Rádios temáticas: perfil da informação radiofónica em Portugal.

O caso da TSF

 

Paula Cordeiro1




Resumo: O panorama comunicacional moderno caracteriza-se pela multiplicação dos canais, pluralidade de temáticas e conteúdos mediáticos. No caso da rádio, o futuro passa pela tematização e fragmentação das audiências, resultando no desenvolvimento de estações com conteúdos cada vez mais específicos. Nesta comunicação, pretende-se caracterizar o perfil da informação radiofónica em Portugal, apresentando o exemplo da rádio temática especializada em informação e analisando o seu perfil editorial, a TSF.


1. O panorama da comunicação moderna caracteriza-se pela especialização da oferta de conteúdos e pela fragmentação das audiências em função das suas idades e interesses. A criação de rádios especializadas é um aspecto que esta tendência de evolução tem vindo a acentuar. Tal como os outros meios de comunicação, também a rádio está cada vez mais integrada em organizações mais amplas, que utilizam alianças e convergências para crescerem e se afirmarem no mercado. Desde que se respeitem as linhas editoriais dos meios, a concentração de diferentes meios de comunicação dentro de um mesmo grupo económico oferece vantagens na produção de conteúdos, pela interacção, partilha e trocas que se estabelecem entre eles2, fórmula que ultrapassa em grande medida a desvantagem de se fazer parte de um grande grupo e de se integrar numa estratégia empresarial. Neste contexto, a rádio pode, por exemplo, promover os programas do canal de televisão do grupo, ao mesmo tempo que utiliza os dados de uma reportagem produzida para um jornal ou revista. Do mesmo modo, os sons captados pela rádio podem ter utilidade para a televisão, e algumas páginas do jornal podem servir de veículo de promoção para os outros meios do grupo de comunicação. Daqui, decorre também uma maior profissionalização das estações de rádio e um maior enquadramento comercial do negócio, sendo o facto de se pensar a rádio numa perspectiva mais técnica e menos artística, o que vem trazer a este meio maiores possibilidades de sobrevivência no mercado da comunicação social

O desenvolvimento do mercado da comunicação, no sentido da especialização dos conteúdos, tem sido também acompanhado pela rádio quer ao nível da sua programação, quer ao nível do público -- alvo ao qual a programação se destina.

As estações emissoras procuram oferecer um produto que vá ao encontro de interesses específicos, criando formatos de acordo com as necessidades de programação alternativa que decorrem da pluralidade de estilos de vida, grupos sociais, gostos e expectativas do público.

O futuro da rádio depende desta tendência, tanto em termos de conteúdos como em termos de estilo. A variedade de campos de actuação da especialização é extremamente ampla, podendo resultar no desenvolvimento de canais com os mais diversos conteúdos.

A especialização na rádio procura ir ao encontro dos desejos e necessidades da audiência, baseando parte das decisões estratégicas nos resultados dos estudos de mercado, para avaliar a viabilidade do projecto, e de audiência, para mostrar o índice de satisfação em relação à programação que, neste tipo de estações, se assume como um reflexo da tendência de gosto dos seus ouvintes.

Neste sentido, a gestão do projecto envolve igualmente definições estratégicas ao nível do marketing, especialmente no que concerne ao desenvolvimento da identidade e imagem de marca de cada estação de rádio para, a partir daí, organizar a sua programação e projectar junto do público, a ideia daquilo que a audiência pode ter dessa estação. A sistematização das estações permite que, quando um ouvinte sintonize, reconheça imediatamente a estação. No caso em estudo neste artigo, a identidade e imagem de constroem-se em função da informação noticiosa da estação que se assume como o aspecto que a distingue no panorama nacional, a TSF -- Rádio Noticias.

 

2. Em Portugal, o universo radiofónico assume características próprias, sendo difícil catalogar de forma linear os diferentes projectos de rádio. Quanto ao nível da cobertura, os serviços de programas podem ser de âmbito nacional, regional ou local. Relativamente aos conteúdos, existem rádios generalistas e temáticas, públicas e privadas. Destas, há generalistas públicas e privadas, com emissão nacional, regional ou local; e temáticas públicas e privadas, com emissão nacional, regional, local e em cadeia. Na generalidade, as estações organizam-se mais pela sua especialização musical ao nível do conteúdo dos programas e público-alvo, do que propriamente pela tematização.

