Comunicação: A Internet – a geração de um novo espaço
antropológico
Lídia
J. Oliveira Loureiro da Silva[1],
Universidade de Aveiro
«Os espaços antropológicos
são mundos de significação e não categorias coisificadas que partilham entre si
objectos corporais.» (Lévy,1997:186)
A comunicação reticular sustentada nas Redes e
Serviços Telemáticos, das quais a Internet
é a mais conhecida, gerou a possibilidade de criação e desenvolvimento de um
novo espaço público, uma Nova Ágora
que apresenta como característica fundamental o facto de ser um híbrido,
digamos um Fórum Híbrido em que «o
sujeito vive a possibilidade de ambivalência entre o local e o global, entre o
eu e o anonimato, entre o eu e o outro do pseudónimo, entre a pertença e o
desenraizamento, entre o ser produtor e consumidor de conhecimentos à escala
global, entre a nacionalidade e o cosmopolitismo, etc..» (Silva,1999:62)
A Internet
é simultaneamente real e virtual (representacional), informação e contexto de
interacção, espaço (site) e tempo,
mas que altera as próprias coordenadas espacio-temporais a que estamos
habituados, compactando-as, ou seja, o espaço e o tempo na rede existem na
medida em que são construção social partilhada. Esta construção é estruturada
pelos laços e valores socio-políticos, estéticos e éticos que tipificam este
novo espaço antropológico.
Este novo espaço com áreas de privacidade -
um novo mundo virtual ou mundo mediatizado -
é um suporte aos processos cognitivos, sociais e afectivos, os quais efectuam a
transmutação da rede de tecnologia electrónica e telecomunicações em espaço
social povoado por seres que (re)constroem as suas identidades e os seus laços
sociais nesse novo contexto comunicacional. Geram uma teia de novas
sociabilidades que suscitam novos valores. Estes novos valores, por sua vez,
reforçam as novas sociabilidades. Esta dialéctica é geradora de novas práticas
culturais.
Trata-se de um novo tipo de organização
socio-técnica que facilita a mobilidade no e do conhecimento, as trocas de
saberes, a construção colectiva do sentido, em que a identidade sofre uma
expansão do eu baseada na diluição da corporeidade, ou seja, o que se perde em
corpo ganha-se em rapidez e capacidade de disseminar o eu no espaço-tempo.
Assiste-se, assim, a uma aceleração do metabolismo social. Geram-se as chamadas
comunidades virtuais (Rheingold,1996; Soares,1999) que se sustentam na partilha
intelectual e na convergência da pluralidade e riqueza dos conhecimentos que
emanam dos sujeitos. Nestes novos espaços sociais geram-se novas
solidariedades, novos excluídos, novos mecanismos de participação, novas formas
de democracia, de negociação, de decisão, de cooperação, de afectividade, de
intimidade, de sociabilidade que potenciam a emergência de sujeitos colectivos
ou de inteligências colectivas conectivas (Lévy,1997; Kerckhove,1998).
As redes e serviços telemáticos geram novos espaços
de encontro, novos espaços antropológicos, há que questionar em que medida
esses novos espaços representacionais (re)criam as identidades e as práticas
culturais.
Existe a necessidade de um pensamento crítico
para analisar as transformações promovidas pelos media, nomeadamente a Internet,
para que o discurso sobre esta realidade social não seja apenas o discurso
utopicamente redentor, tão comum nos últimos tempos.
A razão crítica continua a ser o instrumento
adequado para reflectir sobre a realidade.
Contudo, não poderá ser a razão crítica fundada no pensamento da
modernidade, a razão crítica de tipo cartesiano, que apesar de levar a crítica
ao seu estado hiperbólico não a estende a si própria. Há, portanto, necessidade
de re-pensar a razão crítica porque é necessário descentrá-la da razão racional-instrumental e do modelo
estritamente ocidental. É necessário re-fundar a razão crítica numa pluralidade
de saberes que não têm como único modelo a racionalidade lógico-matemática, mas
racionalidade(s) que entretecem razão e emoção, lógico e lúdico,
ociental-oriental. Sem esquecer a importância da ambiência afectiva no
desenvolvimento da segurança ontológica (Damásio,1995).
«Caída a ideia de uma racionalidade
central da história, o mundo da comunicação generalizada explode como uma
multiplicidade de racionalidades «locais» -
minorias étnicas, sexuais, religiosas, culturais ou estéticas -
que tomam a palavra, finalmente já não tacitamente aceites e retomadas pela
ideia de que só existe uma única forma de humanidade verdadeira a realizar, não
obstante todas as peculiaridades, todas as individualidades limitadas,
efémeras, contingentes. Este processo de libertação das diferenças, diga-se de
passagem, não é necessariamente o abandono de toda e qualquer regra, a
manifestação bruta do imediato.»(Vattimo,1991:16-17)
Esta razão crítica re-pensada deve ter a
capacidade de se pensar e criticar a si própria. É uma razão que analisa
criticamente um real cada vez mais complexo, mas tem consciência que ela
própria está inserida nesse real e é fruto dele, logo, que não é uma razão
pura, desafectada. Daí a necessidade de estender a si o procedimento crítico,
de se pôr em causa, de se pôr em crise para avaliar. Só com uma razão crítica
assim descentrada será possível empreender um verdadeiro procedimento de
análise hermenêutica que nos sirva de instrumento de leitura do real e,
especificamente, do desenvolvimento da comunicação mediada por tecnologias que
anulam fronteiras, permeabilizando com maior facilidade a cultura ao
multi-culturalismo. É esta Diferença, tal como a refere J. Derrida, que abre a
brecha na razão feita de racionalidade iluminada e abre a necessidade de uma
razão crítica plural capaz de desconstruir os processos culturais, enfim, de se
desconstruir a si própria, para compreender na pluralidade.
