do Turismo, dedicada ao tema "Caminhos de Santiago - Caminhos de Peregrinação, História e Monumentalidade". |
29/04 |
Feira-Mostra e núcleo museológico inaugurados por Jorge Coelho - O ministro Jorge Coelho prometeu em Melgaço, durante a quinta edição da Feira-Mostra dos Produtos de Melgaço, que o Governo português vai criar condições para a fixação de médicos no interior do país, onde já trabalham clínicos galegos. |
29/04 |
Abriu o maior arraial minhoto do país/Quinta da Malafaia acolheu mais de dois mil convidados - Convidados portugueses e galegos estiveram presentes na inauguração do maior arraial minhoto do país. |
29/04 |
Bryan Adams dá concerto na
Corunha -
O cantor canadiano Bryan Adams deu um concerto na Corunha, no Coliseum da
cidade. |
13/05 |
Agricultura e jardinagem domina Agriflor - Um expositor galego participou com 34 expositores portugueses em mais uma edição da feira de floricultura, horticultura e jardinagem Agriflor, que decorreu em Viana do Castelo. |
13/05 |
Empresários e técnicos de Portugal e Galiza reuniram em Vigo - Empresários, políticos, altos funcionários e técnicos portugueses e galegos, reunidos em Vigo, exigiram a implantação de um projecto de transportes intermodal, baseado na criação de uma linha férrea de alta velocidade entre o Porto e Vigo. |
13/05 |
Municípios do Vale do Lima apresentaram plano de desenvolvimento - O Plano Estratégico de Desenvolvimento do Vale do Lima prevê que 52% do total de investimentos seja concentrado nas acessibilidades, merecendo destaque a Via Transversal do Vale do Lima, que ligará Viana do Castelo à fronteira da Madalena, com prolongamento para Orense e para a auto-estrada das Rias Baixas. |
13/05 |
Caixa de Galicia anunciou próxima expansão em Portugal - A Caixa Galicia planeia expandir-se para Portugal durante o ano 2000, abrindo sucursais em Valença, Viana do Castelo, Porto e Lisboa. A Caixa pretende ainda vir a ocupar o quarto lugar no ranking de bancos espanhóis em volume de activos financeiros. |
13/05 |
Noite de fados em Baiona com Maria do Céu e o grupo Alfama cativa público - A fadista Maria do Céu e o Grupo Alfama actuaram no Auditório de Baiona, tendo apresentado o seu segundo trabalho discográfico, intitulado "Velhas Lembranças". |
13/05 |
Estrada real de Viana para Braga e Caminho de Santiago - Peça de opinião e análise onde se defende que a estrada de Braga para Viana e daqui para a Galiza, pela orla marítima, era um Caminho de Santiago tanto ou mais percorrido do que a "Estrada do Norte", que seguia de Braga para a capital galega pela estrada romana que atravessa a serra do Gerês. |
10/06 |
Ponte internacional Eiffel vai ser recuperada - A ponte internacional sobre o Rio Minho, em Valença, construída segundo o modelo Eiffel, vai ser recuperada, segundo estabelecem os termos de um acordo entre as companhias ferroviárias de Portugal (CP) e de Espanha (REFER). |
10/06 |
Sagres na Corunha - O navio-escola Sagres, da Armada Portuguesa, visitou a Corunha, tendo oferecido uma recepção e almoço a bordo a autarcas, militares, altos funcionários e outras entidades desta cidade galega. |
10/06 |
Batalha de Elviña - A autarquia da Corunha vai realizar, na localidade, uma encenação da Batalha de Elviña, que opôs tropas inglesas e francesas em 1809. |
10/06 |
Simpósio internacional de escultura no Monte de Alba - A Comunidade de Montes, da freguesia viguesa de Valladares, organizou o I Simposium Internacional de Escultura. As obras concorrentes passam a fazer parte do património da comunidade. |
15/07 |
Tertúlia com Craveirinha na feira da lusofonia - A XIX Expo Feira do Livro de Viana do Castelo contou com um dia dedicado às letras galegas, durante o qual foi apresentado o livro "Matade a Mana", do escritor galego Elixio Rodrigues. |
15/07 |
Centena e meia de criadores de Espanha e Portugal expõem na estação marítima da Corunha/VI Mostra Unión Fenosa de Pintura e Escultura - Escultores e pintores portugueses e galegos expuseram na Estação Marítima da Corunha 152 criações plásticas, no âmbito da sexta edição da mostra da Unión Fenosa de Pintura e Escultura. |
15/07 |
ExpoValença assume papel estratégico na capital do comércio tradicional - O secretário de Estado do Comércio presidiu à inauguração da sexta edição da ExpoValença, certame que "pretende lançar novas apostas na potenciação do relacionamento económico e cultural do Noroeste peninsular". Na inauguração esteve presente o assessor José Carro Otero do presidente da Junta da Galiza. |
15/07 |
Verín e Alto Tâmega
integrados em comunidade territorial - A Comunidade
Territorial de Cooperação Comarcas de Verin - Alto Tâmega foi
constituída segundo as directrizes do Conselho da Europa, que aconselha a
colaboração transfronteiriça como meio de aproximação dos povos. O convénio foi assinado pelo presidente da
Associação de Desenvolvimento Rural do Alto Tâmega, Alexandre Chaves, e pelo
secretário-geral de Planificação da Junta da Galiza, Andres Precedo. |
15/07 |
Artistas galegos expõem em Braga - Obras de pintores e escultores galegos estiveram expostos em Braga, durante a inauguração de uma galeria de arte. |
15/07 |
Terceiro posto misto de fronteira entre Valença e Tui - O terceiro posto misto de fronteira luso-espanhol foi inaugurado em Tui, na Galiza, na presença dos ministros Jorge Coelho, de Portugal, e Jaime Orega, de Espanha. |