A especialização musical é o âmbito que oferece maior oferta, em função da segmentação dos próprios géneros em sub-géneros. No geral, as rádios com emissão em Frequência Modelada que se podem classificar como especializadas apresentam um tratamento editorial da informação que reflecte uma tendência generalista3. A título de exemplo, estações como a Best Rock FM ou a Mega FM (rock) e a Antena 2 (clássica) têm uma componente noticiosa que reflecte os principais aspectos da actualidade, complementada com rubricas e outros espaços informativos orientados em torno da temática que orienta o som da estação. Não podem, por isso, considerar-se rádios temáticas, mas sim rádios especializadas, com informação generalista. No campo da especialização informativa, a TSF é uma rádio temática, mas cujas vinte e quatro horas de informação apresentam uma abordagem generalista, com diversidade de temas e espaço para os principais aspectos que compõem as notícias (nacional, internacional, cultural, desporto,...), emissão de música e outros aspectos não directamente ligados à informação noticiosa.

No campo da informação, a tendência vai no sentido da criação de estações especializadas na emissão de notícias. A especialização dentro da especialização está para chegar ao nosso país, com rádios temáticas especializadas. Este formato que concentra a informação num só conteúdo (economia ou desporto, por exemplo) é muito comum nos Estados Unidos, graças à dimensão da audiência, a sofisticação do mercado, variedade de suportes de difusão, canais de acesso pago e o elevado investimento publicitário neste meio.

No domínio de rádio - notícia, ainda não existe em Portugal uma organização que ofereça ao ouvinte conteúdos informativos dentro de um âmbito determinado, ou serviços de informação que satisfaçam necessidades específicas. Essa possibilidade em Frequência Modelada (FM) ainda não foi explorada por razões essencialmente económicas, mas há já tecnologias de difusão como a Internet ou os telemóveis que permitem a tematização de canais e personalização dos conteúdos. Esta personalização da informação já é comum nas newsletters que os ouvintes/utilizadores subscrevem nos sites de informação. Algumas estações começaram a utilizar estes recursos para complementar as suas emissões em FM, enviando ao ouvinte mensagens sobre os assuntos que lhe interessam ou informações de trânsito de um percurso determinado, para o telemóvel. Contudo, a convergência entre o sistema de comunicação analógico, no formato FM e o sistema digital, com o envio de mensagens escritas ou sonoras para o telemóvel, ainda não foi posto em prática no nosso país. Neste campo, a TSF oferece a possibilidade de acompanhar o que passa em antena, disponibilizando a actualidade no telemóvel através da subscrição de um serviço para envio de notícias de actualidade e desporto. Há também a possibilidade de aceder à página da TSF Online a partir de telemóveis, computadores palmtop e outros suportes móveis sem fios.
 


3. Com uma história que remonta a 1981, a TSF- Cooperativa de Profissionais de Rádio foi criada a partir da iniciativa de um grupo de pessoas vindas de outras rádios que procuraram profissionalizar a rádio e compatibilizar a ideia de rádio privada com a de serviço público. O resultado foi o desenvolvimento da única rádio exclusivamente de notícias no nosso país. Em 1984 foi estreada no FM lisboeta a primeira emissão pirata da TSF e, durante quatro horas, através de dois pequenos emissores, foram difundidas mensagens de apoio ao movimento das rádios livres. Quatro anos mais tarde, arrancou TSF-Rádio Jornal, com emissões regulares, mas ainda como rádio pirata. Nesse mesmo ano, após atribuladas negociações com o Governo, a TSF acatou a decisão comum de encerrar, e as emissões piratas terminam em Portugal. Foi então aberto um concurso nacional para atribuição de alvarás e, em 1989 foram retomadas as emissões regulares da TSF, já legalizada, na frequência de 89.5 FM em Lisboa.

Integrada actualmente num dos mais importantes grupos multimédia portugueses com actividade no campo do entretenimento e da comunicação social, a TSF é a única rádio de um conjunto diversificado de jornais, revistas, edição de livros e impressão gráfica.

