Anabela Gradim, Universidade da Beira Interior
Dissertação de Mestrado apresentada na Universidade da
Beira Interior
Novembro de 1998
“[...] o terceiro ramo é a ciência que estuda os modos e meios de alcançar e comunicar o conhecimento destas duas ordens de coisas [filosofia e ética]. A esta ciência pode-se chamar Shmeiwtich, ou seja, doutrina dos signos [...]; o seu objectivo é o de considerar a natureza dos signos de que o espírito se serve para o entendimento das coisas, ou para transmitir a outros o seu conhecimento”.
“Sou um pioneiro, ou pelo menos um explorador, da actividade de classificar e de lançar o que chamo semiótica, isto é, a doutrina da natureza essencial e das variedades fundamentais de toda a semiosis possível”.
“Podemos portanto conceber uma ciência que estude a vida dos signos no seio da vida social; essa ciência integrar-se-ia na psicologia social e, consequentemente, na psicologia geral; designá-la-íamos pelo nome de semiologia (do grego semeîon, <signo>). Ensinar-nos-ia em que consistem os signos, que leis os regem. Uma vez que essa ciência ainda não existe, não podemos dizer como é que ela será; mas tem direito à existência, o seu lugar está de antemão determinado”.
“[...] e porque o intelecto conhece por conceitos significativos, que são expressos por sons significativos, e em geral todos os instrumentos de que usamos para conhecer e falar são signos; portanto, para que o Lógico com exactidão conheça os seus instrumentos, é necessário que também conheça o que é o signo [...] Para que o assunto mais clara e frutuosamente seja tratado, achei por bem separadamente àcerca disto fazer um tratado [...] Por isso pareceu-me melhor agora, em vez da doutrina dos livros De Interpretatione, apresentar aquelas coisas destinadas a expôr a natureza e divisão dos signos”.
Introdução
Não é fácil abordar a obra do ilustre teólogo
e metafísico português que foi João de São Tomás.
Sendo considerado o último grande representante da Segunda Escolástica
e o mais fecundo e fiel comentador e continuador de S. Tomás de
Aquino, o Doutor Profundo notabilizou-se fundamentalmente pelos seus trabalhos
de Teologia, objecto de estudo junto de tomistas eminentes, como Maritain,
e também nas escolas dominicanas, cujo hábito João
de São Tomás muito cedo tomou e haveria de servir até
ao final da vida.
Se a riqueza e fecundidade da sua obra são a clara medida
do génio do homem que lhe deu corpo, neste trabalho ocupamo-nos
tão somente de uma das suas menos conhecidas facetas: a de semiólogo,
que começou a ser desbravada nos anos 60 por Herculano de Carvalho,
numa obra que acabaria por ter repercussão e continuidade além-Atlântico,
no trabalho de John Deely.
O labor semiótico do mestre lisbonense tem a sua expressão
mais elevada no Tratado dos Signos, e se bem que a palavra semiologia jamais
tenha sido usada pelo dominicano, nele se encontra uma preocupação
verdadeiramente semiológica, comparável à que quase
300 anos depois norteará os trabalhos de Peirce. João de
São Tomás teve a clara intuição do papel fundador
do signo na gnosiologia e da universalidade do processo de semiose, condição
sine qua non tanto do conhecimento quanto da comunicação
do mesmo. É por isso que enquanto Locke postula a criação
de uma ciência “que estuda os modos e meios de alcançar e
comunicar o conhecimento”, baptizando-a de Semiótica, João
de São Tomás dedica-se propriamente à sua fundação
e constituição, dando à luz o Tratado dos Signos.
É notável a importância que o mestre lisbonense
atribui a esta obra. Menciona-a por três vezes distintas nos preâmbulos
e prefácios que escreve à Ars Logicae, consciente da novidade
do assunto, da sua importância fundadora em relação
à Lógica e, ainda, que da sua radical novidade emergem tantas
e tão inextricáveis dificuldades que a opção
mais natural é separar este Tratado e reservá-lo para local
próprio, o final da Lógica, onde só estará
acessível aos estudantes mais experimentados.