15/07 |
Nova edição da Ceia Medieval - O primeiro dia da Ceia Medieval de Melgaço foi dedicado à Galiza. No âmbito da iniciativa foi organizada uma exposição sobre os Caminhos de Santiago. |
15/07 |
Celta de Vigo vence Teresa
Herrera -
O Celta de Vigo venceu a 54ª edição do Troféu Teresa Herrera, disputado
na Corunha. |
26/08 |
Monção acolhe Festival Ibérico de Bandas - Bandas galegas e portuguesas participam no III Festival Ibérico de Bandas, em Monção, organizado conjuntamente pela Banda de Música e pela Câmara Municipal dessa vila minhota. |
23/09 |
Autarcas reúnem com ministros do desenvolvimento de Portugal e Espanha - Os Governos de Portugal e Espanha vão receber delegações autárquicas das dezoito cidades galegas e portuguesas que formam o Eixo Atlântico, de forma a preparar candidaturas conjuntas aos fundos do III Quadro Comunitário de Apoio para projectos de infra-estruturas e acessibilidades. |
23/09 |
Escritor luso participa nos encontros sobre literatura - O escritor português João de Melo participou nos encontros sobre literatura que ocorreram em Pontevedra, organizados pela Universidade Internacional Menendez Pelayo. O escritor reclamou o estreitamento dos vínculos culturais entre Portugal e a Galiza, realçando as similitudes linguísticas. |
23/09 |
Librescena apresenta "O Barbeiro de Sevilha" em Portugal - A companhia de teatro galega Librescena vai apresentar a peça "O Barbeiro de Sevilha" em Ponte de Lima. |
23/09 |
Peregrino de Santiago passa por Viana - O cidadão espanhol Marcelino Lobato está a realizar uma peregrinação a Santiago de Compostela montado no seu jumento. Este romeiro partiu de Logroño, onde reside, para o Santuário de Nossa Senhora do Pilar e daí para Santiago. Seguidamente rumou a Fátima, tendo passado por Viana do Castelo, onde foi recebido pelas autoridades municipais. O romeiro espera regressar a Logroño depois da visita ao santuário mariano. |
23/09 |
Refer volta atrás - A companhia ferroviária espanhola REFER vai manter as ligações ferroviárias existentes entre Vigo/Valença/Porto, atendendo aos protestos das autarquias e dos utentes da Galiza e do Vale do Minho. |
07/10 |
VALIMA e AMVM em Silleda - As associações de municípios do Vale do Lima (VALIMA) e do Minho (AMVM) participaram com um stand próprio na Semana Industrial - Salão Inter-Indústria, que decorreu na Fundação Semana Verde de Galicia, em Silleda. A participação dos municípios portugueses foi levada a efeito no âmbito do projecto "Atracção de Investimento e Dinamização Empresarial do Minho-Lima". |
07/10 |
Viana reúne Galiza e Norte de Portugal - O primeiro encontro da Fundação do Observatório Urbano do Eixo Atlântico reuniu, em Viana do Castelo, governantes, autarcas, empresários, académicos, altos funcionários, políticos e responsáveis por organizações da sociedade civil de dezoito cidades do Norte de Portugal e da Galiza. O presidente da Comunidade de Trabalho Galiza - Norte de Portugal, Braga da Cruz, e o secretário-geral das Relações Exteriores da Junta da Galiza, Jesús Gamallo, salientaram a importância do Observatório Urbano na cooperação transfronteiriça. |
18/11 |
Panorâmica de Portugal em Tui - Artesãos, pintores e escultores do Alto Minho expuseram as suas obras na mostra "Panorâmica de Portugal", em Tui. |
18/11 |
Eixo Atlântico lança "site" sobre Norte e Galiza - O Observatório Urbano do Eixo Atlântico lançou o site www.janela.com durante o primeiro encontro anual deste organismo. O presidente do Observatório Urbano do Eixo Atlântico salientou que a criação deste site "pretende fomentar as relações entre o Norte de Portugal e a Galiza". |
18/11 |
Barragem de Sela não será construída - A Barragem de Sela, no Rio Minho, não será construída, segundo decisão tomada numa reunião da Comissão Luso-Espanhola Para o Aproveitamento Hidroeléctrico dos Cursos Internacionais dos Rios. |
23/12 |
Comércio electrónico debatido na Corunha - Empresários portugueses, espanhóis de outras nacionalidades reuniram-se na Corunha durante a primeira edição da Commerx 99 - Feira Atlântica do Comércio Electrónico e da Empresa na Internet. |
23/12 |
Prémio Xesús Taboada Chivite - Prazo de entrega dos trabalhos termina no final do ano - A autarquia de Verin organiza o XII Prémio Xesús Taboada Chivite, destinado a recompensar trabalhos científicos nos âmbitos da arqueologia, antropologia e história realizados no espaço da antiga Gallaecia. |
23/12 |
As notícias publicadas pelo semanário regional Falcão do Minho demonstram:
1) A vitalidade das relações entre o Norte de Portugal e da Galiza, especialmente das relações culturais, sendo inesperado que a dimensão económica dessas relações não tenha, no Falcão do Minho, uma representação jornalística à altura da sua importância real;
2) O facto de as relações entre o Norte de Portugal e a Galiza serem promovidas mais pelas autarquias e pelas organizações da sociedade civil de ambos os lados da fronteira do que pela acção dos Governos centrais de Portugal e de Espanha, muito embora a Comissão de Coordenação da Região Norte, pela parte portuguesa, e a Junta da Galiza, pela parte galega, tenham também um papel destacado no incremento das relações transfronteiriças.