A TSF é a principal estação temática de informação com emissão em cadeia e frequências ao nível nacional, mas que ainda não implementou uma concepção estreita de informação4. A estrutura das suas emissões combina música e informação, numa relação nem sempre equilibrada, ou seja, mesmo que na maior parte das horas não exista música e, independentemente do significado próprio que cada música possa ter, nos momentos em que esta estação intercala a palavra com a música, esta surge quase que como um complemento que preenche espaços vazios de palavra. Sendo a TSF uma rádio de informação, a música desempenha um papel pouco relevante. Quando a música está no ar tem invariavelmente um papel informativo, não se submetendo a compromissos comerciais como faz a grande maioria das rádios em Portugal. Na realidade, uma estação desta natureza poderia fazer fluir melhor a música entre o que foi dito e o que se vai dizer, introduzindo-a na emissão numa relação de maior proximidade ao ouvinte, cabendo ao jornalista o desenvolvimento desse trabalho, fazendo a ponte que associa temas informativos à música que toca na rádio. Nem sempre isso acontece e, nesse sentido, pode dizer-se que a TSF assume a sua vocação puramente jornalística.

A componente editorial da música é visível no trabalho jornalístico da estação, dado que a sua vertente informativa é, em muitos momentos, enriquecida com trabalhos de carácter jornalístico, nomeadamente ao nível da reportagem e grande reportagem. Estes trabalhos que apresentam uma relação entre a música e palavra na qual a música assume uma carga editorial tão importante como a palavra, contribuindo quer para a compreensão do tema, quer para a amplificação da importância das palavras do jornalista, realçando que, de facto, todo o poder da rádio está na capacidade de imaginar do ouvinte, e explorando, nestes momentos, a sua vertente mais estética.

No campo jornalístico, o ``estilo TSF'' tem sido marcante para os media nacionais. Apesar de não podermos classificar apenas um estilo para o jornalismo radiofónico, o que é facto que existem, na TSF, recortes sonoros e de linguagem que têm distinguido esta estação, bem como uma reconhecida capacidade para contar ``estórias'' e estruturar as notícias, marcando, em alguns casos, a agenda política e jornalística do país. A TSF foi a rádio que criou a antena aberta no nosso país, com uma imagem de marca emblemática em torno das frases, ``tudo o que se passa, passa na TSF'' e ``se está a acontecer você precisa de saber'', que resumem a importância do imediatismo do jornalismo desta estação.

Da grelha de programas fazem parte alguns dos mais importantes momentos informativos da rádio nacional. As temáticas são variadas: política, economia, ciência e cultura, em espaços de entrevista ou reportagem ao longo de toda a semana.

A entrevista é um dos géneros mais utilizados, conjugando habilmente, a comunicação pessoal e o objectivo de informação. Na TSF, o género é utilizado isoladamente e como fonte para a produção de outros géneros, transformando as informações recolhidas em notícias ou reportagens. A exigência do género obriga a variados cuidados na sua realização, por regra, observados pela equipa de jornalistas desta estação. O estilo jornalístico da TSF, caracterizado acima de tudo pela criatividade e liberdade de escolha, é notório nos directos e nos espaços da programação de entrevista, pela forma directa e pelo debate de ideias entre o jornalista e o seu convidado, deixando, sempre, evidenciar o entrevistado e perseguindo a ideia de que é a ele, que os ouvintes querem ouvir. Da entrevista informativa à entrevista de personalidade o género ocupa um importante espaço na programação da estação, bem como a reportagem.

Este género é utilizado como complemento às notícias (directo e diferido), enriquecendo os noticiários e acompanhando os processos e acontecimentos em curso. Os espaços de grande reportagem normalmente em diferido dão a ``ver'' e a ouvir um fragmento da realidade a uma audiência mais vasta.

A natureza unilateral da comunicação radiofónica favorece a uma permanente procura da manutenção do contacto com a audiência, como se ela estivesse presente e participasse de forma activa na comunicação. A comunicação entre os dois pólos efectua-se das mais variadas formas, mas são os programas de antena aberta que mais proporcionam um certo feedback da audiência em relação à emissão e que assumem relevância na programação da TSF. Durante muito tempo, a participação da audiência esteve limitada aos programas de escolha dos discos pedidos, dos quais se celebrizou o programa ``Quando o Telefone Toca'' na Rádio Renascença. Na realidade, os programas de antena aberta fazem uso da ubiquidade da comunicação radiofónica e apresentam-se como componentes incontornáveis da programação, ou enquanto elementos de outros programas. Este é um aspecto de indiscutível relevo na grelha da TSF, merecendo destaque a ``Bancada Central'', um programa sobre futebol, com todas as polémicas e discussões inerentes a este tema; o ``Fórum TSF'', um programa de informação e debate dos temas da actualidade e, mais recente, o ``Fórum Mulher'' que segue a lógica do anterior, mas limita a participação ao sexo feminino.