Não o desejando ou perseguindo como um fim em si, João
de São Tomás, no Tratado dos Signos, afasta-se radicalmente
do que era o estudo da Lógica aristotélica ao seu tempo —
análise dos termos, das proposições e silogismos —
para propor um recuo a uma perspectiva propriamente semiológica,
a que se preocupa com a forma como o intelecto conhece — por meio de signos
—, quantos e quais são os seus tipos, como funcionam estes nas suas
relações entre si (sintaxe), e em relação ao
mundo que se oferece ao nosso conhecimento (semântica).
Tendo sido assaltado pela genial intuição do radicalmente
novo, João de São Tomás é, todavia, de alma
e coração, um Escolástico e, mais ainda, um fidelíssimo
tomista. E a verdade é que, no seu tempo, os ventos que sopravam
na Europa eram já os da decadência e destruição
do laborioso edifício medieval. Poucas décadas depois do
surgimento do Curso Filosófico Descartes há-de ser considerado
o pai da revolução que enterrou definitivamente o pensamento
escolástico1. Anos antes, nesta encruzilhada,
João de São Tomás tentaria salvar a Escolástica
da irreprimível decadência, mercê de propostas criadoras
e fecundas, de que é bom exemplo o seu Tratado dos Signos. Lamentavelmente,
estava condenado a falhar e por largo tempo ao quase esquecimento, e isso
em grande parte deve-o à sua extrema modéstia e humilíssima
posição ante a vida e o mundo.
As marcas desta missão salvífica de que o dominicano
se investiu encontram-se bem patentes no Tratado dos Signos. Aqui, depois
de uma fina e exaustiva análise dos tipos e qualidades de signos,
utilizará os instrumentos da sua ciência, a Escolástica,
para aclarar e tentar descobrir o modo do seu funcionamento. Daí
— e este ponto tornou a penetração no sentido do De Signis
por vezes penosa — que utilize o dispositivo conceptual medievo das relações
secundum esse/secundum dici para analisar o funcionamento dos signos tanto
na sua vertente semântica quanto pragmática de relação
com o sujeito, deixando apenas na sombra, e isto porque somente se ocupa
dos aspectos estritamente lógicos da semiose, o funcionamento dos
signos no decurso de um processo interlocutivo concreto, vertente que tem
ocupado os trabalhos mais recentes e ainda pouco sedimentados no âmbito
da pragmática. Os resultados desta aplicação
do aparelho conceptual escolástico ao signo e à semiose são
espantosos. João de São Tomás constrói um edifício
semiótico de espantosa harmonia e coerência — uma espécie
de catedral de Gaudi em filigrana — onde, mediante a análise das
relações secundum esse/secundum dici, ontológicas
e transcendentais, constrói uma semiótica que opta claramente
por uma posição realista, mas não radical, consentânea
com a posição que tomará na polémica reales/
nominales que abala o seu século, e cuidadosamente harmonizada com
a gnosiologia realista, mas não empirista, que perfilha.
O propósito do presente trabalho é, assim, além
de apresentar, na sua riqueza e esplendor, o texto integral do Tratado
dos Signos e respectiva versão portuguesa, resumir brevemente a
teoria da linguagem aí exposta, o projecto semiótico de João
de São Tomás, abordando de forma marginal a sua concatenação
com os aspectos gnosiológicos, aos quais está íntima
e necessariamente ligado.
Antes, porém, urge dar conta do inquieto e sobressaltado
percurso que constituiu a descoberta do mestre lisbonense, e isto porque
esse encontro com o genial dominicano marca, em muito, o que aqui será
dito e a forma como será dito.
A notícia da originalidade e fecundidade do Tratado dos
Signos2 , e o facto da obra, por razões que ainda
hoje se me afiguram inexplicáveis, se encontrar inédita entre
nós, foram, sem dúvida, o primeiro motor imóvel deste
trabalho. Contra esta ratio studiorum elevavam-se, todavia, grossos obstáculos.