«Na sociedade de comunicação generalizada
e de pluralidade de culturas, o encontro com outros mundos e formas de vida
talvez seja menos imaginário do que era para Dilthey: as possibilidades «outras»
de existência realizam-se sob os nossos olhos, sendo representadas pelos
múltiplos «dialectos», ou mesmo pelos universos culturais que a antropologia e
a etnologia nos tornam acessíveis. Viver neste mundo multifacetado significa
fazer experiência da liberdade como oscilação contínua entre a pertença e
desenraizamento.»(Vattimo,1991:18)
Esta pequena reflexão sobre a importância de uma
razão crítica refundada vai servir de pano de fundo metodológico a este texto.
Aparentemente a comunicação no espaço público
tradicional está doente: as pessoas queixam-se da falta de comunicação entre os
elementos da família e da comunidade. Passámos progressivamente a viver num
regime de solidão organizada no qual a comunicação e as trocas simbólicas parecem
estar enfraquecidas e, com elas, a ideia de comunidade também parece
encontra-se bastante fragilizada. Talvez até a ideia de comunidade não esteja
enfraquecida e apenas estejamos a passar por uma fase transitória em que essa
ideia, e respectivo sentimento associado, estejam a sofrer um processo de
metamorfose. E nessa metamorfose coabitem modos tradicionais de comunidades e
novas formas emergentes do cenário tecnológico da comunicação. Ainda assim,
poder-se-á pôr a questão: Quem se sente membro de uma comunidade de bairro, de
paróquia, etc.? Apesar de não existir uma resposta unívoca a esta questão, ela
faz reflectir sobre uma certa diluição de alguns modos de comunidades locais
baseada na presença e a afirmação progressiva de comunidades baseadas em laços
proporcionados pela geografia telemática. É neste cenário que as trocas
simbólicas no âmbito dos serviços telemáticos em rede parecem recriar a
comunicação onde ela parece estar moribunda, ou seja, a nível interpessoal e a
nível da geração de laços sociais potenciadores do surgimento do sentimento de
comunidade. Deste modo, o mundo virtual das redes telemáticas surge como uma
nova oportunidade, como possibilidade de comunicação aparentemente segura e sem
conflitos, enquanto que no mundo real os conflitos se multiplicam e a
insegurança se instala. Quem toma a iniciativa de encetar diálogo com o
estranho que se encontra da mesa do lado, no café? E quem hesita estabelecer
diálogo com o desconhecido que está da sala de IRC onde se acaba de entrar ou
que tem o seu e-mail numa Web-page que trata de um assunto que
também nos interessa ou nos despertou curiosidade? Deste modo, não se poderá
deixar de pôr a questão, se não estaremos face a uma virtualização do espaço
público concreto com a tendência para a multiplicação das formas de mediação.
Gera-se assim um espaço antropológico alternativo.
«As comunidades virtuais são feitas de
pessoas e do que elas realmente querem, daquilo que realmente lhes interessa,
sem constrangimentos prévios ou póstumos (…) As novas tecnologias dão a cada um
de nós um poder sem precedentes de construir o nosso próprio mundo de
referência, de encontrar as pessoas que realmente nos interessam, estejam onde
estiverem, de aprender e ensinar sobre aquilo que realmente queremos que faça
parte da nossa vida.»(Soares,1999:75)
«Talvez o ciberespaço seja um dos lugares
públicos informais onde possamos reconstruir os aspectos comunitários perdidos
quando a mercearia da esquina se transforma em hipermercado. Ou talvez o
ciberespaço seja precisamente o lugar errado
onde procurar o renascimento da comunicação, oferecendo, não um instrumento
para o convívio, mas um simulacro sem vida das emoções reais e do verdadeiro
compromisso perante os outros. Seja qual for o caso, precisamos de descobri-lo
o mais rapidamente possível.»(Rheingold,1996:43)
O conceito de comunidade virtual conduz à
reflexão sobre o conceito de virtualização. A virtualização progressiva do real
é também a sua progressiva conceptualização através de mais e mais mediadores.
Esta conceptualização permite criar uma imagem do real, uma virtualidade que
passa a assumir estatuto de realidade. A imagem é o real, o conceito é o real
(Jeudy,1999). Passamos a ter uma sociedade que cria a sua imagem e passa a
viver a partir dessa imagem, como se criasse um espelho dela própria e passasse
a viver no interior da imagem reflectida no espelho gerando um processo de
quase clausura porque fica fechada na imagem que construiu de si. A
virtualização tem invadido progressivamente a vida quotidiana e é necessário
questionar acerca das consequências dessa nova realidade nas práticas e nas
identidades sociais.
Segundo Daniel Bougnoux (1999) a questão das
novas tecnologias e dos mundos virtuais começou com a escrita que é a primeira
telecomunicação. Poder-se-ía ir mais longe e dizer que os mundos virtuais são
constitutivos da humanidade, na medida em que são o núcleo do imaginário.
Assim, desde o momento em que se fazem narrativas e ficções, que se virtualiza
e desde as primeiras pinturas e gravuras pré-históricas que se telecomunica não
tanto no espaço, mas sim no tempo.
A informática, enquanto suporte de comunicação,
permitiu ampliar o leque de linguagens, a escrita deixou de ser a única
linguagem, para se passar a construir uma orquestra semiótica mais vasta que
engloba imagem, som, movimento, simulação, etc. permitindo gerar ambientes
infocomunicacionais alternativos que estão ao serviço da virtualização.