3.2.8 Revista Visão
Nas revistas que constituíram a amostra apenas encontrei duas reportagens sobre a Galiza, uma sobre narcotráfico e outra sobre o Xacobeo 99 e o turismo religioso em Santiago de Compostela. A linguagem empregue em ambas as peças é relativamente livre, embora de cunho profissional. Os jornalistas ironizam, caracterizam, criam suspense, procuram emocionar. Abundam adjectivos e advérbios na prosa da Visão. Mas os jornalistas não abandonam a intenção informativa. Eles também descrevem e citam, prendendo partes da enunciação à teia de facticidade. E, indo mais longe, interpretam, dissecam, analisam, contextualizam. Sobre a imagem projectada da Galiza, poderá, talvez, dizer-se que, na reportagem sobre o narcotráfico, o humor e a ironia contribuem para gerar a ideia de que a Galiza é um país de mafiosos, que estendem o seu poderio a Portugal; na reportagem sobre as peregrinações, o tom é manifestamente positivo para a Galiza, para as peregrinações e para os peregrinos, explorando-se a sensibilidade do leitor, que, quiçá, fica com vontade de também ele fazer uma peregrinação ou, pelo menos, visitar Santiago de Compostela.
Em termos estruturais, é de salientar que ambas as reportagens abrem de forma clássica. A entrada ("super-lead") é marcadamente informativa e sintética nas duas peças. As frases iniciais são consagradas a aspectos peculiares, a partir dos quais se abre a narração aos aspectos gerais. Caminha-se, portanto, do particular para o geral.
Dos títulos, um limita-se a informar do tema da peça, assumindo um estatuto de quase neutralidade ("Santiago de Compostela/Em ano de Xacobeo" - 22/07/99); o outro é incisivamente emotivo, algo sensacionalista, e liga Portugal e a Galiza num tema em que provavelmente seria melhor andarem de costas voltadas ("Droga em galaico-português" - 22/04/99).
· Entradas informativas e sintéticas
"Um presumível traficante galego aguarda, em Custoias, a instauração de um processo por sequestro. O raptado foi resgatado pela polícia, em Caminha. Em Espanha, uma mafia de narcotraficantes foi desmantelada. O patriarca do clã tinha importantes interesses no Minho." (22/04/99)
"A cidade [Santiago de Compostela] está repleta de gente que não quis perder o último domingo santo do milénio." (22/07/99)
· Frases iniciais clássicas (progressão do particular
para o geral), a primeira sobrecarregada de dados e a segunda cheia de
adjectivos caracterizadores/rotinas enunciativas
"Quando Antolín Fernández Pajuelo, 35 anos, originário da localidade fronteiriça de A Guarda, na Galiza, e agora detido em Portugal (Custoias), decidiu sequestrar José Luis Gómez Falcón -filho de um abastado empresário galego do sector da construção- e levá-lo para um chalet de Caminha, pretendia obter um resgate que lhe permitisse, mais tarde, financiar uma operação de narcotráfico." (22/04/99)
"Antonia Moreno, 62 anos, tem um sorriso estampado no
rosto cansado, quando, ao dobrar uma esquina, descobre a Catedral de Santiago
de Compostela, oferecendo-se como um gigantesco troféu que, secretamente,
murmura 'conseguiste, chegaste cá'." (22/07/99)
· Objectivização do discurso/rede de facticidade/neutralidade
verbal/descrição e citações/rotinas enunciativas
"Além do patriarca do clã, sentaram-se no banco dos réus a sua mulher, quatro dos seus filhos e respectivos cônjuges, uma neta, diversos testas de ferro e colaboradores do grupo mafioso." (22/04/99)
"O ex-alcaide socialista de Villagarcía, Sito Vazquez, estima que os clãs do narcotráfico galego são dirigidos por cerca de duas centenas de pessoas. pelos seus cálculos, os lucros do narcotráfico sustentam, directa ou indirectamente, metade da actividade económica da zona da Ria de Arosa."
"'O pai de Antolín foi detido por nós na residência onde estava o jovem', sublinha José Monteiro, inspector-coordenador da SRITE." (22/04/99)
"'Desta vez viemos a pé, mas quero fazer a Via da Prata de bicicleta (...)." (22/07/99)
"Jaime, um dos funcionários da Oficina [do peregrino], diz que 'há dias em que chegam cerca de mil peregrinos'." (22/07/99)
"À volta da Catedral, elementos da Cruz Vermelha e pessoal médico do grupo de auxílio alemão da Ordem de Malta estão atentos (...)".