Falar de um homem que carrega a fama de submissão vegetal
ao mestre, ligado a uma tradição ancilosada e já decadente,
que nos seus momentos mais desesperados colocou a ferro e fogo toda a oposição
e veleidade crítica; para mais, uma cabeça tonsurada, que
fora, durante alguns anos, Inquisidor, para daí passar, num rápido
tirocínio, à política, ocupando o poderoso e invejável
cargo de confessor de um rei espanhol que governara a pátria portuguesa,
foi inicialmente, é preciso confessá-lo, uma ideia algo repugnante.
Claro que me não movia o respeito pelas carcaças
dos egrégios avós. De fantasmas educados, esqueletos poeirentos
e intenções pias está o inferno cheio. O exame do
Tratado dos Signos seria pois encarado como um jogo — não uma disputa
gorgianizante3, mas um trabalho onde se tentaria pôr
em prática disciplina, rigor intelectual, tensão crítica
e opinião desapaixonada.
Hoje, à distância, olhando para trás, é
óbvio que alguma coisa correu mal. João de São Tomás
acabaria, no seu rigor, clarividência e humildade, por se revelar
um grande sedutor, e este trabalho, não deixando de ser um jogo,
transformou-se também num elogio, não gorgianizante, mas
nascido de sincera admiração.
Porquê? Mesmo dando o devido desconto ao provável
entusiasmo panegírico de alguns dos seus biógrafos e confrades,
não deixa de ser impressionante a vida do Professor de Alcalá.
Diz-se que “faleceu com opinião de santo”. Meditativo e amigo do
silêncio, eram irrepreensíveis os seus costumes e virtude
e a sua fervorosa e sincera fé. Amava a profissão que escolhera,
professor, e quando é chamado para confessor do rei tenta por todos
os meios libertar-se da incumbência, chegando mesmo a alegar que,
por ser português, poderia parecer suspeito aos olhos da corte e
do monarca. De nada lhe valeu o expediente. Acabaria por ter de submeter-se
à disciplina da sua ordem religiosa, mas antes de partir, pede ainda
ao rei que diminua o seu vencimento para o estritamente indispensável,
devendo a parte que lhe fora amputada ser distribuída entre os pobres
e cativos.
Estes traços de personalidade — a doçura, bondade
e convicção, mas sobretudo uma luminosa inteligência,
espelham-se na sua escrita. É infinita a modéstia de João
de São Tomás, de tal forma que à semelhança
de muitos medievais, e ao contrário do orgulho truculento que agitava,
por exemplo, um Galileu, inventa, cria e, quase sem querer, dá à
luz o radicalmente novo, acreditando todavia que todos estes ensinamentos
estavam absolutamente contidos nas palavras dos mestres que segue.
Tal como hoje, na época conturbada em que João
de São Tomás viveu muitos eram os que se acotovelavam por
um lugarzinho na janela do poder ou do saber. Por isso ainda comovem as
suas palavras: é verdadeiro discípulo de São Tomás
— e este era, recordemo-lo, o seu projecto de vida — “aquele que ao expôr
o pensamento do Santo Doutor, procura a sua maior glória e clareza,
e não o aplauso e a novidade da própria opinião [...]
E se alguém segue somente São Tomás quando consente
com a sua doutrina, e só superficial e ligeiramente trata de explicar
o seu sentir, esse, então, pela própria intenção
já está julgado, pois deseja primeiro ostentar-se a si mesmo,
e não a propagação da glória daquele [...]”4.
Este homem que por nada deseja “ostentar-se a si mesmo” produziu,
todavia, obra admirável, impulsionado muitas vezes por sábia
clarividência e geniais intuições como a que o leva
a lançar os fundamentos e corpo de um verdadeiro projecto semiótico,
disciplina que teria de esperar largos séculos até se ver
plenamente constituída e fundamentada.