Mas será necessário questionar se a actual
formação cria competências para a vivência virtualizada mediada por uma
pluralidade de linguagens? Virtualização que progressivamente atinge todos os
domínios da esfera simbólica e toda a humanidade, tornando-se duplamente
global.
«Os computadores deram-nos poder sobre o
ecrã e permitiram-nos a personalização do tratamento da informação. Não é o
mundo que se está a tornar global, somos nós. (…) À medida que os povos se vão
globalizando, enfatizarão também cada vez mais as suas identidades locais.»
(Kerckhove,1997:123)
O conhecimento que a humanidade possui da
realidade é uma representação dessa realidade, sempre foi uma representação,
mas com os novos mediadores essa representação complexifica-se. Qual o papel do
enraizamento sociocultural na elaboração da concepção da realidade, a partir de
mediadores globalizantes?
Pensa-se a partir de um território. A Internet veio introduzir a metamorfose
do conceito de território. As mudanças estruturais potenciadas pelos suportes
tecnológicos (i) facilidade de armazenamento, duplicação e divulgação de
informação; ii) bidireccionalidade; iii) emissão multiponto-multiponto; iv)
dimensão planetária da comunicação) têm conduzido a uma reorganização dos
fluxos de informação e dos procedimentos comunicacionais. São os interesses
comuns que vão determinar a topologia das relações e não a geografia comum.
Vive-se, deste modo, uma situação paradoxal de topos e atopos na teia
infocomunicacional. Esta afirmação tem uma dupla significação: por um lado, o
sujeito está simultaneamente enraizado num lugar físico (a partir do qual
produz e partilha informação e relações) e suspenso na pluralidade de lugares
que a navegação na rede lhe permite,
por outro lado tanto no espaço físico como no espaço virtual existem lugares e
não-lugares (Augé,1994).
«os não-lugares mediatizam todo um
conjunto de relações consigo próprio e com os outros que só indirectamente
dependem dos seus fins: tal como os lugares antropológicos são produtores de
social orgânico, os não-lugares criam uma contratualidade solitária.» (Augé,1994:99-100)
Existe na Internet
a dimensão de espaço antropológico construído pela transferência simbólica e
relacional, através da virtualização, ou seja, os símbolos e os processos
relacionais constituintes do espaço social são transferidos para o espaço de
fluxos infocomunicacionais, a que se tem vindo a dar o nome de espaço virtual.
O laço social torna-se metafórico:
«... la télécommunication fait glisser le
lien social vers la métaphore et contribue à produire des situations
d’ubiquité, où l’on est ici et ailleurs, où l’autre est à la fois proche et
inaccessible.» (Roch,1992:68-69)
Ao abordar a questão da geração de novos espaços
públicos, novos espaços antropológicos surge a questão da territorialidade, na
medida em que o território é o ponto de ancoragem fundamental na construção das
identidades. Contudo, o território como ponto de ancoragem da identidade só
existe através de um sistema de representações que serve para desenhar as
fronteiras desse território mas, sobretudo, povoa esse espaço de símbolos e de
significações (sentido) que lhe dão a sua individualidade e especificidade em
relação aos espaços vizinhos. O território é, pois, fruto da construção de
sistemas de representação. Apesar de, normalmente, quando se fala de território
lhe estar associada a ideia de fronteiras geográficas, dever-se-á cada vez mais
sublinhar que são os elementos simbólicos representativos de um território que
lhe dão identidade. Esta ideia permite pensar a existência de territórios na Internet, enquanto espaços ou territórios
de fluxos de informação e comunicação que geram representações partilhadas. E,
por um lado, a Internet tem conduzido
ao repensar das fronteiras geográficas e das próprias relações de
territorialidade devido à dimensão global dos fluxos infocomunicacionais, por
outro lado, as sociabilidades presenciais também são afectadas porque a Internet fez surgir novos espaços e
motivos de encontro, como por exemplo, os cibercafés
e os jantares dos membros do IRC.
«Avec Internet apparaît
un nouveau vecteur de représentations. On peut légitimement supposer que de
nouvelles représentations du territoire sont liées à ce nouveau vecteur, et
cela à différents échelles. Il existe tout d’abord une mise en scène du
territoire d’Internet, plus ou moins identifié à la planète entière…»
(Desbois,1998)
A Internet,
de redes e serviços telemáticos, passa a ser concebida pelos seus utilizadores
como espaço de pesquisa de informação, de encontro e de partilha, ou seja, a
Internet gera uma espacialidade inteiramente abstracta que é reforçada pelas
metáforas de navegação e de site
(lugar). Gera-se uma proximidade que nada tem a ver com a proximidade
geográfica, mas sim com a proximidade representacional que promove a ideia de
comunidade. Será interessante reflectir sobre esta característica da Internet enquanto único serviço de
telecomunicações que promoveu, a uma escala consoderável, o estatuto de
comunidade para os seus utilizadores. Não se pensa habitualmente nos
utilizadores de outros serviços telemáticos (telefone, TV, rádio, fax, etc.)
como formando uma comunidade.
A ideia de rede associa-se por si mesma à ideia
de território organizado. Há, no entanto que pensar a questão da
territorialidade da Internet numa
tripla dimensão: 1) a Internet como
um território simbólico abrangente associado à ideia de globalidade, 2) as
implicações da flexibilidade territorial que a Internet permite sobre o território geográfico e socio-político, 3)
a representação de territórios individuais e/ou privados na Internet, quer a nível grupal quer pessoal.