· Fontes anónimas
"Outras fontes consideram que 'sem a cumplicidade de altas instâncias, incluindo algumas colocadas no Governo Regional da Galiza, dificilmente poderiam contar com a impunidade de que gozam'." (22/04/99)
· Análise
"O golpe desferido nesta organização não prenuncia o fim das actividades dos 'capos' galegos em território nacional nem o abrandamento da sua influência. Portugal continua a funcionar como espaço de recuo e refúgio. Na hierarquia do tráfico organizado, os portugueses aparecem como 'subsidiários' dos espanhóis, tal como estes o são dos colombianos." (22/04/99)
"A Xunta da Galicia soube recuperar esta antiga tradição católica que durante séculos transformou Santiago num dos principais pólos culturais e eclesiásticos da Europa (...)" (22/07/99
· Ironia e adjectivação
"Com a sofisticação de tais precauções, não admira que Pajuelo e dois cúmplices tivessem sido apanhados pelas autoridades portuguesas, logo ali, na simpática vila dos arredores de Lisboa." (22/04/99)
"Padrinho I, II e III"
· Adjectivação
"O célebre juiz espanhol Baltasar Garzón (...)" (22/04/99)
"É assim com todos os peregrinos. Trazem os olhos mais límpidos do que qualquer outra pessoa e um sorriso de quem sabe mais do que os outros." (22/07/99)
"O sol do fim da manhã é abrasador (...)" (22/07/99)
· Metáforas e outras figuras de estilo
"O primeiro 'míssil' que acertou em cheio no seu património em Portugal (...) foi disparado pela justiça do seu país, que lhe arrestou os bens." (22/04/99)
"Em Valliagarcía de Arosa, as pistolas aparecem com grande frequência nas discussões e em determinados ambientes." (22/04/99)
Resumos das
notícias sobre a Galiza publicadas pela revista Visão
Notícias |
Data |
Droga em galaico-português - Reportagem sobre o narcotráfico galego e as suas ramificações em Portugal. O pretexto da peça residiu na detenção de um presumível traficante, devido ao falhanço do sequestro do filho de um empresário galego da construção civil. Este escapou porque o sequestrador apenas lhe tirou um dos dois telemóveis que trazia consigo, o que lhe permitiu contactar a polícia. |
22/04/99 |
Santiago de Compostela/Em ano de Xacobeo - Reportagem sobre as peregrinações a Santiago de Compostela em ano de Xacobeo, com particular referência aos peregrinos portugueses. Destaca-se a aproximação do Dia do Apóstolo. Complementa-se a peça com informações históricas e sociais sobre as peregrinações e Santiago. |
22/07/99 |
A Visão concedeu pouco espaço informativo à Galiza. Aliás, quando a revista se refere à Galiza é porque ou existem implicações para Portugal (redes de narcotráfico) ou pode-se adicionar à peça um motivo de interesse português (os peregrinos portugueses).
É de realçar que, mais uma vez, o Xacobeo 99 foi o pretexto para uma reportagem sobre a Galiza. Se as festividades do Xacobeo não tivessem ocorrido, provavelmente a Visão teria concedido ainda menos espaço informativo à Galiza.
Saliente-se, finalmente, que, não se assistiu a uma cobertura noticiosa sistemática da Galiza na Visão. Na revista não se encontraram "notícias" de facto sobre a Galiza, se considerarmos as notícias como informação nova e actual. As peças publicadas correspondem a reportagens realizadas por efeito de cabide, ou seja, um rapto serviu de pretexto à reportagem sobre o narcotráfico galego e a aproximação do Dia do Apóstolo Santiago serviu de pretexto à reportagem sobre o Xacobeo. Esta última reportagem, de facto, tem um valor quase intemporal: embora o Xacobeo 99 tivesse sido o pretexto para a sua realização, poderia ter sido feita e publicada em qualquer um dos anos recentes que isso não lhe retiraria valor.
3.3 Mini-entrevistas
As mini-entrevistas a seguir inseridas constituem um complemento à análise de conteúdo. Nas breves conversas mantidas com os jornalistas procurou-se confrontá-los com os dados recolhidos na pesquisa e encontrar as razões que, na óptica desses profissionais, moldam e tipificam a cobertura que se faz da Galiza na imprensa portuguesa.
Realce-se que as entrevistas foram feitas a jornalistas do Porto (ou de Viana do Castelo e Braga, nos casos do Falcão do Minho e Diário do Minho). Estes jornalistas mostram-se, afectivamente, bastante ligados à Galiza, apontando o centralismo lisboeta como uma das razões pelas quais a cobertura da Galiza não é tão significativa quanto o esperado.
Registe-se, finalmente, que a maior parte das entrevistas teve lugar em meados de 2000 ou inícios de 2001. Com frequência os jornalistas, embora reportando-se aos dados de 1999, anunciam projectos ou intenções actuais.
Mini-entrevista
ao jornalista Jorge Sousa, coordenador da Agenda do Jornal de Notícias
Para Jorge Sousa, "é muito natural que a maioria das notícias sobre a Galiza publicadas pelo JN incidam mais na secção de desporto". Jorge Sousa encontra justificação para este facto no "interesse" que os portugueses revelam pelo futebol espanhol, "inclusivamente por causa dos futebolistas portugueses que jogam em Espanha". No entanto, o jornalista realça que o Jornal de Notícias também se debruça sobre outras temáticas, "como comprovam os dados do estudo, tais como os eventos culturais, a política e a economia". Segundo ele, no JN as notícias relativas à Galiza "são encaradas como notícias portuguesas!".
A entrevista ao jornalista Jorge Sousa revela uma característica interessante: afectividade jornalística para com a Galiza. O envolvimento do jornal com as gentes do Norte está, provavelmente, na base desta postura. Os dados confirmam, aliás, que um leitor português que pretenda manter-se a par do quotidiano galego deve optar pela leitura diária do JN.
Mini-entrevista
ao jornalista Manuel Neto Silva, chefe da delegação do Porto do Correio da
Manhã
O chefe da delegação do Porto do jornal Correio da Manhã considera, face aos resultados da pesquisa, que no seu jornal se publica pouca informação sobre a Galiza. "Isto deve-se ao facto de a sede do jornal ser em Lisboa e de o número de leitores ser maior no Centro e no Sul", justifica. No entanto, não deixa de realçar que "a informação sobre a Galiza tende a aumentar devido a um aumento da sensibilidade para a integração das questões políticas, económicas, culturais, sociais e desportivas relativas à Galiza no Correio da Manhã e na imprensa portuguesa em geral". Segundo Neto Silva, a maior parte da informação sobre a Galiza é produzida no Porto e em Braga [delegações], "por se encontrarem mais próximas". |
A cobertura que a imprensa portuguesa faz da Galiza é relativamente reduzida. A mini-entrevista ao chefe da delegação do Porto do Correio da Manhã aponta no mesmo sentido dos dados quantitativos obtidos na pesquisa. No entanto, uma vez detectado o problema, cuja génese está nos critérios editoriais, o jornalista promete, para o futuro, uma maior atenção à Galiza, não apenas no seu jornal mas na imprensa portuguesa em geral.