Mais importante ainda é que o fervor religioso de João
de São Tomás não lhe oblitera a liberdade de espírito
e de pensamento — move-o o amor da verdade e julga persegui-la no bom caminho,
mas a própria busca é já um fim válido e bom
em si mesmo. “[...] Censuras e confrontos são sempre odiosos [...]
Se, porém, sem irreverência ou desprezo, mas por diverso motivo
alguém abandonar a doutrina de São Tomás e seguir
outra, ainda oposta, não merece censura alguma. Cada qual pode abundar
em sua opinião, e assim o praticou Escoto impugnando em muitos pontos
a doutrina de São Tomás; mas, quando assim seja, proceda-se
com grande modéstia e sem qualquer irreverência, só
em disputa, não atacando com palavra alguma. Pode dar-se portanto
a censura contra a irreverência; contra a opinião, contra
a disputa, não”5.
Os mesmos ventos libertários bafejam os seus escritos
sobre estética, de tal forma que um comentador dos anos 40 tem dificuldade
em digeri-los pela sua modernidade: “Para a devida realização
da arte não se requer que o artífice proceda com recta intenção
ou que eleja o obrar pela sua mesma honestidade [...] mas requer-se somente
que proceda cientemente ou com inteligência [...] Dizemos que as
artes liberais são uma recta ordenação dos actos,
não enquanto morais ou enquanto fazem bom ao operante, mas enquanto
fazem boa a própria obra, pela bondade da mesma obra, sem atender
à bondade, honestidade ou malícia do operante. E isto é
assim porque a arte não depende, nas suas regras e princípios,
da rectidão da vontade ou da recta intenção do operante,
antes pode fazer-se uma perfeita obra de arte, ainda que seja perversa
a vontade do artista. Por conseguinte, não atende à bondade
do operante, nem se importa com a sua malícia, antes somente se
ocupa com a rectidão da obra em si mesma”6.
Estas teses que parecem no mínimo estranhas vindas da
boca de um Inquisidor, estão sólida e organicamente ancoradas
nas suas concepções epistemológicas. João de
São Tomás só se deixou seduzir e apaixonar pelo tomismo
por lhe parecer que essa doutrina “possui as condições e
requisitos para ser preferida a qualquer outra na certeza ou na probabilidade,
no método e na ordem, no modo mais conveniente de explicar as dificuldades
e no mais apto para defender as coisas da fé, e, desta arte, se
bem pensarmos, é mais verídica, mais sincera e mais conforme
à verdade. Não pretendo dizer que as outras doutrinas careçam
da sua probabilidade, porque a probabilidade consiste não tanto
na verdade, quanto na aparência das provas; mas digo que a doutrina
de São Tomás tem condições para ser preferida
às outras e para ser tida como mais harmónica com a verdade”7.
Fica pois esboçado em traços largos o carácter,
personalidade e envergadura do homem que nos ocupará nas próximas
páginas. Julgo ter demonstrado como nesta personagem o que mais
choca e impressiona e seduz é a genialidade aliada à infinita
modéstia. Os medievais acreditavam-se anões às costas
de gigantes, que assim seguros e escorados poderiam humildemente ver mais
longe. Não pretendo, evidentemente, ver mais longe, apenas expôr
clara, concisa e rigorosamente a brilhante teoria do sinal de João
de São Tomás. Sobre a personagem posso todavia dizer, citando-o,
que me daria por feliz se lograsse “emular a sua ordem, brevidade e modéstia”8 .
Oxalá, portanto, me não engane na visão
luminosa que me ficou deste ano de estudo, debruçada sobre a obra
do mestre dominicano, pois posso dizer comungando o espírito de
Bruno, embora sem o seu arrebatamento místico, “[...] em verdade
eu não me entrego a fantasias, e se erro, julgo não errar
intencionalmente; falando e escrevendo, não disputo por amor da
vitória em si mesma — pois que todas as reputações
e vitórias considero inimigas de Deus, abjectas e sem sombra de
honra, se não assentarem na verdade — mas por amor da verdadeira
sapiência e fervor da verdadeira especulação me afadigo,
me apoquento, me atormento”9.