Esta tripla dinâmica, que se entrecruza, faz com que a constituição de uma rede
internacional global tenha promovido a oportunidade de afirmação das
identidades locais através da sua presença nessa mesma rede, passando a ter
visibilidade global. As identidades locais afirmam-se pela especificidade
simbólica, iconográfica, ideológica, pela língua (apesar do inglês ser a língua
dominante), etc. A Internet é um
espaço de espaços onde o público e o privado, o local e o global, o material e
o virtual coabitam, o que conduz à geração de novas sociabilidades e
reorganização das sociabilidades tradicionais. Cabe a cada um usufruir desta
nova dinâmica.
O que Carlos Fortuna nos diz para a cidade tem
validade para a rede:
«A liberdade que a cidade e a cultura
urbana oferecem a todos por igual é sempre desigualmente apropriada, de acordo
com vários alinhamentos sociais, económicos e culturais.» (Fortuna,1997:22)
É a partir do seu enraizamento e do seu projecto
existencial que cada um explora a informação e as teias relacionais que a Internet lhe permite. O local (material
e/ou representacional) será sempre o microcosmos a partir do qual se pode
compreender a dinâmica social.
A rede promove a diluição das fronteiras
geográficas mas também a geração de novos territórios, identidades e práticas
sociais. Lugares e Não lugares. Até que ponto os browsers e os sistemas de pesquisa de informação poderão ser
entendidos como Não-Lugares? Reflectindo sobre esta questão à luz da
conceptualização realizada por Marc Augé (1994), os browsers surgem por analogia com o avião, o carro, etc., ou seja,
como meio de transporte, enquanto que os sistemas de pesquisa de informação e
mesmos os sites surgem como espaços
de passagem, de mediação do tipo dos aeroportos, das gares, etc. em ambas as
situações se trata de não-lugares, espaços onde não se permanece, mas que
exercem a função de enunciação de potenciais percursos para a chegada a um
destino. A vivência do não-lugar promove a simultaneidade da solidão e da
liberdade.
«Terra=sociedade=nação=cultura=religião:
a equação do lugar antropológico reinscreve-se fugitivamente no espaço.
Reencontrar, um pouco depois, o não-lugar do espaço, escapar à opressão
totalitária do lugar é, por conseguinte, reencontrar alguma coisa que se
assemelha à liberdade.» (Augé,1994:121)
«Frequentar os não lugares constitui,
hoje em dia, a ocasião de uma experiência sem precedente histórico, de
individualidade solitária e de mediação não humana (basta um cartaz ou um
écran) entre o indivíduo e o poder público.» (Augé,1994:122)
Se se admitir que também na sociabilidade
mediada pela Internet existem lugares
e não-lugares haverá então, também aí, lugar para a proposta de Marc Augé de
uma etnologia da solidão.
Apesar de tudo, o lugar e o não-lugar não são
completamente estanques.
«Na realidade concreta do mundo de hoje,
os lugares e os não-lugares confundem-se, interpenetram-se. A possibilidade do
não-lugar nunca está ausente de um lugar, seja ele qual for. O regresso ao
lugar é o recurso daquele que frequenta os não-lugares.»(Augé,1994:112)
Também na Internet
se podem encontrar não-lugares caracterizados pela pesquisa solitária de
informação no silêncio do diálogo do sujeito consigo próprio, tal como acontece
com quem faz compras no hipermercado ou transações bancárias numa caixa
automática. Mas, também se encontram lugares, no sentido antropológico, em que
existe espaço para a relação interpessoal e para a organização social.
Assim, em paralelismo com a ideia de Gabriel
Tarde de que os jornais eram uma ementa de ideias que forneciam a ordem de
trabalhos para a opinião pública poder-se-á dizer que a Internet e, especificamente, a Web
é uma hiper-ementa de ideias, que estão ao dispor dos indivíduos. Estes têm a
possibilidade de se aglutinarem em torno dessas ideias fazendo uso de outros
serviços da rede como seja o correio electrónico ou os grupos de discussão.
Transformando, deste modo, o que potencialmente poderá ser um não-lugar num
lugar antropológico em que ocorre o efeito de selectividade da informação a
nível da cognição individual e social. Este processo é fruto do estabelecimento
de redes interpessoais que são motor da dinâmica da retenção selectiva,
discussão e, potencial, difusão de informação e teias de afinidades e
solidariedades. Enfim, o procedimento de selectividade está na base da geração
de comunidades de partilha de interesses.
A Internet
tem uma gramática socio-técnica
própria, fruto da possibilidade de fusão do audiovisual, das telecomunicações e
da informática o que lhe dá a especificidade baseada na convergência e na
interoperabilidade, envolvendo novas linguagens, novos comportamentos e novos
simbolismos. Esta realidade promove uma nova gramática organizacional que terá
que ter em consideração que os media
são sempre híbridos -
técnicos, sociais e culturais -
e que os usos não são apenas tecidos por uma lógica racional, mas também
emotiva.
«os computadores não seriam objectos
culturalmente tão poderosos como o são se as pessoas não estivessem a
apaixonar-se pelas suas máquinas e pelas ideias que as máquinas veiculam.»
(Turkle,1997:71)
Há um enquadramento normativo que passa pela
liberdade, diversidade, pelo escapar às fronteiras, desterritorialização,
aproximação do público e do privado, etc.. Contudo, este espaço é regrado,
existe uma gramática normativa da convivência nestes espaços alternativos, a netiqueta[2]
e, cada vez mais os Estados reconhecem a necessidade de legislar
especificamente para este novo espaço antropológico.