Mini-entrevista
à jornalista Luísa Melo, do Diário de Notícias
Luísa Melo afirma que a relativa ausência de cobertura da Galiza se deve "à falta de interesse do leitor". Para ela, "a Galiza não é suficientemente notória para os leitores do Diário de Notícias". Além disso, "o local de inserção das notícias sobre a Galiza no jornal é sempre difícil, pois nunca se sabe em que secção devem colocar-se - Local, Nacional ou Internacional."
Mini-entrevista
ao jornalista Viale Moutinho, do Diário de Notícias
"O jornal tem sede em Lisboa, logo não sabem nem entendem o significado da Galiza para o Norte de Portugal". É assim, sem papas na língua, que o jornalista Viale Moutinho justifica a relativa falta de atenção que é dada à Galiza nas páginas do periódico onde trabalha. Complementando a sua análise, Viale Moutinho salienta que "o Diário de Notícias tem apenas um correspondente em Madrid, o que é muito pouco para um país tão vasto como a Espanha. A Galiza é considerada um espaço de pouca importância. Dá-se prioridade ao poder central, esquecendo-se a Galiza, a Andaluzia, a Catalunha e outras regiões importantes para Portugal". No entanto, o jornalista regista que os profissionais do Porto vão com frequência à Galiza "cobrir acontecimentos culturais e políticos". Viale Moutinho anuncia também que entre os projectos do DN está a inclusão de uma página periódica dedicada à Galiza. E, a propósito, aponta o dedo ao Jornal de Notícias, jornal do mesmo grupo empresarial, "que tinha uma página sobre a Galiza que acabou ao fim de dois anos, até hoje não se sabe bem porquê". E remata: "Existe uma falta de consciência sobre a importância da Galiza para o Norte de Portugal".
Mini-entrevista
ao jornalista Hélder Bastos, editor do Diário de Notícias no Porto
Hélder Bastos afirma que é raro o Diário de Notícias enviar um jornalista à Galiza. "Às vezes nem uma vez por mês", salienta. Segundo ele, são os eventos culturais a preencher uma grande parte da informação sobre a Galiza, que "em parte é fornecida por agências como a Lusa". Para Hélder Bastos, a Galiza não é mais vezes chamada à primeira página do jornal "porque só uma notícia bombástica o exigiria". "Mas notícias dessas não costumam vir da Galiza", releva. De qualquer modo, Hélder Bastos regista: "vemos a Galiza quase como se fosse o resto de Portugal para além da fronteira".
Luísa Melo sugere que a Galiza não é matéria de especial interesse para o leitor do DN. De algum modo, é possível que assim seja, já que o Diário de Notícias é um jornal lido principalmente a Sul do país. No entanto, este não é um dado verificado e validado. A intuição dos jornalistas sobre os interesses dos leitores nem sempre corresponde àqueles que, de facto, são os interesses dos leitores.
As declarações de Viale Moutinho, um dos mais reputados jornalistas portuenses, de algum modo complementam e aprofundam as intuições de Luísa Melo. Moutinho justifica os resultados da pesquisa com a ausência de sensibilidade jornalística para os assuntos galegos que existe em Lisboa, onde o seu jornal tem sede. Em consequência, julgo poder dizer que como a agenda e a selecção e hierarquização de informação são, em grande medida, determinadas em Lisboa, no DN os critérios de noticiabilidade não enquadram a Galiza como um espaço geográfico de cobertura prioritária.
A entrevista a Hélder Bastos vem consolidar alguns resultados do estudo. A Galiza é pouco importante em termos de cobertura, ainda que seja vista quase como uma extensão de Portugal em Espanha. Daí que seja raro o jornal enviar jornalistas à Galiza, que parte da informação sobre a Galiza seja fornecida pelas agências e que sejam poucas as chamadas sobre a Galiza à primeira página.
Mini-entrevista
à jornalista Luísa Pinto, do Público
A jornalista Luísa Pinto considera os dados recolhidos sobre as imagens da Galiza no jornal Público demonstram que este órgão jornalístico se guia por critérios que privilegiam a informação nacional em detrimento da informação sobre o estrangeiro, ainda que a Galiza seja vizinha de Portugal. Luísa Pinto justifica o facto de todas as notícias sobre a Galiza publicadas pelo Público (nos números que constituíram a amostra) estarem relacionadas com Portugal salientando que "para nós, as notícias do estrangeiro têm mais valor jornalístico quando, de alguma forma, estão associadas ao nosso país, ou quando se impõem por si, como é o caso das catástrofes naturais, guerras, etc." |
Mini-entrevista
ao jornalista José Manuel Rocha, do Público
O jornalista José Manuel Rocha, do Público, vai mais longe do que a sua colega Luísa Pinto na interpretação dos dados do estudo. Para ele, "a primeira conclusão que se pode tirar é que o noticiário relativo à Galiza continua a ser escasso no panorama jornalístico português, o que não deixa de ser estranho para uma região que tem connosco efectivas ligações aos mais diversos níveis - geográfico, cultural, projectos comuns de desenvolvimento, etc.". José Manuel Rocha encontra justificação para a fraca relevância da informação sobre a Galiza no Público nas contingências da globalização: "Parece existir, de facto, uma agenda mundial globalizada no noticiário internacional, obviamente ditada pelos grandes colossos do sector e pelas grandes potências, a que ninguém foge. Só assim se justifica que a Galiza tenha pouco destaque nas páginas dos jornais portugueses e raramente com honras de primeira página ou mesmo de abertura de uma secção". No entanto, para o jornalista é razoável que a informação sobre a Galiza verse igualmente Portugal, "por razões que têm a ver com o interesse directo dos leitores portugueses". "A falta de um correspondente na Galiza é, certamente, uma das razões pelas quais existem poucas notícias sobre essa região no Público", conclui. |
A primeira das mini-entrevistas, realizada à jornalista Luísa Pinto, do Público, acentua a importância do valor-notícia da "proximidade" para justificar a relativa falta de interesse do jornal face à Galiza (falta de interesse, aliás, que contraria as minhas expectativas). Tanto ela como o segundo entrevistado, o jornalista José Manuel Rocha, encontram no interesse provável da audiência a razão pela qual se noticia predominantemente a informação que respeita simultaneamente à Galiza e a Portugal, em detrimento da informação que respeita unicamente à Galiza. Porém, José Rocha aponta a globalização e o predomínio da informação sobre os "países de elite" como uma das causas da insuficiente cobertura do que se passa na vizinha Galiza.