João de São Tomás mereceria certamente tradutores
mais preparados, cultos e atentos, mas até esse pecado será
perdoado pois, como diz Gilson, “[...] aprés tout, pour que la recherche
de la verité pût atteindre ici-bas son terme, il faudrait
que notre vie même fût autre chose qu’un début”10 .
Resta ainda acrescentar que este trabalho não teria sido
possível, na sua forma actual, sem a colaboração,
esforço e boa vontade de muitas pessoas a que me encontro ligada,
às quais quero expressar a minha profunda gratidão. De entre
todos os que me ajudaram a levar esta tradução do Tratado
dos Signos a bom porto, estou particularmente reconhecida ao Professor
Doutor António Fidalgo, não só pela confiança
em mim depositada, mas também pela forma empenhada, competente e
esclarecida como orientou este trabalho. Sem o seu saber, perspicácia
e experiência esta investigação teria muitas vezes
resvalado para terrenos escorregadios e becos sem saída. Se alguma
claridade e ordem foi alcançada na exposição, a ele
o devo.
Ao Padre Dr. António de Oliveira Crespo, do Seminário
da Guarda, coube a gigantesca tarefa de me ensinar os rudimentos e subtilezas
da língua latina, de que se desempenhou com sabedoria e infinita
paciência, oferecendo-me um auxílio sem preço no início
deste trabalho. Devo muito à sua boa vontade, compreensão
e simpatia.
O Professor José Maria da Costa Macedo, da Universidade
do Porto, foi generoso como um príncipe, colocando o seu imenso
saber sobre S. Tomás de Aquino e o tomismo à minha disposição
e, mais importante ainda, aceitando pôr os seus dotes de insigne
latinista ao serviço da pesada tarefa de rever a minha tradução.
Foram também os seus prudentes esclarecimentos que me permitiram
a compreensão definitiva do complexo problema das relações
no tomismo, questão vital para a compreensão do De Signis.
Não tem limites o meu reconhecimento pela forma desinteressada e
solícita como sempre me atendeu.
Ao Professor Doutor José Gonçalo Herculano de Carvalho,
da Universidade de Coimbra, pioneiro, a nível mundial, no estudo
da semiótica de João de São Tomás, quero agradecer
a forma generosa e calorosa como me recebeu em sua casa, colocando à
minha disposição preciosidades bibliográficas da sua
monumental biblioteca, e dispondo-se a trocar impressões comigo
sobre o presente trabalho.
À Junta Nacional de Investigação Científica
e Tecnológica estou particularmente reconhecida pela bolsa de estudos
que me atribuiu, que me permitiu dedicar-me a tempo inteiro a este trabalho.
Sem este investimento na minha formação académica
teria sido completamente impossível elaborar esta edição
do Tratado dos Signos na forma que presentemente tem.
O Mestre João Miguel Teixeira Lopes, da Universidade do
Porto, ofereceu-se, generosamente, para ler e comentar o presente trabalho.
O seu estímulo e apoio constantes fizeram a diferença na
preparação dos textos que acompanham o Tratado dos Signos.
Ao longo dos anos muitos professores contribuiram decisivamente,
embora de formas diversas, para a minha formação. De entre
todos, um agradecimento muito especial para os Professores Francisco Beja
Sardo, José Ribeiro Graça, Lídia Cardoso Pires, Levy
António Malho, Adélio de Melo, João Pissarra Esteves
e José Manuel dos Santos.
Ao Mestre João Miguel Teixeira Lopes, ao Dr. Henrique
Almeida, ao Dr. António Catarino e ao Padre Carlos, do Seminário
da Guarda, agradeço a forma solícita e eficiente como colocaram
à minha disposição as bibliotecas a que se encontram
respectivamente ligados. Pelas mesmas razões, cumpre ainda agradecer
ao Dr. Frederico Lopes, da UBI, pela extrema gentileza com que facilitou
a minha pesquisa.