O território virtual não deixa, contudo, de ter
as suas ameaças. Assim, surgem problemas relativos à vigilância e à privacidade
dos habitantes desse território, à segurança dos seus bens (quem já não teve um
ataque de vírus que põem em causa o trabalho de meses/anos?), questões de
legitimidade e legalidade dos procedimentos, propriedade intelectual, comércio
electrónico, etc.
«Para tudo agravar, a estrutura
descentralizada das aldeias electrónicas interligadas à escala mundial desafia
as regras básicas que até hoje presidiram à elaboração de leis. Subitamente, de
cada território é possível partir para todos os territórios e estabelecer
contacto com gente que neles vive. As novas relações geram-se em tempo real,
galgam fronteiras, são avessas a peias fiscais e burocráticas, põem em crise as
formas tradicionais de combate ao crime e tornam flagrante a debilidade das
formas de cooperação entre Estados, pesadas, inapropriadas e lentas.»
(Magalhães,1999:43)
Questões morais, éticas, legais e
administrativas que fazem surgir a necessidade de gerar novas formas de
responsabilidade, uma nova axiologia. Necessidade de uma teoria ética para os media interactivos em rede, uma
estrutura normativa, mas pluralista, aberta às diferenças.
Reflectir sobre os mediadores da comunicação e
da geração de espaços antropológicos implica perguntar pela identidade dos
habitantes desses espaços e pela identidade dos espaços. Isto conduz à questão
da memória privada e da memória social.
Por um lado, é importante sublinhar que não
existe memória sem suportes e sem práticas de memória, ou seja, da sua
transmissão; por outro lado, que a função da memória é construir identidades –
da pessoa, da família, do grupo, da nação – sempre numa tridimensionalidade do
tempo: memória do passado, do presente da acção e das expectativas sobre o
futuro.
«... a memória do indivíduo só existe na
medida em que esse indivíduo é um produto provavelmente único de determinada
intersecção de grupos.» (Fentress e Wickham,1994:7)
«... os grupos sociais constróem as suas
próprias imagens do mundo estabelecendo uma versão acordada do passado e ao
sublinhar que estas versões se estabelecem graças à comunicação, não por via de
recordações pessoais. Na verdade, as nossas recordações pessoais e até o
processo cognitivo de recordar contêm na origem muito de social.» (Fentress e
Wickham,1994:8)
A memória é uma construção social que desempenha
um papel na própria construção do social. Sem memória não há identidade social.
Daí o erro de as sociedades não cultivarem as suas memórias. Sem memória o
sujeito nunca poderia saber de si porque nunca poderia saber dos outros, ou
seja, a construção da individualidade faz-se no trabalho relacional, que tem
como cenário a memória social partilhada. É o habitar num espaço social
partilhado que gera as referências fundadoras da identidade. O Eu é o centro de
gravidade da narrativa existencial, contudo só está em condições de construir
uma narrativa inteligível se enraizado na memória dos e com os outros.
A pluralidade de expectativas e de memórias é
fruto de uma pluralidade de mundos. Quanto maior a abertura à alteridade, maior
a riqueza individual.
Deste modo, abandona-se o primado cartesiano do
sujeito centrado sobre si próprio para se reconhecer o primado da
intersubjectividade, ou seja, a relação é fundadora de individualidade. A
figura individual emerge da relação comunitária, relação primária. A razão é
fruto da comunicação e dos seus instrumentos, ou seja, é a relação com as redes
sociais e com as técnicas comunicacionais que fazem com que o indivíduo seja
racional. Daí a necessidade de tomar atenção aos media e, em especial, aos media
interactivos reticulares que promovem o sentimento comunitário. Como é que
produzimos os media que depois nos
reproduzem. Neste sentido, Daniel Bougnoux (1999) propõe uma nova disciplina, a
mediologia, que reflicta sobre como é
que se constrói um mundo comum usando um mediador simbólico, ou seja, qual a
lógica dos media.
«... a mediologia, ou seja, o estudo dos
meios no sentido mais lato, desvenda as relações intrinsecamente complexos da
mensagem e do meio.»(Bougnoux,1999:29)
Somos fruto do nosso próprio labor, logo, é
necessário reflectir sobre esse labor de construção de representações para
compreendermos a nossa própria identidade. Há, portanto, uma relação circular,
nós produzimos técnicas que nos produzem. Os media usam e recriam as linguagens, as relações entre os
indivíduos, o imaginário, a racionalidade, a identidade, etc..
A rede intersubjectiva gera mapas
sociocognitivos que estão na base do desenho de identidades e estilos de vida
que são o quadro interpretativo de novas vinculações materiais e simbólicas.
Os diferentes enraizamentos geram disparidades
entre actores sociais, no que diz respeito à apropriação dos novos media e respectiva lógica dos fluxos
culturais associados. Há necessidade de reflectir sobre o papel que os media desempenham na construção social
das identidades dos povos e os respectivos riscos de fractura entre ricos e
pobres, mas também entre interactuantes e interactuados, países e sociedades
capazes de fabricar conteúdos e os que não o são e que apenas consomem.
Dever-se-á, então, questionar em que é que as nossas vidas são afectadas,
modificadas pela vivência nesse espaço imaterial. As redes materiais, tangíveis
são o suporte da existência das redes imateriais, intangíveis. São estas últimas
que constituem um novo espaço de existência, de convivência, de solidariedade,
etc., um novo espaço antropológico.
«Uma vasta gama de comunidades virtuais,
desde MUDs a painéis de notícias informatizados, permitem às pessoas gerar
experiências, relações, identidades e locais de habitação que surgem apenas
graças à interacção com a tecnologia.» (Turkle,1997:30)
A cooperação, está na base do novo espaço
antropológico e revela-se a estratégia adequada para implementar a inteligência
distribuída em rede. Criando, deste modo, um cenário de desenvolvimento baseado
na partilha.