Na actualidade, estes são alguns dos programas interactivos com maior audiência na rádio e que dão voz ao cidadão anónimo, permitindo-lhe, ainda que por breves momentos, opinar sobre as temáticas em debate, num processo de amplificação da voz que exalta a liberdade de expressão. O Fórum da TSF é um programa com um estilo próprio e que tem intervenções de todos os níveis. Outro bom exemplo é a Bancada Central, na mesma estação. Neste caso, sendo o tema mais específico e emotivo, acontece, por vezes, o excesso da importância da mera opinião o transformar em verdadeiro ``tribunal''.

O Fórum faz parte da grelha de programação da TSF há já vários anos, confundindo-se com a própria história da estação. É um programa diário, com duração de cerca de uma hora e meia, no qual, um tema, escolhido em função das questões que se levantaram durante a manhã informativa, é problematizado, levantando por vezes uma interrogação concreta. Regra geral, a escolha do tema decorre da evolução da própria manhã informativa, a partir de das decisões da equipa da redacção, não havendo restrições à escolha dos temas, balizados pelos critérios editoriais da TSF. A antena da TSF fica aberta a dois tipos de participação: os convidados (comentadores, especialistas, políticos, investigadores, representantes institucionais diversos) que variam consoante o tema, e os ouvintes, num espaço de opinião, livre de censura, limitando a linguagem às regras do bom senso e a participação às inscrições prévias, de acordo com o tempo disponível para o programa.

Este tipo de programa manifesta a democracia da antena aberta, pois, para além de se apresentarem como um ``ponto de encontro'' onde o público pode trocar ideias, estes debates mediatizados fornecem uma excelente base de representação social. São espaços de discussão nos quais as pessoas podem defender as suas ideias em voz própria, factor vital para a construção de uma identidade cultural. Mais do que providenciar um espaço, participam na construção da esfera pública, através de um estilo comunicativo baseado na interactividade, aproximando públicos diferentes, mesmo que não se desenvolva uma opinião comum. No caso do ``Fórum TSF'', a abordagem procura ser rigorosa, conclusiva e esclarecedora, produzindo uma reflexão aprofundada sobre os diversos temas. Este programa tem obviamente um efeito na agenda pública, pelo efeito de ampliação das questões tematizadas. O Fórum acompanha o ciclo anual da actividade política nacional, estando por isso, sujeito a uma pequena pausa nos meses de Verão. Por depender da própria agenda pública, consolida os temas em debate e reproduz os critérios que inscrevem ou excluem os temas em discussão, razão pela qual se sabe que o ``Fórum'' consegue ter influência no aparelho político do país.
 


4. A TSF Notícias é também TSF On -- Line frisando a ideia de extensão da rádio para a Internet. Este é um projecto autónomo à TSF Rádio que nasceu há cerca de quatro anos, como forma de experimentar uma nova linguagem e desenvolver um novo esquema de negócio. Com uma equipa própria para a produção de conteúdos para a Internet, a TSF On-Line partilha a sala com a redacção da TSF Rádio, para assim, desenvolver as sinergias necessárias ao desenvolvimento ideal de um projecto comum que tem uma linguagem diferente.

Muito embora possam existir colaborações entre as duas redacções, elas são autónomas, com objectivos e critérios editoriais estabelecidos em função do meio que estão a operar. A vantagem do site da TSF On-Line é poder complementar a informação da TSF rádio. A rádio dá a informação essencial, ao passo que no site se podem obter muitos outros dados. À semelhança da rádio-notícias, a TSF On-Line é um projecto de ``breaking news'' que vai ao encontro da ideia de que, ``tudo o que se passa, passa na TSF'' e, por isso, deve passar também no site. Tal como na TSF Rádio, a informação da TSF On-Line é de carácter generalista. O site procura promover a rádio, possibilitando a sua escuta em directo e a consulta ao arquivo dos programas passados, ao mesmo tempo que se afirma uma estratégia de adesão às novas tecnologias e o uso de uma nova linguagem para transmitir as notícias a um público, que é também o da TSF Rádio. O acompanhamento da informação faz-se ao minuto e o espaço que medeia o acontecimento e a sua publicação é o tempo necessário para redigir a notícia, comprovando que na Internet não há periodicidade. A ideia é temperar a imediatez com uma linguagem adequada à leitura, chegando ser um trabalho quase mais imediato do que na rádio, pois só em casos muito especiais se interrompe a emissão da rádio e, na net, a publicação da notícia tem de ser imediata ao seu acontecimento. Mesmo estando a funcionar ao minuto, há mais tempo para produzir as notícias e ir introduzindo dados que a complementam, de acordo com a própria evolução do acontecimento. Na TSF On-Line a periodicidade estrutura-se em função do ritmo dos acontecimentos e não do fuso horário do local onde se está a produzir para o site, tendo apenas uma pequena interrupção de cinco a seis horas durante a noite.