À minha família — especialmente à Mariana,
Tomás, Helena, João, Teresa, Paulo, Luísa e Júlio
— agradeço todo o apoio e o facto de existirem.
Os meus amigos também nunca me faltaram. Entre eles, estou
particularmente reconhecida à Drª Paula Romão Pechincha
pela forma como me apoiou e encorajou nas alturas mais difíceis,
o que, aliás, já vem fazendo há muitos anos. Além
de ter suportado estoicamente várias crises de pânico, foi
inestimável o seu auxílio na compreensão de alguns
pontos do texto de João de São Tomás à data
para mim obscuros, tendo-se oferecido ainda para rever as provas deste
trabalho, tarefa de que se desempenhou com invulgar perspicácia.
À Paula e ao Ismael Marcos Prata agradeço a sua amizade e
o facto de tudo terem feito para que nos sentíssemos bem na fria
cidade da Guarda. Não poderiam desejar-se amigos melhores.
Ao meu amor vou, como sempre, somando dívidas pela infinita
generosidade com que me tem cumulado ao longo dos tempos. Sem ele não
haveria nem tese, nem Anabela, nem nada.
1. Não é problema que aqui nos ocupe, mas todavia, quão patética é a gnosiologia cartesiana quando comparada com o perfeitíssimo edifício construído por João de São Tomás.
2. E aqui reside a maior dívida deste trabalho, pois foi pela mão do Professor Doutor António Fidalgo que tomei pela primeira vez contacto com a obra do dominicano; sendo certo que, meses depois, sem o seu encorajamento, jamais me teria atrevido a lançar-me nesta empresa.
3. O Professor Doutor Francisco Beja Sardo costumava
dizer que os gregos haviam inventado um verbo novo, de sentido algo pejorativo,
derivado do nome do grande mestre e prova, para o bem e para o mal, da
enorme influência de que gozava junto dos seus contemporâneos:
gorgianizar.
4. Tomás, João de São, in Onofre, António
de Jesus Soares, “Fr. João de São Tomás, o Homem,
a Obra, a Doutrina”, in Lumen, Revista de Cultura do Clero, XII, 1944,
Lisboa.
5. Tomás, João de São, in Gonçalves,
António Manuel, “O tomismo indefectível de Frei João
de São Tomás”, in Antologia de Estudos Sobre João
de Santo Tomás, org. de Gomes, Jesué Pinharanda, Edição
do Instituto Amaro da Costa, 1985, Lisboa.
6. Tomás, João de São, in Martins, Mário,
“Fr. João de São Tomás na História das ideias
estéticas, na Península”, in Antologia de Estudos Sobre João
de Santo Tomás, org. de Gomes, Jesué Pinharanda, Edição
do Instituto Amaro da Costa, 1985, Lisboa.
7. Não deixa de ser impressionante notar que aqui quase ecoam os gérmens das modernas teorias epistemológicas dos modelos, segundo as quais o valor de uma teoria se mede e deve ser aquilatado segundo a sua operatividade com vista a um determinado fim, e não em termos de noções abstractas como acordo com o real ou proximidade com a verdade verdadeira, in Lévy, Pierre, As Tecnologias da Inteligência — O Futuro do Pensamento na Era Informática, pp. 153-154, col. Epistemologia e Sociedade, Instituto Piaget, 1990, Lisboa.
8 . Tomás, João de São, in Tratado dos Signos, p. 24. Refira-se que esta e todas as citações do Tratado dos Signos de João de São Tomás que forem surgindo ao longo do presente trabalho se reportam à tradução e edição aqui apresentadas.
9. Bruno, Giordano, Àcerca do Infinito, do Universo e dos Mundos, p. 3, 3ª edição, Fundação Calouste Gulbenkian, 1984, Lisboa.