«Organizações sociais, de qualquer espécie,
necessitam, cada vez mais, para sobreviver de desenvolver actividades de
cooperação. Vivemos numa sociedade em mutação que se move para uma sociedade de
cooperação cultural.» (Morais e Marcelino,1992)
«Há, subjacente neste novo estilo
reticulante e cooperante, uma metáfora neural, baseada na forma de pensar, de
exercer a inteligência, de um cérebro com as suas redes de neurónios.» (Morais,1994:12)
No contexto mediático em que nós vivemos os media têm grande importância na expansão
do saber, daí que se possam falar de tecnologias da inteligência (Lévy,1994).
Há um Big Bang Cognitivo com a
expansão dos media, dado que os
conhecimentos que possuímos acerca da ciência, da política, etc. provêm muito
mais dos media do que da escola e do
sistema formal de difusão de conhecimentos. Assiste-se assim a um processo
intensivo de mediação dos conhecimentos através dos media, mas também dos museus, das exposições, dos livros, dos
CD-Rom e da Internet. Todos os
saberes assim adquiridos são saberes informais, mas é a partir deles que a
maior parte dos cidadãos pensa e toma decisões. Logo, está-se face a uma
cultura mediática e de mosaico porque é a partir dos fragmentos mediatizados
que se forma uma representação da realidade social em que se está inserido. Por
outro lado, esta mediatização também conduziu às expressões Ciência Espectáculo
e Democracia Cognitiva.
Esta problemática da difusão e partilha do
conhecimento, do saber, deve ser repensada no que diz respeito à Internet porque os serviços
disponibilizados permitem além do acesso à informação a geração de redes
interpessoais e interinstitucionais de gestão da assimilação, produção e
difusão do conhecimento.
Não se poderá esquecer que a assimilação dos
conteúdos do processo comunicacional se baseia num cálculo interpretativo
baseado no princípio da pertinência. Ou seja, o processo cognitivo de
compreensão implica a inferência baseada na informação disponível e na
pertinência dos enunciados, no respectivo contexto de comunicação. Daí que
comunicação e cognição se desenrolem num processo de vinculação. No processo de
comunicação que é um processo de mediação ter-se-á de ter em consideração três
tipos de mediação: corporal, social e semiótica (Meunier,1999). Mediação
corporal porque as nossas representações são feitas a partir da nossa inserção
corporal no mundo, corpo esse que por sua vez é formado e modelado no seio de uma
cultura. Mediação social e cultural na construção de representações porque o
sujeito interioriza as normas e valores da sociedade em que está inserido. Daí
que Piaget afirme que a descentração é o motor de desenvolvimento pessoal, ou
seja, é pela capacidade de relacionamento inter e intra pessoal, pela
capacidade do sujeito relativizar o seu ponto de vista em relação com os pontos
de vista dos outros, que o sujeito se desenvolve e individualiza. A cognição
será assim a actividade interior que consiste na interiorização da discussão
inter-individual, logo, a vivência social é crucial para o desenvolvimento
cognitivo. O sistema relacional permite a descentração. Existe mediação
semiótica na medida em que existe relação entre o pensamento e os signos externos
que nos oferece a cultura. Contudo, o próprio pensamento é produto desses
signos e produtor dos mesmos. Logo, existe um processo circular em que o
pensamento se mediatiza em signos, os quais promovem o pensamento. Com as
possibilidades oferecidas pelo multimédia esta exteriorização-interiorização do
pensamento tem-se tornado cada vez mais icónica perdendo o primado do verbal,
da enunciação. Há, portanto, que reflectir sobre o modo como o pensamento se
exterioriza na produção externa (multimédia, hipermédia, filmes, pintura, etc.)
e como é que essas imagens determinam o pensamento e o raciocínio, ou seja, a
representação que os sujeitos fazem do real. Especificamente, reflectir sobre o
lugar da Internet nesta problemática.
Mas, a questão a formular será então: O que é
que nós saberíamos sem os media? A
resposta a esta questão será seguramente complexa, contudo, parece ser cada vez
mais evidente que a sociedade constrói uma imagem de si própria a partir da
imagem que os media transmitem dela.
Há, assim, a gestação de movimentos sociais, de difusão de modos de agir, a
promoção de laços sociais através dos media
que são um contributo para a geração de um espaço público com novas práticas e
novas identidades. Existirá uma vinculação entre os media e a reformulação de representações. Os media transmitem novas categorias de organização que geram uma nova
paisagem social, novos estilos de vida e novas cartografias. Novas categorias
de organização em relação ao trabalho, ao lazer, ao sexo, à política, etc.
geram novas práticas e novas identidades. Daí que os media exerçam poder sobre a acção colectiva gerando novas formas de
organização da acção colectiva e individual.
Se já existe bastante reflexão sobre a
influência dos media de primeira
geração, muito há ainda por reflectir no que diz respeito à influência dos media de segunda geração, os media interactivos em rede. Estes novos media surgem como novos suportes das
relações e dos conhecimentos (grupos de discussão, IRC, Web pages, bases de
dados, etc.) permitindo uma tripla analogia: com a biblioteca (extracção de
informação, leitura, reanálise, comentários, etc.); com um laboratório (ligado
à ideia de descobertas, reencontros, trocas de informação, etc.) e com Praça
Pública (comunidade, diálogo, intervenção política, etc.).