Mini-entrevista
ao jornalista João Aguiar Campos, do Diário do Minho
O jornalista João Aguiar Campos considera que a quantidade de informação sobre a Galiza que surge no Diário do Minho corresponde à dimensão do jornal e ao seu carácter "fortemente regional e local", centralizado em Braga. |
A entrevista possível a João Aguiar Campos confirma que a linha editorial do jornal limita e enquadra a informação sobre a Galiza publicada no Diário do Minho. A presença relevante da temática religiosa deve-se ao papel da Diocese de Braga.
Mini-entrevista
ao jornalista Ricardo Jorge Pinto, chefe da delegação do Expresso no
Porto
Para o jornalista Ricardo Jorge Pinto, os resultados do estudo eram previsíveis, "tendo em conta que existe uma forte ligação entre o Norte de Portugal e a Galiza, em várias áreas". "Este aspecto explica a diversidade de secções onde o tema Galiza aparece. A falta de destaque da Galiza no jornal prende-se com a linha editorial do Expresso, que tem uma visão centralista em relação a Lisboa", adianta, esclarecendo ainda que "a Galiza é tratada pela redacção do Porto".
A entrevista mostra que por vontade de alguns dos jornalistas do Porto seria dedicado mais espaço informativo à Galiza nas páginas dos jornais. No entanto, o facto de a sede do Expresso, tal como a sede de outros jornais, ser em Lisboa, gera uma diminuição relativa da importância da Galiza na geografia das notícias, explicada pela influência do critério de valor-notícia da proximidade.
Note-se ainda que no Expresso se nota uma certa variedade no agendamento de temas com referências à Galiza, tal como é confirmado por Ricardo Pinto. Esta poderá ser uma das razões para o facto de o futebol e de o Xacobeo não terem, a avaliar pela amostra, inflacionado o número de notícias sobre a Galiza no Expresso, em 1999.
Mini-entrevista
ao jornalista José Passos Campainha, chefe de redacção do jornal Falcão do
Minho
O chefe de redacção do jornal Falcão do Minho, José Passos Campainha, entende que este jornal publica uma quantidade relevante de informação sobre a Galiza. Segundo o jornalista, esta situação deve-se ao facto de o Falcão do Minho pretender cobrir a área geográfica formada pelo Minho e pela Galiza, devido à importância que as relações transfronteiriças assumem para os habitantes de um e outro lado da fronteira. Assim sendo, José Passos Campainha realça que o jornal reserva sempre um espaço, no âmbito da informação "local", para a informação sobre a Galiza. No entanto, de acordo com o chefe de redacção do jornal, o Falcão do Minho não abdica de uma leitura dos acontecimentos centrada nos interesses dos seus leitores, predominantemente minhotos (e, em particular, vianenses), pelo que dá particular atenção aos acontecimentos que, de alguma forma, envolvam personalidades e outras entidades do Norte de Portugal, ainda que esses acontecimentos ocorram fora desta região. Portanto, segundo o jornalista, reside aqui a explicação para a elevada quantidade de informação que envolve simultaneamente Portugal e a Galiza em relação à informação que respeita exclusivamente à Galiza. |
Com esta mini-entrevista justificou-se o facto de ser proporcionalmente elevada a quantidade de informação sobre a Galiza publicada pelo Falcão do Minho, já que se inscreve na sua linha editorial uma atenção particular a essa região. Confirmou-se também que é a linha editorial praticada pelo jornal que gera o desequilíbrio entre a informação que respeita unicamente à Galiza e a informação que respeita simultaneamente a Portugal e à Galiza. Mesmo sendo os colaboradores-correspondentes que, em grande medida, seleccionam os temas que cobrem, pode concluir-se que a linha editorial do jornal se impõe a esses colaboradores na hora de avaliar o que tem valor como notícia para o Falcão do Minho.[13]
Mini-entrevista
ao jornalista Miguel Carvalho, redactor da revista Visão (Porto)
O jornalista Miguel Carvalho salienta que em 1999 a delegação do Porto da Visão, à qual incumbe privilegiadamente a cobertura da Galiza, tinha um quadro reduzido de pessoal. Esta é, segundo ele, uma das razões pelas quais a revista dedicou pouco espaço informativo à Galiza. No entanto, Miguel Carvalho adianta outra explicação, "comum à imprensa sedeada em Lisboa: falta de sensibilidade jornalística para os assuntos de uma região que aos nortenhos diz muito". E vai mais longe: "Se, já em circunstâncias normais, é difícil fazer pender o critério editorial para os temas relacionados com o Norte do país, imagine-se agora o que é tentar 'vender' às chefias uma reportagem na Galiza, seja a que pretexto for!". Miguel Carvalho realça que a tendência actual é de aumento da informação sobre a Galiza na revista Visão. "Em 2000, foi significativo o espaço dedicado à Galiza pela revista, com destaque para as reportagens, duas das quais a pretexto da vitória do Desportivo da Corunha na Liga Espanhola e uma outra referente aos portugueses que passam férias na Galiza. Em quase todas as secções houve, pelo menos uma vez, a oportunidade de falar sobre a Galiza. O reforço da redacção do Porto permitiu também dar maior atenção ao que se passa do lado de lá da fronteira, nomeadamente através da consulta de sites de jornais galegos. Assiste-se a um esforço editorial de enaltecer quando se trata de falar sobre a Galiza". |
A entrevista ao jornalista Miguel Carvalho consolida os dados obtidos: a Visão, pelo menos em 1999, concedeu pouco espaço informativo à Galiza. No entanto, o jornalista pretende que a situação começou a mudar a partir do ano 2000. As novas opções editoriais da Visão sobre a Galiza terão, consequentemente, de ser aferidas no futuro.