Acompanhando o estilo da rádio que lhe deu origem, no site a informação é sucinta e está em constante actualização. A redacção parte do princípio de que quem quer informação exaustiva não escolhe a TSF. A exploração de novos formatos de linguagem fica-se pela definição de um novo modelo de escrita, adequado à leitura através do computador. Na TSF On-Line, tal como na maioria dos sites informativos, ainda não foi encontrada a conjugação dos elementos multimédia na notícia. Texto, imagem e som complementam-se, na ideia de que o último credibiliza o primeiro, integrando-se em muitos casos, enquanto elemento interpretante.

Na sua página, a TSF oferece uma informação vasta e completa, organizada de acordo com as secções em que habitualmente a informação está compartimentada: ``Portugal'', ``Internacional'', ``Economia'', ``Desporto'', ``Vida'', ``Ciência'', ``Artes''. A TSF On-Line oferece também a possibilidade de consulta a ``Dossiers'' sobre temas da actualidade organizados pelas secções anteriormente enunciadas, ``Programas e Entrevistas'' destacando alguns aspectos da programação diária, a grelha TSF com os programas e espaços informativos organizados por dias e horas, o mapa de frequências e um arquivo de programas, com todos os da actual grelha e alguns anteriormente emitidos pela estação, permitindo consultar a programação da rádio e ouvir alguns programas e rubricas passados.

Funcionando relativamente próximo dos jornais on-line, na Internet, a TSF utiliza alguns recursos que correspondem aos critérios da nova forma de se fazer jornalismo. A distribuição das notícias pode fazer-se de forma personalizada, através de alertas por SMS para o telemóvel ou da assinatura da newsletter, enviada por correio electrónico para o endereço do assinante. Através das escolhas feitas na assinatura deste serviço, a TSF pode transformar-se num boletim pessoal, disponibilizando os títulos e leads mais importantes, numa primeira página criada à medida do utilizador.

Um aspecto negativo que encontrámos foi a ausência de links para aspectos relacionados, dentro ou fora do site da TSF, facto que poderia enriquecer e complementar a informação apresentada e estabelecer parcerias com sites estrangeiros, neste domínio da informação. Sites como o da TSF, que se incluem no grupo amplo das rádios temáticas, poderia tornar-se num portal de informação sobre os temas que desenvolvem no ar, mas para isso, seria ainda necessário reformular o esquema de negócio desenvolvido para a Internet.


1
Docente na Escola Superior de Educação da UALG; Doutoranda em Ciências da Comunicação na FSCH - UNL; Mestre em Ciências da Comunicação pela FSCH - UNL e Licenciada em Comunicação Social pelo ISCSP - UTL. Este texto foi apresentado no II Congresso Luso Brasileiro de Estudos Jornalísticos. IV Congresso Luso - Galego de Estudos Jornalísticos nos dias 17 e 18 de Março de 2005 na Universidade Fernando Pessoa, Porto.
2
Para além das consequências económicas, a concentração dos media sob uma mesma batuta deve ser vista como uma limitação da liberdade da informação pois favorece os grandes grupos económicos que habitualmente têm uma esfera de participação em outros sectores da economia, ameaça o pluralismo de opiniões e faz com que algumas correntes não sejam representadas por nenhum media.
3
Por questões de carácter legal, as rádios não devem especializar a sua informação. A lei é omissa e permite interpretações. Não há nenhum critério editorial na lei que obrigue a um tipo de informação específico, contudo, a interpretação das entidades competentes, vai no sentido de uma abordagem editorial generalista, independentemente do formato da estação.
4
O caminho é o do estreitamento da especialização, criando, por exemplo, no campo da informação, canais informativos com temáticas especializadas. Em Portugal, fala-se da criação de uma rádio de economia e outra de desporto, mas até ao momento, nada mais se sabe sobre este assunto.