Deste modo, há que reflectir acerca do facto da
acção colectiva se realizar muitas vezes no âmbito de uma comunidade imaginária
e/ou efémera porque participamos cada vez mais em movimentos públicos sem sair
da esfera privada e protegidos nela, nomeadamente, através dos serviços da Internet (Beaud,1999).
Pierre Lévy (1997) defende que as redes e
serviços telemáticos permitem gerar uma nova era, um novo espaço que designa
por Espaço do saber[3], baseado na
convergência das inteligências, o que permitirá segundo o autor gerar uma
inteligência colectiva.
«O Espaço do Saber é o plano de
composição, de recomposição, de comunicação, de singularização e de
impulsionamento processual dos pensamentos. Cenário de dissolução das
separações, o Espaço do saber é habitado, animado por intelectos colectivos -
imaginários colectivos -
em reconfiguração dinâmica permanente.» (Lévy,1997:176)
O saber partilhado e mutuamente construído,
suportado nas redes, é o ingrediente de gestação de um novo espaço
antropológico, que é o espaço do saber.
«O que é um espaço antropológico? É um
sistema de proximidade (espaço) próprio do mundo humano (antropológico) e,
portanto, dependente das técnicas, dos significados, da linguagem, da cultura,
das convenções, das representações e das emoções humanas.» (Lévy,1997:28)
«Mas então, porquê chamar «Espaço do
saber» ao novo horizonte da nossa civilização? A novidade, neste domínio, é
pelo menos tripla, está relacionada com a velocidade de evolução dos saberes,
com a massa das pessoas chamadas a adquirir e a produzir novos conhecimentos e,
por fim, com o aparecimento de novos instrumentos (os do ciberespaço) capazes
de fazer surgir, no nevoeiro da informação, paisagens inéditas e distintas,
identidades singulares, próprias deste espaço, novas figuras sócio-históricas.»
(Lévy,1997:31)
Apesar de todos os desenvolvimentos tecnológicos
permanece a necessidade de uma crítica da ideia de progresso e a necessidade de
re-pensar de forma holística, integrada e ecológica o desenvolvimento da
Humanidade face à avalanche infocomunicacional.
«Assistimos a um dos raros momentos em
que, a partir de uma nova configuração técnica, isto é, de um novo
relacionamento com o cosmos, inventa-se um estilo de humanidade.»(Authier e
Lévy,1998:129)
Re-pensar o modelo de desenvolvimento da
humanidade implica, também, reflectir sobre os bens imateriais e os espaços
imateriais. Estes terão, possivelmente, um contributo crucial numa dinâmica de
desenvolvimento em que os conhecimentos e os valores culturais são elementos
estruturantes do processo.
Javier Perez de Cuellar[4]
no texto “A Cultura Chave do Século XXI” publicado no Jornal Público de 23 de Fevereiro de 1994,
afirmava:
«Os nossos modelos de desenvolvimento,
que se baseiam na expansão contínua do consumismo material, não são viáveis nem
definitivamente extensíveis. Eles não só destroem o tecido das culturas, como
ameaçam a biosfera e, portanto, a sobrevivência da humanidade.»
A tecnologia propõe mudanças, mas é a sociedade
que vai fazer uso dessas tecnologias, logo, não se deve ter uma expectativa
demasiado elevada quanto à mudança porque a velocidade da mudança social é
substancialmente mais lenta que a mudança tecnológica. A mudança social não
acontece, constrói-se. Um novo Éthos,
o Éthos da mediatização tecnológica da
comunicação instalar-se-á progressivamente envolvendo-nos de modo
silencioso, subtil, mas eficaz. É necessário estar atento para participar
criticamente no processo.
AUGÉ, Marc (1994), Não-Lugares – Introdução a uma antropologia da sobremodernidade,
Trad., Venda Nova: Bertrand.
AUTIER, Michel e LÉVY, Pierre (1998), As Árvores do Conhecimento, Trad.,
Lisboa: Instituto Piaget.
BAUCHE, Gilles (1996), Tout savoir sur Internet, Paris: Arléa.
BEAUD, Paul (1999), “O Espaço Público em
Construção”, Comunicação Oral, Lisboa: SOPCOM, 1º Congresso: As Ciências da
Comunicação na Viragem do Século, 22-24 de Março, 1999, Fundação Calouste
Gulbenkian.
BIJKER, Wiebe E.; HUGHES, Thomas P. and PINCH, Trevor
(Edited by) (1997), The Construction of Technological Systems,
Cambridge: The MIT Press.
BOUGNOUX, Daniel (1999), “A comunicação
na encruzilhada dos saberes”, Lisboa: SOPCOM, 1º Congresso: As Ciências da
Comunicação na Viragem do Século, Resumo das Comunicações, 22-24 de Março,
1999, Fundação Calouste Gulbenkian.
CÁDIMA, Francisco Rui (1999), Desafios dos Novos Media – a nova ordem
política e comunicacional, Lisboa: Editorial Notícias.
CARDOSO, Gustavo (1998), Para uma Sociologia do Ciberespaço – Comunidades virtuais em português,
Oeiras: Celta.
DAMÁSIO,
A. R. (1995). O Erro de Descartes.
Emoção, Razão e Cérebro Humano, Lisboa: Pub. Europa-América.
DESBOIS, Henri (1998), Représentations et
Territoires sur Internet, Université de Paris IV, Mai, 1998,
<http://barthes.ens.fr/atelier/articles/desbois-mai-98.html>
FENTRESS, James e WICKHAM, Chris (1994), Memória Social, Trad., Lisboa: Teorema.
FORTUNA, Carlos (1997), Cidade, Cultura e Globalização, Oeiras:
Celta.