Destaque também para o facto de a centralização da redacção em Lisboa enquadrar os critérios de noticiabilidade da revista. O valor-notícia da proximidade será tanto mais relevante quando essa proximidade (geográfica, afectiva, cultural...) se manifestar em relação à redacção central e à sede do órgão de comunicação social.
Conclusões
Em primeiro lugar, a principal conclusão que se pode extrair deste estudo é a de que a imagem da Galiza projectada pelos órgãos da imprensa escrita portuguesa não é idêntica em todos os jornais. No global a imagem da Galiza projectada pela imprensa portuguesa é positiva para a Galiza e para as relações entre Portugal e a Galiza. Em concreto, na generalidade a Galiza surge como um país atraente, culturalmente muito activo, com um passado histórico rico, devido às peregrinações a Santiago de Compostela. Surge também como um país que cultiva fortes laços com Portugal, económicos e políticos, principalmente à escala regional e local. E surge ainda como um país voltado para o futuro, onde Portugal recruta profissionais de saúde altamente qualificados. Além disso, a Galiza aparece na imprensa portuguesa como um país que possui clubes de grande dimensão, cujas equipas praticam um futebol de grande classe, equipas que, ademais, são capazes de se impor aos melhores clubes portugueses, espanhóis e europeus, constituindo um motivo de orgulho para os galegos, que se unem por trás delas, e um motivo de curiosidade para os portugueses, que gostam de acompanhar a Liga Espanhola. Esta imagem positiva da Galiza apenas é ensombrada, localizada e pontualmente, por questões como o tráfico de droga.
Em segundo lugar, tendo em atenção a hipótese inicial desta pesquisa, apresentada na introdução, é possível dizer que a imprensa portuguesa não parece estar a indiciar com fidelidade o aumento dos laços entre a Galiza e Portugal e do interesse dos portugueses pelos galegos. De facto, no geral a imprensa portuguesa só pontualmente se refere à Galiza. Além disso, a Galiza tende a ser noticiada unicamente quando está associada a Portugal. Portanto, a Galiza tende a não se impor por si mesma como espaço de cobertura jornalística individualizada.
Finalmente, mesmo tendo em conta que se respondeu às perguntas de investigação na apresentação e discussão dos resultados, é ainda possível salientar o seguinte:
1) Apesar da afectividade para com a Galiza demonstrada pelos jornalistas entrevistados, a forma do discurso da imprensa portuguesa não parece contribuir significativamente para comprometer positiva ou negativamente a imagem da Galiza ou das relações entre Portugal e a Galiza. Essa imagem é projectada mais pelos temas do noticiário do que pela enunciação, já que esta assenta, predominantemente, na descrição e nas citações. Aliás, geralmente os textos são maioritariamente descritivos, embora os jornais não abdiquem de interpretar e analisar algumas situações.
2) Os jornais sedeados no Norte e que possuem correspondentes ou colaboradores na Galiza (Jornal de Notícias e Falcão do Minho) proporcionam aos seus leitores mais informações sobre a Galiza do que os restantes. Em todos os jornais a informação sobre a Galiza respeita também, na maioria das vezes, a Portugal, o que demonstra a importância da proximidade enquanto critério de noticiabilidade.
3) A avaliar pelos jornais analisados, o interesse pelo futebol parece unir portugueses e galegos mais do que a economia ou a política. Os jogos entre o Celta de Vigo e o Benfica estão, inclusivamente, na base da maior ênfase que foi dada ao futebol em alguns jornais, apesar do interesse que a Liga Espanhola, em geral, desperta entre nós. Provavelmente, se a pesquisa tivesse sido realizada noutro ano, o relevo dado ao futebol seria menor.
4) Ao contrário dos jogos entre o Celta e o Benfica, o Xacobeo 99 não parece ter provocado distorções quantitativas muito significativas no noticiário sobre a Galiza feito pela imprensa portuguesa. O futebol demonstra, assim, ter mais relevância sócio-informativa do que a religião ou os eventos culturais. Ainda assim, é possível que o Xacobeo 99 tenha inflacionado ligeiramente a cobertura que a imprensa portuguesa fez da Galiza. Ou seja, num ano normal a cobertura da Galiza pode ser quantitativamente inferior, tal como transparece das entrevistas realizadas aos jornalistas.
5) O recrutamento de médicos e outros profissionais de saúde galegos para trabalharem em Portugal é outro dos temas frequentes na imprensa portuguesa. Este tema pode positivar a imagem da Galiza e dos galegos, já que, por um lado, os clínicos e enfermeiros da Galiza vêm preencher as vagas que os portugueses rejeitam, prestando, portanto, um serviço aos portugueses; por outro lado, como as profissões da saúde são profissões prestigiadas, engrandece-se a medicina galega e, portanto, a Galiza.