GRAS, Alain; JOERGES, Bernard e
SCARDIGLI, Victor (sous la responsabilié de) (1992), Sociologie des Techniques de la Vie Quotidienne, Paris:
L’Harmattan.
JEUDY, Jean-Pierre (1999), “As Vertigens
da Mediação”, Comunicação Oral, Lisboa: SOPCOM, 1º Congresso As Ciências da
Comunicação na Viragem do Século, 22-24 de Março, 1999, Fundação Calouste
Gulbenkian.
JONES, Steven G. (Edited by)(1998), Virtual Culture – Identity and Communication
in Cybersociety, London: Sage.
Kerckhove, Derrick
de (1997), A Pele da Cultura, Trad.,
Lisboa: Relógio d’Água.
KERCKHOVE, Derrick de (1998), Connected Intelligence – the arrival of the web society, London:
Kogan Page.
LÉVY, Pierre (1994), As Tecnologias da Inteligência
– O Futuro do Pensamento na Era Informática, trad., Lisboa: Instituto
Piaget.
LÉVY, Pierre (1995), A Máquina Universo – Criação, Cognição e Cultura Informática,
trad., Lisboa: Instituto Piaget.
LÉVY, Pierre (1997), A Inteligência Colectiva – para uma antropologia do ciberespaço,
trad., Lisboa: Instituto Piaget.
LITCHIN, Rob (1998), Cyberspace – The World in the Wires, New York: John Wiley &
Sons.
MAGALHÃES, José (1999), “Perplexidades
Ciberlegislativas à beira do III Milénio”, in: ALVES, José Augusto, CAMPOS,
Pedro e BRITO, Pedro Quelhas (coord.) (1999), O Futuro da Internet – Estado da arte e tendências de evolução,
Lisboa: Centro Atlântico, 43-48.
MARKHAM, Annette N. (1998), Life Online – researching Real Experience in Virtual Space. London:
Altamira Press.
MENDES, Manuel Oehen (1999), “Alguns Problemas
Jurídicos da Internet”, in: ALVES, José Augusto, CAMPOS, Pedro e BRITO, Pedro
Quelhas (coord.) (1999), O Futuro da
Internet – Estado da arte e tendências de evolução, Lisboa: Centro
Atlântico, 79-87.
MEUNIER, Jean-Pierre (1999), “Para uma Semiótica
Cognitiva”, Comunicação Oral, Lisboa: SOPCOM, 1º Congresso As Ciências da
Comunicação na Viragem do Século, 22-24 de Março, 1999, Fundação Calouste
Gulbenkian.
MORAIS, C. e MARCELINO, H. (1992), “The Network Approach
as an IS/IT Policy for Systems Integration”, ICA – International Council for IT
in Government Administrations, 26th Conference, Jerusalém, Israel,
1992.
PAIVA, Raquel (1998), O espírito Comum – Comunidade, mídia e globalismo, Petrópolis, RJ:
Vozes.
PIAGET, Jean (1983), Problemas de Psicologia Genética, trad., Lisboa: Publicações Dom
Quixote.
RHEINGOLD, Howard (1996), A Comunidade Virtual, Trad., Lisboa: Gradiva.
ROCH, Irène Le (1992), “Téléphone et minitel: comment
être plus sociable”, in: GRAS, Alain et MORICOT, Caroline (dirigé par) (1992), Technologies du Quotidien – La complainte du
progrès, Paris: Autrement, 68-74.
SANTOS, Rogério (1998), Os Novos Media e o Espaço Público, Lisboa: Gradiva.
SILVA, Lídia J. Oliveira L. (1999),
“Globalização das redes de comunicação: uma reflexão sobre as implicações
cognitivas e sociais”, in: ALVES, José Augusto, CAMPOS, Pedro e BRITO, Pedro
Quelhas (coord.) (1999), O Futuro da
Internet – Estado da arte e tendências de evolução, Lisboa: Centro
Atlântico, 53-63.
SOARES, Luís (1999), “Contra a Corrente:
Sete premissas para construir uma comunidade virtual”, in: ALVES, José Augusto,
CAMPOS, Pedro e BRITO, Pedro Quelhas (coord.) (1999), O Futuro da Internet – Estado da arte e tendências de evolução,
Lisboa: Centro Atlântico, 75-77.
TARDE, Gabriel (1989), L’Opinion et la foule, Paris: PUF.
TURKLE, Sherry (1997), A Vida no Ecrã – a identidade na era da Internet, Trad., Lisboa:
Relógio d’Água.
VATTIMO, Gianni (1991), A Sociedade Transparente, Trad., Lisboa:
Edições 70.
WEBSTER, Frank (1997), Theories of the InformAtion Society, London: Routledge.
WOLTON, Dominique (1999), Internet et après? Une
théorie critique des nouveaux médias, Paris:
Flammarion.
[1] * (Lic. Filosofia; Universidade de Coimbra; Mestre Tecnologia Educativa, Universidade de Aveiro / Assistente do Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, aluna de doutoramento em Ciências e Tecnologias da Comunicação / E-mail: lidia@ua.pt)
[2] «Netiquette: fusion des mots
anglais Net (Internet) et Étiquette (Éthique), ensemble re règles de bonne
conduite que régissent l’interaction en ligne sur Internet et notamment les newsgroups.» (Bauche,1996:239);
Consultar: “Pour une charte des droits et devoirs du «Netizen», citoyen
d’Internet” (Bauche,1996:245)
[3] Pierre Lévy divide a história da humanidade em quatro grandes períodos que correspondem a quatro espaços: Terra, Território, Mercado, Saber.
[4] Na época Presidente da Comissão Mundial para a Cultura e Desenvolvimento.