6) A repetição de alguns temas nos diferentes jornais analisados (como o recrutamento de médicos e enfermeiros) denuncia o trabalho promocional que está na base dessas notícias. Pelo contrário, há assuntos que não necessitam de ser promovidos à categoria de notícia. O futebol é um dos casos, dada a sua alta valorização pela audiência.
7) Os laços entre a Galiza e a Portugal, tal como a imprensa portuguesa indicia, passam em muito pela cultura e pelos eventos culturais, em particular à escala local, e não apenas pela política, pela economia e pelo desporto.
Restará, talvez, frisar que a vida galega e as relações
entre Portugal e a Galiza, particularmente entre o Norte do país e a Galiza,
são mais ricas e complexas do que a imagem indiciada pela imprensa
portuguesa. Nas páginas dos jornais, a
Galiza é quase ignorada. O espaço dos
jornais não é elástico. Mas parece ser
necessário desenvolver iniciativas editoriais que permitam aproximar a Galiza
de Portugal e corresponder ao interesse com que os portugueses olham para os
seus vizinhos do Norte.
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[1] Jorge Pedro Sousa (j.p.sousa@mail.telepac.pt) é doutor em Ciências da Informação pela Universidade de Santiago de Compostela. Actualmente é professor e investigador na Universidade Fernando Pessoa (Porto/Portugal).
[2]
O número de infográficos é reduzido.
Estes também não surgem em todos os jornais. Não foram publicados mapas e ilustrações.
[3] Veja-se, por
exemplo, a pesquisa conduzida por José Marques de Melo et al. (1999), sobre
"O Mercosul na imprensa do Mercosul".
[4]
Pessoalmente, penso que esta associação nem sempre é passível de ser efectuada,
nomeadamente quando se fala dos valores e atitudes pessoais em relação a cada
notícia. Numa leitura acrítica das
palavras dos autores, poderíamos ser levados a pensar que todos os leitores,
vistos como uma massa indistinta, compartilhariam as mesmas atitudes e valores
em relação aos factos noticiados e, por consequência, em relação ao enfoque e
ao tipo de discurso protagonizado pelo periódico sobre esses factos. Todavia, eu penso que, em última análise, a
construção de significados para cada notícia é pessoal, embora dependa do
contexto onde essa significação se produz (cf. Sousa, 1999). Portanto, julgo que nem sempre o que alguém
lê no jornal da sua escolha reflecte as atitudes e valores dessa pessoa em
relação aos factos noticiados. No
entanto, a opção dos leitores por um jornal ou uma revista resulta de um
processo complexo de estabelecimento de uma espécie de "contrato de
leitura" (noção forjada, sobretudo, por Eliseo Veron, segundo explica
Ferreira, 2000) entre os leitores e os órgãos de imprensa por eles
seleccionados, "contrato" esse que passa pela manutenção da mesma
tipologia discursiva global nos jornais e revistas adquiridos e
consumidos. Neste sentido, pode,
efectivamente, falar-se de uma certa adesão dos leitores às atitudes, posturas
e valores discursivos dos jornais e revistas por eles consumidos.
[5]
Consulta feita on-line em 23 de Maio de 2000 [http://www.expresso.pt/sojornal/circulacaomedia.html].
[6] O facto de usar a designação "popular" não significa que sejam jornais sensacionalistas ou de fraca qualidade, mas apenas que são jornais que tratam a informação com menos profundidade do que os jornais ditos de referência e que dão grande destaque a matérias como o desporto ou casos de polícia, acidentes, etc.
[7]
Em concreto, em relação aos diários analisei, quando disponíveis, o número da
primeira segunda-feira do ano, o número da terceira terça-feira do ano, o
número da quinta quarta-feira do ano e assim sucessivamente. Registe-se, porém, que, por vezes, se tornou
necessário analisar outros números, pois nem todos os jornais estavam
disponíveis na Biblioteca Municipal do Porto ou noutros locais. Quando isso aconteceu, procurei analisar
números próximos (por exemplo, o número do dia anterior ou posterior ou o
número do mesmo dia da semana mas da semana anterior ou seguinte). No caso do Diário do Minho, só foi possível analisar 23 números do jornal e
nem sempre puderam ser analisados os jornais das datas previamente fixadas.
[8]
Em concreto, analisei, quando disponíveis, os números publicados na primeira
semana de Janeiro, na segunda semana de Fevereiro, na terceira semana de Março,
na quarta semana de Abril, na primeira semana de Maio e assim
sucessivamente. Registe-se, porém, que,
por vezes, se tornou necessário analisar outros números, pois nem todos os
jornais ou revistas estavam disponíveis na Biblioteca Municipal do Porto. Quando isso aconteceu, procurei analisar
números próximos, como fiz para o caso dos jornais diários.
[9] Segundo o
conceito de Tuchman (1978).
[10] Em entrevista ao autor.
[11] Braga da Cruz intervinha nas Jornadas "Galiza-Portugal: A Comunicação Euro-Regional no Século XXI", realizadas em Santiago de Compostela, em Novembro de 1999.
[12] Ver abaixo.
[13] Podem ser dadas várias explicações para este fenómeno (ver, por exemplo: Sousa, 1998; Sousa, 2000). Provavelmente, os colaboradores-correspondentes do Falcão do Minho aprendem o que tem valor como notícia através de processos de orientação editorial pelo chefe de redacção e direcção do jornal, através de processos de acerto-erro no que respeita ao envio e publicação (acerto) ou não publicação (erro) das peças e através dos processos de aculturação e socialização no grupo que produz o Falcão do Minho.